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‘Ela e Eu’ fala sobre carinho em tempos de falta de amor ao próximo

O filme ‘Ela e Eu’, estreia nos cinemas nesta semana, já começa com mostra ao que veio ao contar a história de Bia (Andrea Beltrão). Ela é uma mulher que, durante o parto de sua filha, tem complicações e entra em coma. Décadas depois, quando a menina já está na faculdade e o marido (Eduardo Moscovis) se casou com outra mulher (Mariana Lima), Bia acorda. É a partir desse ponto de ruptura, de uma típica família de classe média, que se debruça o longa.

Dirigido pelo competente Gustavo Rosa de Moura (‘Canção da Volta’), o filme traz questionamentos sobre comportamento, tempo e memória, se aprofundando na importância da família – seja ela como for – e do carinho, trazendo uma dose de afeto inesperada dentro de um filme com assuntos tão sérios e complexos. É um filme que afaga, apesar de toda sua aspereza. Que mostra caminhos, apesar da dificuldade de chegar em um ponto em comum.

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“Toda complexidade da história […] cria um novelo de complicações, mas, ao mesmo tempo, de serenidade de uma coisa que é aceita, que é bonito demais”, conta Andréa Beltrão, em entrevista ao Filmelier. “Afinal, essa família, esse homem e essa mulher interpretados pelo Du Moscovis e pela Mariana Lima, não fazem o gesto terrível do abandono. Não mandaram aquela pessoa para um lugar longe, com a filha visitando uma vez por mês, depois de três em três meses, depois quando fica doente e, por fim, só quando morre. Isso que o filme trás é muito bonito, muito sensível”.

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Curiosamente, a história assinada por Gustavo Rosa de Moura e pela própria Beltrão começou de uma forma completamente diferente. O cineasta pensou em ‘Ela e Eu’ como uma comédia, ainda que com a mesma história de uma mulher que entra em coma quando está dando a luz. “Era uma história contada de outro jeito, com muita coisa do passado. Mas a história foi mudando”, conta o diretor. “O principal marco de mudança foi quando mandei o roteiro para a Andréa, que gostou do argumento central do texto inicial, mas achou que ficaria interessante de outra maneira”.

‘Ela e Eu’, no momento certo

Interessante notar como ‘Ela e Eu’ chega no momento certo. É um filme carinhoso e que traz sentimentos importantes nos tempos em que estamos vivendo. “É um filme que realmente faz carinho na gente e estamos precisando demais de carinho”, contextualiza Mariana Lima. Andréa Beltrão concorda. “Tem uma cena tão bonita que a Bia e a personagem da Mariana ficam sentadas no sofá, uma do lado da outra, em silêncio. Faz uma falta isso, de sentar do lado de alguém, sem se sentir ameaçado. Será que essa pessoa vai me dar um soco se eu disser que vou votar no Lula?”, questiona ela. “O filme traz esse lugar que te leva para uma outra forma de estar nesse momento tão bélico”.
Curiosamente, porém, o filme foi rodado há um bom tempo — em 2018, quando as eleições para presidente ainda estavam acontecendo. Parecia ser outro país, um outro Brasil, que começava a se transformar no que virou hoje. Tampouco se imaginava que o mundo passaria pela pandemia de covid-19, que deixou os sentimentos ainda mais intensos. “Quando ele é lançado agora, todo aquele contexto se transforma em outro. Mas eu sinto que de alguma maneira o filme ficou muito atual. É para pensar nas relações, nos afetos. São coisas que nós precisamos falar”.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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