11 fatos sobre ‘Elvis’: descubra o que é verdade no filme de Baz Luhrmann 11 fatos sobre ‘Elvis’: descubra o que é verdade no filme de Baz Luhrmann

11 fatos sobre ‘Elvis’: descubra o que é verdade no filme de Baz Luhrmann

A cinebiografia do Elvis mostra os momentos mais importantes da carreira do músico, mas o que é real nessa história?

Raíssa Basílio  & 

Susana Guzmán

  |  
15 de julho de 2022 12:47
- Atualizado em 17 de julho de 2022 14:07

Nesta semana, Baz Luhrmann e Austin Butler provam que Elvis não morreu. O filme sobre o Rei do Rock chegou aos cinemas do Brasil e a euforia, certamente, está fazendo a cabeça de quem for ao cinema. Como em toda biografia, a obra é baseada na vida do cantor, mas sempre existe algum exagero – ou a liberdade criativa. Além do que, é quase impossível resumir a vida de alguém a uma produção com menos três horas.

Por isso, trazemos aqui uma checagem de fatos sobre os principais assuntos abordados em ‘Elvis’. Afinal, sabemos que nem mesmo documentários são completamente fiéis e que a imparcialidade é um mito. Cada um tem o seu lado e, normalmente, somos seduzidos por nossos próprios ideais.

Mas, voltemos ao Elvis!

A infância do Rei do Rock & Roll

Elvis Presley quando criança no filme de Baz Luhrmann (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)
Elvis Presley quando criança no filme de Baz Luhrmann (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

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O futuro Rei do Rock, filho de Vernon e Gladys Presley, nasceu em 8 de janeiro de 1935, em Tupelo, Mississippi. Assim como Austin Butler, Elvis Presley era naturalmente loiro. O cantor passou a pintar as madeixas ao longo da vida, ele chegou usar até mesmo cera de sapato para criar seu icônico penteado.

Ele era apenas um garoto de uma cidade pequena, que morava em uma casa de dois cômodos com seus pais. E, de fato, Elvis tinha um irmão-gêmeo, Jesse Garon Presley, que morreu durante no parto. A infância humilde explica o vislumbre dele com toda a riqueza que pode desfrutar quando ficou famoso.

No filme, o fato do pai o cantor ter sido preso ganha bastante foco, e isso realmente mesmo. Seu pai, Vernon, trabalhou em uma série de pequenos bicos e, em 1938, foi condenado a três anos de prisão por falsificar um cheque de US$ 4 (ele passou menos de um ano atrás das grades). Esse foi um dos motivos dos Presley se mudaram de Tupelo para Memphis, em 1948.

Elvis e sua estreita relação com Beale Street

Yola Quartey dá vida à Sister Rosetta Tharpe em 'Elvis' (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)
Yola Quartey dá vida à Sister Rosetta Tharpe em ‘Elvis’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

Beale Street, no centro de Memphis, Tennessee, é o lar do blues nos Estados Unidos, com uma importância histórica. B.B King, Chuck Berry eram frequentadores na década de 1950 – e, em 1977, a rua foi oficialmente conhecida por sua relevância no mundo da música.

No presente e no passado, o local tem sido a casa dos clubes de blues onde os músicos afro-americanos deixaram sua marca. Durante o filme, vemos Elvis Presley frequentando a região para ouvir outras lendas da música como Little Richard, B.B. King e Big Mama Thornton interpretando R&B e blues.

Vale citar que esse gêneros tiveram uma grande influência em seu repertório musical do futuro Rei do Rock.

Os segredos de Tom Parker

Tom Parker, agente e empresário do Elvis, escondia um segredo: durante muitos anos, o homem que dizia ser um verdadeiro cidadão americano. Mas ele era de fato um holandês sem documentos, cujo verdadeiro nome era Andreas Cornelis Dries van Kuijk.

Nascido em 1909, ele assumiu a identidade de Tom Parker, afirmando ser da Virgínia Ocidental. Entretanto, suas verdadeiras origens só vieram a público na década de 1980, quando Elvis já tinha morrido. O suposto Tom Parker trabalhou em circos itinerantes, fez outros bicos e acabou no ramo musical, administrando a carreira de cantores country nos Estados Unidos.

Tom Hanks como Tom Parker e Austin Butler como o Rei do Rock em 'Elvis' (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)
Tom Hanks como Tom Parker e Austin Butler como o Rei do Rock em ‘Elvis’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

Em 1948, Parker conseguiu o título honorário de coronel do governador da Louisiana e daí em diante insistiu em ser referido pela nova designação. E sim, ele conseguiu tudo isso morando ilegalmente no país. Em 1955, Parker ouviu falar sobre o promissor Elvis Presley e passou a tocar a vida profissional (e pessoal) dele.

Foi quando Elvis disparou para estrelato. O primeiro single dele para a RCA, ‘Heartbreak Hotel’, lançado em 1956, tornou-se o primeiro de sua carreira a vender mais de 1 milhão de cópias; seu álbum de estreia, ‘Elvis Presley’, liderou a parada de álbuns pop da Billboard; e ele fez sua estreia na tela grande em 1956 com ‘Love Me Tender’.

Mesmo com o sucesso global, Tom Parker tinha medo de viajar para fora dos EUA – pois corria o risco de, no retorno, ser deportado ou preso. Tom Parker forçou e persuadiu Elvis Presley a não viajar para o exterior e, de fato, ele nunca fez uma turnê mundial.

O relacionamento disfuncional com Tom Parker

A relação disfuncional entre Elvis Presley e Tom Parker também é, por assim dizer, o fio condutor da produção. Parker tornou-se agente oficial do músico de 1955 e isso durou até 1977, ano em que Elvis morreu. Durante todo esse tempo, Parker foi de herói a vilão.

É um fato que Parker impulsionou a carreira do Rei do Rock nos Estados Unidos e no Canadá para um status lendário. Mas também é verdade que ele manipulou o cantor para que sua carreira musical, como no já mencionado caso dos shows no exterior.

Tom Parker assumiu o controle de vários aspectos da vida de Elvis Presley, não apenas profissionalmente e financeiramente, mas também pessoalmente. Por exemplo, de acordo com The New York Post, Tom Parker forçou o cantor a se casar com Priscilla Presley.

O amor de Priscilla Presley

Austin Butler e Olivia DeJonge em 'Elvis' (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)
Austin Butler e Olivia DeJonge em ‘Elvis’ (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

O filme de Baz Luhrmann explora parte do relacionamento de Elvis e Priscilla. O casal se conheceu quando o cantor cumpriu seu serviço militar na Alemanha, em 1959. De fato, a relação fez com que os pais de Priscilla ficassem desconfiados. Na época, ela tinha apenas 14 anos de idade, enquanto ele, 24.

No entanto, tudo isso foi colocado em segundo plano e eles acabaram se casando em 1967. Em 1968, nasceu a primeira e única filha deles, Lisa Marie Presley. E foi somente em 1973 que Priscilla decidiu separar-se de Elvis por causa de seus vícios e traições.

Elvis já era famoso quando serviu no exército

Em dezembro de 1957, Elvis era uma grande sucesso e foi nesta época que foi convocado para as forças armadas dos EUA. Depois de receber um pequeno adiamento para encerrar a produção de seu filme ‘King Creole’, o jovem de 23 anos se tornou um soldado, tudo isso sob os holofotes da mídia.

Ele participou de treinamento básico em Fort Hood, Texas, em 1958. No mesmo ano, ainda em Fort Hood, ele recebeu uma licença de emergencial para visitar a mãe, que estava com problemas de saúde. Gladys Presley faleceu aos 46 anos em 14 de agosto de 1958. No mês seguinte, Elvis partiu para uma missão em Friedberg, Alemanha Ocidental, onde serviu como motorista de jipe, segundo as informações do History Channel.

A morte de Gladys Presley

Não é segredo que Vernon e Gladys Presley, os pais do músico, foram pilares de apoio em sua vida e carreira. Todo o amor que Elvis Presley sentia por sua mãe ele expressou em ‘My Happiness’, canção escrita como um presente de aniversário para Gladys. Nela, Elvis revela um pouco do relacionamento caloroso que o músico tinha com sua mãe.

Gladys foi um pilar para a vida de Elvis - e perdê-la foi um grande peso (crédito: divulgação / Warner Bros.)
Gladys foi um pilar para a vida de Elvis – e perdê-la foi um grande peso (crédito: divulgação / Warner Bros.)

Um dos divisores de água de sua vida foi a perda de Gladys. O cantor passa uma imagem de muita inocência no filme de Baz Luhrmann e, analisando sua trajetória, isso faz muito sentido. Afinal, a influência dos pais era muito grande.

Em ‘Elvis’, vemos como Vernon ficou incapaz de cuidar do filho após a morte da esposa e acabou se tornando alheio a vida dele, enquanto Tom Parker assumia uma figura paternal – por puro interesse.

A carreira de ator de Elvis Presley

Elvis Presley não apenas irradiava talento no palco musical através de suas músicas e danças icônicas, mas também nas telas de cinema. Embora tenha participado de títulos importantes como ‘Balada Sangrenta’, ‘Estrela de Fogo’, ‘Amor a Toda Velocidade’ e ‘Prisioneiro do Rock’n’Roll’, a verdade é que Elvis aspirava se tornar um ator sério e de renome. Segundo o Los Angeles Times, Presley queria seguir uma carreira no estilo de James Dean e Marlon Brando.

No entanto, ele nunca conseguiu concretizar esse sonho. Novamente, temos Tom Parker no meio do caminho. O empresário também se encarregou de administrar a carreira do artista em Hollywood, apostando em filmes com as mesmas fórmulas e garantindo apenas o sucesso financeiro.

A ligação entre Elvis e Martin Luther King

‘Elvis NBC TV Special’ ou ’68 Comeback Special’ foi um especial de televisão estrelado por Elvis Presley. A ideia do evento televisivo veio de Tom Parker, que estava convencido de que este programa tinha de ser um espetáculo e tanto para a época natalina – onde Elvis tinha de cantar canções de Natal. Algo que o músico não queria fazer.

Elvis Presley ignorou os planos de Tom Parker e decidiu se reunir com os produtores Bob Finkel e Steve Binder para recriarem o programa. Embora Elvis Presley nunca tenha se manifestado por nenhuma posição política em particular, o músico foi profundamente afetado pelo assassinato de Martin Luther King Jr. em abril de 1968.

Para encerrar aquele show, Elvis Presley, de fato, cantou ‘If I Can a Dream’, em homenagem ao ativista. Essa cena é um momento muito bonito do filme de Luhrmann.

Os vícios do cantor

‘Elvis’ também aborda uma das fases mais cruciais do Rei do Rock & Roll: o vício em drogas prescritas. Embora não tenha um grande aprofundamento nesse aspecto, o diretor Baz Luhrmann mostra como Elvis passou a se consultar com um médico conhecido como Dr. Nick. Ele prescrevia uma quantidade exagerada de drogas para diminuir os efeitos da fadiga extrema, insônia e outros problemas.

O envolvimento de Dr. Nick com o cantor parece diretamente ligado ao empresário Tom Parker, já que o objetivo dele era se aproveitar dos talentos do Elvis o máximo possível. Com o auxílio de medicamentos, Presley estava sempre pronto para se apresentar no palco.

Inclusive, a produção só pincela os problemas agressivos do cantor. Priscilla Presley e Ginger Alden, ex-namorada dele, chegaram a falar sobre seu temperamento explosivo. No livro ‘Elvis & Me’, Priscilla chegou a contar que foi vítima de violência doméstica.

Ginger, última parceira do Elvis, também relatou episódios complicados na publicação ‘Elvis and Ginger’. Uma vez, ela acordou com barulho de tiro. “Me levantei e vi Elvis parado ao pé da cama, segurando uma pistola Magnum 57 na mão”. Inclusive, há uma cena de ‘Elvis’ que mostra esse acontecimento.

Elvis morreu do quê?

Esses já mencionados abusos, além do descaso com a própria saúde em outros aspectos (incluindo aí a obesidade e o colesterol alto), foram fatos que influenciaram diretamente na morte de Elvis, em 1977. A causa oficial foi um infarto, mas foram descobertas 14 substâncias diferentes no organismo do Rei do Rock. Ele tinha apenas 42 anos.

Esse trágico acontecimento não é retratado no filme.

Em 1979, o historiador forense Michael Baden concluiu que a combinação de depressores do sistema nervoso, junto com um coração aumentado pela obesidade e pelas medicações, resultaram na morte acidental de Elvis. Já em 2014, um estudo de DNA revelou que o músico possuía pré-disposição à obesidade e cardiopatias.

Faixa bônus!

Os filmes biográficos muitas vezes projetam momentos muito íntimos de seus protagonistas, principalmente quando estão passando por um ponto de ruptura, apesar de toda a fama e riqueza ao seu redor.

‘Elvis’ não é exceção: o longa trata desse momento em que o músico começou a se sentir obsoleto aos quase 40 anos de idade. O mundo estava mudando e os gostos do público também – esse cenário gerava uma grande incerteza e medo dele ser esquecido por seus fãs.

Hoje em dia, temos plena noção de que Elvis será lembrado para sempre, mesmo com polêmicas que envolvem sua vida.

Caso você queira conferir na telona a biografia do músico, ‘Elvis’ está em cartaz nos cinemas brasileiros. Clicando aqui você encontra mais informações sobre a produção e como comprar ingressos.

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12 Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

28 Susana Guzmán

Susana Guzmán é jornalista especializada em cinema e entretenimento. Escreveu e foi editora de publicações como Cine PREMIERE, Cultura Colectiva e Deforma. A trajetória de redação criativa continua agora no Filmelier.