“Queria explorar o conceito de livre arbítrio”, diz diretor de ‘Efeito Flashback’ “Queria explorar o conceito de livre arbítrio”, diz diretor de ‘Efeito Flashback’

“Queria explorar o conceito de livre arbítrio”, diz diretor de ‘Efeito Flashback’

Longa-metragem demorou cerca de dez anos entre a primeira versão do roteiro e o lançamento

Matheus Mans   |  
8 de novembro de 2021 16:36
- Atualizado em 9 de novembro de 2021 16:57

‘Efeito Flashback’, filme que chegou ao streaming na última quarta-feira, 3, começa de maneira quase convencional. Dylan O’Brien (‘Maze Runner’) interpreta Fred, um rapaz que está em um momento de alta tensão emocional. De um lado, a vida está seguindo um bom caminho: é casado e tem emprego estável. No entanto, do outro lado, sua mãe está morrendo. 

Em seguida, começamos a acompanhar Fred em flashbacks sobre seu passado. Quase todos eles envolvem a figura de uma boca, que ressurge de maneira quase inconsciente em seus pensamentos, e também a relação que teve com outros três colegas na escola — especialmente Cindy (Maika Monroe), uma garota que intensificou o uso de drogas por Fred.

Dylan O’Brien interpreta Frank, o rapaz que fica perdido em devaneios, flashbacks e sonhos (Crédito: Divulgação/Synapse)

A partir daí, o filme fica insano. Os flashbacks não são mais tão óbvios. Afinal, mais do que relembrar coisas que fez no passado, o protagonista pensa o que poderia ter feito e não fez. Como seria a vida dele se tivesse mantido o relacionamento com Cindy? E como seria sua vida se as drogas ainda estivessem presentes no dia a dia? Ele seria feliz, seria casado?

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“Escrevi esse roteiro há muito tempo, há dez anos”, diz o diretor Christopher McBride em entrevista ao Filmelier. “Eu queria explorar o conceito de livre arbítrio. Por que fazemos as escolhas que fazemos? Eu queria explorar esse tópico e não tinha nenhuma história. Ao mesmo tempo, tinha a ideia de explorar o tempo e de que o tempo é uma ilusão. Essas duas coisas meio que se encontraram e a história tomou forma”.

A ousadia de ‘Efeito Flashback’

Fica claro, assim, que o filme é daqueles que se arriscam em ousadias narrativas e visuais sem questão de ser didático ou se preocupar em atingir um maior número de pessoas por meio de uma trama simples — ou, até mesmo, simplista. No final, é até mesmo difícil descrever o que é flashback. Thriller? Terror? Mistura de coming of age com ‘Donnie Darko’?

“Essa é uma comparação muito justa”, diz o cineasta. “Quando eu dei o roteiro para as pessoas lerem, produtores e as pessoas diziam que a narrativa não se encaixava em nenhuma caixa. Não é exatamente um thriller, não é terror, não é ‘coming of age’. É algo que está bem no meio disso tudo. É um filme deliberadamente estranho para não se encaixar”.

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Além disso, foi feito um trabalho delicado de edição, comandada pelas mãos firmes de Matt Lyon (‘Clara: Um Amor Além do Universo’). “Foi [um trabalho] difícil”, diz Christopher. “É o tipo de história que você pode editar de um milhão de vezes. Primeiramente, parecia uma bênção, algo muito divertido. Mas, havia tantas opções que a gente até acabava se perdendo”.

Dificuldades

Sendo um filme tão pouco usual, Christopher McBride não esconde que teve dificuldades em lançar o longa-metragem. Primeiramente, observa-se o longo tempo entre sua primeira produção, o tenso ‘A Conspiração’, para este que chega agora ao Brasil: são oito anos de diferença. Ao Filmelier, o cineasta não nega que não foi uma vontade sua ou uma pausa na carreira.

“Já te digo, não foi minha escolha”, desabafa “O que aconteceu é que, depois de ‘A Conspiração’, muita gente em Hollywood ficou interessada no meu trabalho e foram atrás do roteiro ideal. Mas, você sabe, é muito difícil encontrar a combinação certa. Nos últimos anos, tive outros filmes que estavam prontos para gravar e, então, acontecia algo no último segundo. Isso aconteceu três ou quatro vezes. É o inferno do desenvolvimento”.

Por fim, ele se incomoda como, no final das contas, ainda tentam colocar ‘Efeito Flashback’ em caixas. Como? “O filme tinha outro título”, explica ele, se referindo a ‘The Education of Fredrick Fitzell’. “Mas alguns produtores falaram que era melhor escolher ‘Flashback’ já que F está antes no alfabeto e é fácil de chegar ao filme no catálogo de algum serviço de streaming”.

Apesar disso, e do tempo que demorou entre um longa-metragem e outro, McBride não desanima — e quer, de qualquer maneira, continuar a entregar filmes que saem do óbvio. “Eu tenho algumas coisas em desenvolvimento novamente. Espero não ficar preso na ‘lama’ por mais cinco anos”, diz. “Estou trabalhando agora em um faroeste no Ártico”.

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