George Miller: Entre ‘Mad Max’ e a história do gênio na lâmpada George Miller: Entre ‘Mad Max’ e a história do gênio na lâmpada

George Miller: Entre ‘Mad Max’ e a história do gênio na lâmpada

Nascido em 1945, Miller apresenta uma cinematografia complexa, passeando por diferentes gêneros e tipos de histórias

Matheus Mans   |  
2 de setembro de 2022 15:39

Ainda que nem sempre lembrado e extremamente subestimado, George Miller é um dos maiores cineastas vivos e em atividade. Não há dúvidas. Afinal, ainda que tenha uma carreira polvilhada por diferentes caminhos, o australiano passeia por diferentes gêneros com tranquilidade, sempre levando inventividade por onde passa. É um diretor que deixa sua marca, mas que, acima de tudo, conta boas histórias desde o deserto australiano até um rancho interiorano.

Essa marca ganha um novo capítulo com a estreia de ‘Era Uma Vez Um Gênio’ nos cinemas. Miller retorna para trás das câmeras depois do sucesso retumbante de ‘Mad Max: Estrada da Fúria‘ para falar sobre uma história aparentemente menor: as conversas entre uma estudiosa solitária (Tilda Swinton) e um gênio da lâmpada (Idris Elba). É uma história inusitada, que apenas comprova como Miller é um criador ousado, original e com ideias frescas.

Nasce George Miller

Isso tudo começou em 3 de março de 1945. Filho de pais de etnia grega e nascido na cidade australiana de Brisbane, Miller é fruto da busca do pai Dimitri Miliotis em busca de uma vida melhor em outro continente. Com mais três irmãos, sendo um deles gêmeo, George cresceu bem adaptado à rotina australiana. Na infância, passou por escolas, teve notas razoáveis e chegou, com certa tranquilidade, ao curso de medicina na universidade New South Wales.

George Miller nos bastidores de ‘Mad Max: Estrada da Fúria’ ao lado de Tom Hardy (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

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Isso mesmo: antes de ser cineasta, Miller foi médico. Se formou, cumpriu residência e foi trabalhar em um hospital de Sydney como fisioterapeuta. Só que logo percebeu que não era exatamente o que queria. Foi aí que, ao lado do irmão Chris, George fez dois curtas em 1971: ‘Violence in the Cinema, Part 1’ e ‘St. Vincent’s Revue Film’. Acabou tendo boas reações das pessoas ao seu redor e, empolgado, George continuou a escrever suas ideias e a pensar em roteiros.

Enquanto isso, ele também decidiu ingressar em um curso de especialização em cinema na Universidade de Melbourne. Foi lá que ele conheceu Byron Kennedy. Rapidamente se tornaram amigos e, quase instantaneamente, começaram a produzir curtas experimentais. Em 1972, então, nasce a Miller Productions que, ao lado de Kennedy, tinha o objetivo de produzir novas ideias, dando continuidade ao que estavam produzindo. É aí que vem ‘Mad Max‘.

O seu grande sucesso

Lançado em 1979, apenas oito anos depois de Miller largar a medicina e enveredar pelo cinema, ‘Max Max’ conta a história de um homem (Mel Gibson) em um mundo pós-apocalíptico. Mesmo que despretensiosamente, o filme acabou fazendo sucesso dentro os fãs de ficção científica, que começavam a ver o florescer mais contundente do gênero com ‘Star Wars: Uma Nova Esperança‘ (1977), ‘Alien‘ (1979) e ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau‘ (1977).

Nas bilheterias, foi mágica: custou apenas US$ 400 mil, mas faturou US$ 100 milhões. Sucesso absoluto. A até então pequena Miller Productions ganha escala e transforma George Miller em um novo nome em ascensão em Hollywood — mesmo estando na longínqua Austrália. Mel Gibson também viu sua carreira decolar com ‘Mad Max’, recebendo, assim, o convite de partir para os Estados Unidos e embarcar em projetos que não encontraria em sua terra natal.

Em ‘Mad Max’, em 1979, George Miller usou e abusou de efeitos práticos e filmagens insanas (Crédito: Divulgação/Warner Bros)

Com isso, Miller se dedicou a fazer uma franquia sobre Mad Max. Veio primeiro com ‘Mad Max 2: A Caçada Continua‘, em 1981, e depois ‘Mad Max 3: Além da Cúpula do Trovão‘, em 1985. Ainda que os outros dois filmes não tenham repetido o sucesso na mesma escala, caíram no gosto da crítica e foram largamente aprovados. Foi a consolidação de vez de George Miller, que mostrou consistência. No entanto, em 1983, perdeu Kennedy precocemente, aos 33 anos.

Depois de ‘Mad Max’

Após o sucesso de ‘Mad Max’, é natural que venha aquela dúvida: o que vem por aí? O que George Miller vai entregar dessa vez? É aí que ele começou a mostrar como é um cineasta multifacetado. Mesmo sem o parceiro de trabalho ao seu lado, dirige a comédia ‘As Bruxas de Eastwick’, em 1987, com um elenco completamente inusitado: Jack Nicholson, Cher e Susan Sarandon. Foi novamente um sucesso, com duas indicações ao Oscar (Som e Música). Venceu um BAFTA.

Com isso, acabou fazendo uma pausa de cinco anos até voltar com outro filme que seguia novamente com um caminho inusitado. ‘O Óleo de Lorenzo’, de 1992, é uma paulada: o longa-metragem, que é sucesso nas aulas de biologia até hoje, fala sobre um menino que desenvolve uma doença tão rara que ninguém está trabalhando em uma cura. Com isso, seu pai (Nick Nolte) decide aprender tudo sobre essa rara doença. De novo, duas indicações ao Oscar.

Cena do simpático ‘Babe, o Porquinho Atrapalhado na Cidade’, filme de George Miller (Crédito: Divulgação/Universal Pictures)

É aí que, em 1998, Miller dá uma nova guinada em sua carreira. Deixa a ficção científica para trás, assim como o drama familiar e a comédia adulta, para explorar algo que parecia ser domínio apenas da Disney: o cinema infantil. Começou com o simpático ‘Babe, o Porquinho Atrapalhado na Cidade’, que trazia tecnologias não vistas até então. Surpreendentemente, o filme também recebeu uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Canção Original.

O sucesso foi a deixa para Miller fazer outras duas produções infantis (‘Happy Feet: O Pinguim’ e ‘Happy Feet 2: O Pinguim’). Desta vez, animações sobre a história de um jovem e simpático pinguim em meio ao seu grande bando.

Nova fase de George Miller

Desde 2015, George Miller parece ter voltado de vez ao panteão dos grandes diretores após essa fase de cinema infantil. ‘Mad Max: Estrada da Fúria’ revitalizou a franquia com Tom Hardy assumindo o “manto” do personagem-título. Com efeitos práticos impressionantes e uma trama de tirar o fôlego, o longa-metragem ainda levou seis estatuetas do Oscar para casa (Design de Produção, Edição de Som, Mixagem de Som, Maquiagem e Cabelo, Figurino e Edição).

Agora, enquanto produz e prepara novos projetos da franquia ‘Mad Max’, como um filme da personagem Furiosa que está sendo gravado, Miller lança um dos filmes mais diferentes de sua carreira — e isso não é pouca coisa. ‘Era Uma Vez Um Gênio’ surpreende com a história de uma estudiosa solitária (Tilda Swinton) que encontra um gênio da lâmpada (Idris Elba). Um filme ousado, original, criativo. Algo que só George Miller, com sua história, poderia fazer.

‘Era Uma Vez Um Gênio’ estreia nesta semana nos cinemas. Se você quiser saber mais sobre o filme ou encontrar o link para comprar ingressos, clique aqui.

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