Ômicron pode “pausar” calendário de eventos e lançamentos de Hollywood Ômicron pode “pausar” calendário de eventos e lançamentos de Hollywood

Ômicron pode “pausar” calendário de eventos e lançamentos de Hollywood

Premiações em Hollywood começam a ir para o digital ou a cancelar datas; estreias de novos filmes, enquanto isso, permanecem na corda bamba

Matheus Mans   |  
12 de janeiro de 2022 13:21
- Atualizado em 13 de janeiro de 2022 10:16

Se é para ficarmos no mundo do cinema, não há comparação melhor: estamos vivendo dentro da história de ‘Feitiço do Tempo‘. Quase dois anos após o início da pandemia de covid-19, o vírus volta a ameaçar o calendário de lançamentos, festivais e eventos de Hollywood e na Europa, assim como aconteceu no início de 2020. Adiamentos e a ida para o mundo digital voltam a pipocar no noticiário, indicando um futuro incerto do setor nos próximos meses.

Em Hollywood, já são várias as premiações e festivais que precisaram mudar de marcha. Sundance cancelou toda a programação presencial de 2022. Agora, todo o festival acontecerá com transmissão digital. É a mesma coisa com Rotterdam, na Holanda, que também deixou para trás os planos de um festival presencial e foi para o online. Já Critics Choice Awards, Governors Awards, AFI Awards e o Palm Springs International Film Festival foram adiados.

Premiações em Hollywood entram em xeque com Ômicron
Premiações importantes do cinema, como o Oscar, podem sofrer alterações no calendário no começo de 2022 (Crédito: ABC/Adam Taylor)

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Além disso, lançamentos de filmes também foram atrapalhados. ‘Pânico’ manteve a data de estreia para janeiro, mas não teve a noite de gala em Hollywood a Paramount Pictures cancelou o evento em cima da hora. Já a Disney desistiu de colocar a animação ‘Red: Crescer é uma Fera’ nos cinemas. Agora, o longa-metragem da Pixar, que volta a ser atrapalhada pela covid-19 após ‘Luca‘ e ‘Soul‘, será uma estreia exclusiva do Disney+, sem qualquer custo extra.

Calendário de Hollywood

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Com esse cenário armado, a principal preocupação é o que fazer para que o calendário ainda funcione mesmo com tantos adiamentos. O Oscar, principal premiação do cinema americano, mantém a sua data de realização para 27 de março. Organizadores de premiações, então, precisam encontrar uma data antes do prêmio da Academia para que não fiquem à sombra ou seja, contando a partir do começo fevereiro, são apenas sete finais de semana disponíveis.

Vale lembrar, ainda, que há bem mais prêmios além desses que já foram adiados e o Oscar. Nas próximas semanas, o mundo do cinema terá DGA, WGA, SAG e Indie Spirit Awards. Será que há data e espaço para tantos prêmios com os cancelamentos acontecendo e o Oscar fixo na mesma data? Ao Hollywood Reporter, Judi Barker, proprietária de um espaço que irá sediar o SAG, vai no ponto: “é uma coisa diária agora. Ninguém realmente sabe onde isso vai dar”.

Por fim, enquanto o calendário de janeiro é varrido para baixo do tapete, continuam as dúvidas sobre fevereiro. Será que a Ômicron irá desacelerar até lá? Não saberemos exatamente se fevereiro será o que achamos que será até provavelmente a segunda ou terceira semana de janeiro”, contextualiza o executivo Jon Goss, diretor de branding da NeueHouse, casa de eventos na região, ao Hollywood Reporter. “Então vai ser uma correria de última hora”.

Lançamentos vs covid-19

Com as recentes movimentações de ‘Red: Crescer é uma Fera’, por parte da Disney, abre-se ainda mais especulação sobre o que vai acontecer com o que mais importa para o grande público: os lançamentos de grandes filmes. Entre janeiro e março, alguns grandes filmes são esperados: ‘Morte no Nilo’, ‘Uncharted: Fora do Mapa’, ‘The Batman’, ‘Cidade Perdida’ e ‘Morbius’. Se esses filmes forem adiados, novamente veremos uma avalanche no calendário.

‘Morte no Nilo’, por exemplo, está se arrastando desde 2020 primeiramente enfrentou adiamentos causados pela pandemia de covid-19, depois passou a enfrentar um elenco problemático para divulgação com Armie Hammer, com acusações de abuso, e Letitia Wright, que é contra as vacinas. É um filme mais fácil de empurrar para o streaming. Mas o mesmo não acontece com ‘The Batman’ ou ‘Morbius’, por exemplo, que são mandatários de passar nos cinemas.

Armie Hammer, acusado de abuso e de conduta imprópria por uma ex-amante, se tornou uma pedra no sapato de ‘Morte no Nilo’ (Crédito: Divulgação/Disney)

Se essas produções forem adiadas, mais efeito cascata. E aí surgem dúvidas: como a Paramount Pictures, por exemplo, vai lidar com ‘Top Gun: Maverick’ e o novo ‘Missão: Impossível’ após tantos problemas causados pela pandemia? Será que a Warner Bros. vai manter a janela de 45 dias entre cinema e streaming ou voltará a apostar em uma redução? Caso haja mais impactos da Ômicron em Hollywood, se prepare: teremos mercado agitado novamente em 2022.

Além de Hollywood

No Brasil, por enquanto, os lançamentos de cinema estão em uma movimentação silenciosa. Apesar de boatos, ‘Pânico’ fincou o pé e será lançado amanhã, em 13 de janeiro. No entanto, a animação ‘Belle’ foi adiada para o final do mês, enquanto ‘Spencer’ ganhou uma semana de adiantamento. Nos bastidores, fontes ligadas ao mercado temem que as salas de cinema voltem a ser fechadas ou tenham restrições mais pesadas a partir de março, logo após o Carnaval.

A Ômicron, enquanto isso, vai mostrando sua força de contágio. De acordo com dados oficiais, foram 33 mil novos casos apenas em 10 de janeiro. Apesar de estar bem abaixo do pico da pandemia em 2021, impressiona pelo aumento rápido em 19 de dezembro de 2021, foram menos de 1,5 mil casos no dia.

Vale lembrar, também, que há um represamento nos dados e que governadores, como João Dória em São Paulo, indicou a volta de restrições no estado. Nesta quarta, 12, Dória já anunciou uma recomendação para que os municípios do estado reduzam para 70% a capacidade dos eventos que geram aglomeração, como festas e eventos musicais e esportivos.

Há, assim, um tom de dúvida no ar. Ainda que com menos intensidade, voltou aquela dúvida sobre o que irá acontecer com o setor cultural amanhã, na próxima semana, no próximo mês. Nada mais é certo e tudo flutua no ar. Ficamos, então, com a sugestão de Judi Barker ao Hollywood Reporter de que esta é apenas uma pausa e não um desligamento completo do setor: “ainda esperamos que as principais coisas que agendamos aconteçam em fevereiro e além”.

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