‘Mães Paralelas’: O melodrama maternal com contexto político de Almodóvar ‘Mães Paralelas’: O melodrama maternal com contexto político de Almodóvar

‘Mães Paralelas’: O melodrama maternal com contexto político de Almodóvar

Indicado ao Oscar em duas categorias, o mais novo filme de Pedro Almodóvar acaba de estrear na Netflix

18 de fevereiro de 2022 19:04
- Atualizado em 21 de fevereiro de 2022 19:13

Pedro Almodóvar é praticamente um estilo de cinema em si mesmo. Todos os filmes do cineasta espanhol tem uma assinatura muito específica e conseguem se inserir muito bem na cronologia do realizador – que navega entre o humor e o melodrama. Estilo esse que acaba de ganhar mais um exemplar digno de nota.

Nesta sexta-feira, 18, temos na Netflix o lançamento de ‘Mães Paralelas’ (‘Madres Paralelas’), o mais recente longa-metragem de Almodóvar – e que está concorrendo ao Oscar 2022 em duas categorias: Melhor Atriz, com Penélope Cruz; e Trilha Sonora, com Alberto Iglesias.

O trabalho carrega um tom mais delicado – mesmo que não tenha o peso biográfico de ‘Dor e Glória’, de 2019. É notável que o diretor está seguindo um caminho diferente, algo entre a renovação e exploração de outros rumos em seu cinema.

Milena Smit e Penélope Cruz em ‘Mães Paralelas’ (Crédito: Divulgação/Netflix)

🎞  Quer saber as estreias do streaming e dos cinemas? Clique aqui e confira os novos filmes para assistir!

Publicidade

Seguindo uma temática recorrente na filmografia de Almodóvar, o filme mostra a relação de duas mulheres, Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit), que acabam se conectando ao dar à luz no mesmo dia. A partir disso, elas vivem uma história de mães paralelas, tanto pela forma como a narrativa é construída quanto pela dinâmica da vida das duas.

O filme tem um plano de fundo histórico sobre Guerra Civil Espanhola e a ditadura de Francisco Franco, o que não é inédito na carreira de Almodóvar. O realizador espanhol começou sua carreira navegando por temática políticas, seu primeiro filme ‘Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão’, lançado em 1980, mostra uma Espanha livre das amarras franquista, mas com muitas sequelas.

Nas produções seguintes, sexualidade, dogmas cristãos e problemas socioeconômicos ganharam mais espaço. Sempre usando de temas marginalizados, Almodóvar nunca deixou a identidade cultural espanhola de lado em suas narrativas. Com ‘Mães Paralelas’, ele volta à atenção para as cicatrizes de sua terra natal – ao trazer o choque de gerações de suas protagonistas.

Durante a Guerra Civil e o franquismo, diversos homens foram assassinados e até hoje os corpos seguem “desaparecidos”. A personagem de Janis perdeu parentes durante esse período, e no filme, ela conta com a ajuda do arqueólogo Arturo (Israel Elejalde), para encabeçar uma escavação em busca de uma vala, onde suspeita que esteja o corpo de sua bisavó e de outros habitantes da cidade em que cresceu.

Resgate ao passado da Espanha

De acordo com a Reuters, cerca de 500 mil combatentes e civis morreram na guerra, tanto do lado nacionalista como republicano. E milhares de cidadãos foram vítimas de uma caça ao comunista, isso durante os 40 anos do franquismo.

Enquanto Janis é o resgate do passado espanhol, Ana é um reflexo dos jovens, que não tem toda essa bagagem história e nem grandes preocupações relacionadas a isso. A conexão que Almodóvar faz entre as duas é muito bem elaborada, mostrando que sempre temos algo para passar a diante e também para aprender.

De fato, esse contexto não é tão aprofundado, é mais uma pincelada que, de certa forma, dá um rumo aos acontecimentos da narrativa. Até porque se o foco fosse a história da Espanha, o indicado seria assistir a um documentário da National Geographic e não a um filme de Pedro Almodóvar.

Milena Smit e Penélope Cruz em ‘Mães Paralelas’ (Crédito: Divulgação/Netflix)

Esse âmbito serve para construir o caso de Janis com o arqueólogo Arturo. Ela, que tem uns 40 anos na trama, engravida dele e decidi criar a criança sozinha. O mesmo acontece com Ana, que ainda é uma adolescente, e agora precisa cuidar de um bebê com o auxílio da mãe, que sempre foi ausente em sua vida.

A relação de Janis e Ana é bem complexa, começa como um laço meio que maternal e ao longo do filme, ganha outras camadas. Sabemos que desenvolver personagens femininas é o forte de Almodóvar e, novamente, ele faz um belíssimo trabalho com suas protagonistas.

Não só ele: Penélope Cruz (indicada ao Oscar por sua atuação) e Milena Smit também estão ótimas em seus papéis. Inclusive, ‘Mães Paralelas’ é o segundo longa-metragem da carreira de Smit. Já Cruz retoma a parceria de sucesso com o cineasta espanhol, juntos eles também colaboraram em ‘Dor e Glória’ (2019), ‘Abraços Partidos’ (2009), ‘Volver’ (2006) e outros.

Se a história te despertou interesse, ‘Mães Paralelas’ está disponível na Netflix. Clique aqui para encontrar o link para assistir online.

Siga o Filmelier no FacebookTwitterInstagram e TikTok.