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‘Matrix: Resurrections’: A história de amor metalinguística de Lana Wachowski
Novo longa-metragem brinca com o conceito da Matrix e dá continuidade ao “final da saga” apresentado em ‘Matrix: Revolution’
‘Matrix’ chegou aos cinemas em 1999 e foi revolucionário. Não existe outra palavra para definir o efeito do filme, já que, mesmo hoje, quando revemos, parece algo atual. O mundo ainda não estava preparado para a mente brilhante das irmãs Wachowski, Lilly e Lana.
Muitos anos depois, temos o lançamento de ‘Matrix: Resurrections’, dando continuidade a saga que se encerrou em ‘Matrix: Revolution’, em 2003 — este último, um dos longas mais fracos, porém é consistente e consegue finalizar a franquia de uma forma satisfatória.
As diretoras, literalmente, revolucionaram o que a gente entendia como ficção científica nos anos 1990. O simbolismo do arquétipo do herói mexe com o imaginário, assim como o amor e a vontade de romper o sistema. E, no final das alegorias, o escolhido é apenas um mensageiro e quem resolve tudo são as pessoas marginalizadas – as ditas minorias, que, na verdade, sabemos que de minoria não tem nada.
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Após duas décadas, retornamos à Matrix e com apenas uma Wachowski no comando, Lana. A cineasta trouxe uma história dentro da história, trabalhando metalinguagem e induzindo o público ao riso. Algo novo aos fãs da franquia. Um dos diálogos do filme é sobre a Warner Bros. tocar a continuação com ou sem o envolvimento dos criadores da obra. A ousadia que nos encantou em 1999 está presente, de certa forma, mas superficial pois não é desenvolvida. Se antes o objetivo de Neo (Keanu Reeves) era a revolução, agora é o amor e apenas isso. E não tem o menor problema amadurecermos e mudarmos nossas escolhas, mas isso não condiz com o rumo que a história estava levando. Talvez um dos maiores problemas em continuar a saga é que a fórmula que mudou a história do cinema foi tão reproduzida em outras produções que chega a ser difícil inovar. ‘Matrix: Resurrections’ se torna um produto genérico dentro de seu próprio universo. As cenas de ação são incríveis, mas não surtem o mesmo impacto pois estamos saturados de filmes deste gênero. O próprio Keanu Reeves que o diga, pois também deu início a outra era franquia de sucesso que se tornou referência, ‘John Wick’.
O longa teria se sustentado melhor se, desde o começo, se apresentasse como uma história de amor ou mantivesse a construção metalinguística brilhante. De certa forma, foi ótimo rever Keanu Reeves retornando como uma versão 2.0 do Neo e Carrie-Anne Moss como Trinity. As novas adesões do elenco são pontuais. Neil Patrick Harris (‘Garota Ideal’) e Jonathan Groff (‘Hamilton’) deixam o espectador querendo saber mais. Assim como Jessica Henwick (‘Amor e Monstros’) como Bugs e Yahya Abdul-Mateen II (‘A Lenda de Candyman’) como o upgrade do Morpheus. Lana Wachowski nos trouxe de volta ao seu mundo e, dentro disso, faz questionamentos sobre ele e mostra que nada é perfeito. Não seria essa a síntese dos seres humanos? ‘Matrix Resurrections’ nada mais é do que uma história de amor – à ficção científica? Ao cinema? À Trinity e Neo? Possivelmente a resposta é a última, mas, no fundo a gente quer acreditar que vai além disso. Por mais que seja impossível não comparar o filme atual com seus antecessores, o que fez mais falta foi um foco, ou talvez um propósito. A motivação dos personagens não consegue ser forte o suficiente para sustentar uma trama que um dia foi tão revolucionária. É bem provável que ‘Matrix: Resurrections’ ganhe uma continuação. O serviço de fã foi feito e, certamente, vai agradar muita gente. Mas nem todo mundo é igual, então há bastante espaço também para o desagrado. O longa está em cartaz nos cinemas brasileiros, para saber mais informações clique aqui.