‘Napo’, curta sobre relação entre neto e avô, indica caminho da animação brasileira ‘Napo’, curta sobre relação entre neto e avô, indica caminho da animação brasileira

‘Napo’, curta sobre relação entre neto e avô, indica caminho da animação brasileira

Produção disponível de graça no YouTube fala sobre garotinho buscando meios de se comunicar com avô

Matheus Mans   |  
28 de outubro de 2021 15:25
- Atualizado em 29 de outubro de 2021 21:48

O curta-metragem brasileiro de animação ‘Napo’, que chega gratuitamente ao YouTube nesta quinta-feira, 28, começa da maneira mais delicada possível. Um garotinho, ali na casa dos 10 anos ou nem isso, parece não se acertar com o avô. Não conseguem se comunicar em casa.

Afinal, o menino quer assistir a desenhos animados na televisão, o avô quer ver algo que não interessa — um telejornal, uma novela? Além disso, há algo que vai ficando claro aos poucos: o avô está sofrendo de Mal de Alzheimer. Tem dificuldade em se relacionar, em conversar, em relembrar.

É com esse desafio em mãos que o neto, do alto de sua inocência, encontra uma maneira de se comunicar com o avô: por meio dos desenhos. Em momentos inspirados do curta-metragem, o traço se torna a palavra, a cor se torna o sentimento. E os dois vão construindo a relação.

Cena de Napo
Cena de ‘Napo’, curta-metragem brasileiro sobre a relação de avô e neto (Crédito: Divulgação/Miralumo)

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“Foi numa conversa com um amigo que surgiu a ideia de desenvolver uma história que falasse sobre Alzheimer. Depois, mandamos a ideia para um edital do Paraná. Tudo muito despretensioso”, conta Gustavo Ribeiro, cineasta por trás do curta. “Fizemos a primeira versão em apenas 20 dias”.

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No entanto, apesar da rapidez, o filme foi muito bem.  Circulou em mais de 60 festivais mundo afora e conseguiu sair com um troféu em 20 deles.

“Para gente, o equilíbrio nessa história estava com a nossa própria relação com a memória”, afirma o animador. “A gente sempre voltava pra isso. O desenvolvimento do filme permitiu que a gente tivesse uma relação muito pessoal. A gente se voltava para nossas memórias, para os nossos avós”. 

‘Napo’ e a escola

Depois, ao contrário de todas as perspectivas traçadas por Gustavo, a ideia foi aprovada e passou pelo edital. “Na hora, pensamos: e agora?”, conta o diretor, bem humorado. “A gente tinha colocado no edital que faríamos um filme de animação em 3D. Como fazer isso só com duas, três pessoas?”.

A partir dessa necessidade nascida há seis anos, quando o resultado do edital foi aprovado, Gustavo foi além. Precisando de profissionais para trabalhar no desenvolvimento de ‘Napo’, Gustavo e a sócia, Thais Peixe, tiveram a ideia de abrir uma escola de animação em Curitiba, a Revolution.

A ideia, assim, seria formar alguns profissionais para que ‘Napo’ saísse do papel — em contrapartida, claro, o cenário audiovisual brasileiro ganharia pessoas capacitadas na arte da animação. “A gente achou que seria uma salinha. Mas a gente abriu a escola e tivemos uma recepção gigante”, diz.

Diretor Gustavo Ribeiro, nome por trás do curta-metragem ‘Napo’ (Crédito: Divulgação/Miralumo)

Logo nos primeiros meses, Gustavo e Thais começaram a receber pessoas de outros estados para fazer cursos na Revolution. “Em seis meses, a gente foi de uma salinha de 60 metros quadrados para uma casa de 600 metros quadrados”, conta. “Depois de cinco anos, agora, já foram cinco mil alunos”.

‘Napo’, dessa forma, foi o estopim de uma revolução na vida de Gustavo e Thais. O filme precisou ficar pausado por um tempo, já que a vida como empresário falou mais alto. Depois, quando as coisas acalmaram, eles desenvolveram o curta-metragem com alunos contratados por Gustavo. 

Animação brasileira

Hoje, com todas essas mudanças que ocorreram nos últimos seis anos, Gustavo consegue ter uma visão ampla do que acontece com a animação brasileira. Afinal, ele não só produz animação, como também está na outra ponta, criando uma nova geração de profissionais do audiovisual no Brasil.

“A gente vive na melhor época para fazer animação na História. A pandemia fez com que a animação explodisse, já que era a única coisa que dava pra fazer. Tava todo mundo em casa, né?”, comenta Gustavo. “Virou algo muito grande. Estamos, no Brasil, vendo um caminho interessante”.

Além disso, já é fácil destacar nomes que trabalham com animação. É o caso de Alê Abreu, de ‘O Menino e o Mundo’. Ou algumas produtoras que ganham escala, como a Bits Produções, responsável pelo belíssimo ‘Tito e os Pássaros’, ou o Combo Studio, de ‘America: The Motion Picture’.

Gustavo só destaca uma dificuldade que persiste: a distribuição dessas produções, principalmente de um curta-metragem — tão importante para o ecossistema de animação. “Qual distribuidora que tem interesse em curta-metragem?”, diz. “Mas as coisas estão mudando. Temos grandes estúdios fazendo coprodução no Brasil. Estão procurando coisas por aqui”.

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