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Produtores buscam novas formas para gravar filmes e séries no pós-pandemia
No Rio Grande Sul e em Hollywood, entidades já começam a escrever um novo protocolo para realizar gravações com segurança
Sem cenas de beijos e abraços. Multidões, nem pensar. E, se for possível, elenco isolado. Essas são algumas das regras que estão surgindo em novos protocolos de segurança do audiovisual ao redor do mundo. O objetivo é retomar as gravações, com segurança, de um setor paralisado na pandemia.
No Brasil, o principal centro de ideias para esses novos protocolos vem do Rio Grande do Sul. Afinal, o estado manteve liberada a gravação de filmes, séries e comerciais até mesmo em áreas públicas. Agora, profissionais e entidades ligadas ao setor audiovisual correm para estabelecer protocolos.
Para isso, o setor se dividiu em grupos de trabalho (os chamados GTs) nas áreas de arte, fotografia, câmera, som, elétrica e maquinaria, direção, elenco e produção. A partir disso, mais de 100 profissionais se comunicam com seus pares para que, assim, cheguem em conclusões sobre as medidas.
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O documento deve ser publicado na íntegra amanhã, terça-feira, 26. Mas algumas coisas já estão claras. Primeiramente, a jornada diária de gravações deve ser reduzida de 12 horas para 10 horas no máximo. Nada de figurantes ou um excesso de pessoas. E medidas de segurança ao máximo. “Os estados brasileiros estão em momentos distintos. Por isso que a criação de protocolos acabou se separando e não se centralizou em uma única discussão”, afirma Daniela Strack, assistente de direção e presidenta Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do Rio Grande do Sul. Segundo ela, o protocolo já conta com cerca de 30 páginas. Mas chama a atenção para alterações futuras. “É um organismo vivo, que vai se modificando ao longo dos próximos dois anos”, diz a executiva da APTC-RS.
Mudanças no processo
Segundo envolvidos, porém, o texto tem que ir além das associações e dos profissionais. Assim, a ideia é que essas novas regras de gravação sejam assinadas e protocoladas pelo governo do estado do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e por entidades de saúde, como Vigilância Sanitária. O Filmelier falou com produtores e profissionais do audiovisual de Rio de Janeiro e São Paulo, mas nenhum confirmou que está tomando atitudes como a do Rio Grande do Sul. No entanto, é apenas uma questão de tempo para que associações de outros estados se reúnam para adotar medidas. Mariana Mêmis Müller, produtora executiva e fortemente envolvida com as discussões do Rio Grande do Sul, tem um opinião direta sobre isso: a realidade das gravações, em todo mundo, não será mais a mesma. Acredita, até mesmo, que roteiristas terão que adaptar as histórias aos novos tempos. “As coisas não vão mais voltar ao que eram antes”, afirma a produtora. “As equipes vão reduzir de tamanho. Não dá mais para ter 80 pessoas nos bastidores. Algumas funções vão sumir. Outras serão criadas. E roteirista terão que tirar cenas de multidões, de beijos. Vão ter que se adaptar”.
“As coisas não serão mais como antes”
No entanto, apesar disso, o custo de uma gravação deve aumentar com os novos protocolos. Afinal, há medidas de higiene e a redução carga horária. “Com essa redução de jornada máxima para dez horas, consequentemente as produções terão que aumentar o número de diárias para finalizar uma produção”, afirma Mêmis. “Vamos ter que pensar em novas saídas, em novas possibilidades. Não dá para simplesmente continuar como antes”.
Protocolos do exterior
Fora do Brasil, alguns governos já estão liberando a gravação de filmes, séries e comerciais. Nos Estados Unidos, o cineasta Michael Bay inclusive já anunciou a gravação de um filme, inspirado nos eventos da atual pandemia de covid-19, que deve começar seus trabalhos dentro de cinco semanas. Assim, dentre outros protocolos, a equipe do filme ficará isolada num hotel antes das gravações iniciarem e depois de finalizadas. Dessa forma, fica mais fácil para a produção controlar a saúde de todos os envolvidos e evitar uma contaminação generalizada de toda a equipe envolvida na gravação. Além disso, vale ressaltar que todos por trás das câmeras usarão máscaras continuadamente. Sem afagos, pessoas muito próximas ou coisas do tipo. Já a Blumhouse, produtora de filmes como ‘O Homem Invisível‘ e ‘Corra!‘, vai seguir regras parecidas: equipe toda alojada num hotel, uso de máscaras e medindo a temperatura sempre que possível. Mas a ideia, aqui, é ter um orçamento limitado, com pouquíssimas locações e ambientes controlados. No entanto, fontes disseram ao The Hollywood Reporter que isso só vai acontecer quando entidades médicas, de fato, liberarem as gravações. Mas Mariana ressalta: realidade americana não pode ser simplesmente implementados por aqui. “A gente já tava com dificuldade. Não tem como fechar um hotel para colocar o elenco”, diz. “Serve como inspiração. Do que fazer ou não fazer. Mas precisamos aplicar isso na nossa realidade”.