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‘Red’ mostra que crescer é universal: “Não somos tão diferentes”, diz diretora
A animação da Pixar, que já está disponível no Disney+, conta uma história “coming-of-age” sobre uma menina de ascendência chinesa
O mais novo longa-metragem animado da Pixar, ‘Red: Crescer É Uma Fera’, chegou nesta sexta, 11, ao Disney+. O filme traz a história de uma garotinha canadense com ascendência chinesa de 13 anos enquanto passa pela puberdade. Porém, por mais que possa parecer em um primeiro momento uma história extremamente segmentada, o seu apelo é universal.
No Filmelier, tivemos a oportunidade de entrevistar parte da equipe do filme, incluindo a ilustradora e diretora Domee Shi. A cineasta é conhecida pelo curta-metragem ‘Bao’, que rendeu o primeiro Oscar de sua carreira. Domee nasceu em Chongqing, na China, mas cresceu no Canadá e a protagonista de ‘Red’ é inspirada em sua vida.
É importante ressaltar que esse é o primeiro filme do estúdio de animação com uma equipe de liderança exclusivamente feminina, formada por, além de Domee Shi, pela produtora Lindsey Collins, a supervisora de efeitos visuais Danielle Feinberg, a designer de produção Rona Liu e a produtora associada Sabine O’Sullivan.
‘Red: Crescer É Uma Fera’ traz um história inclusiva e diversa
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O filme nos transporta para o Canadá nos anos 2000 e mostra a vida dos adolescentes ainda antes do mundo digital – na verdade, uma das únicas interferências desse universo incipiente são basicamente dos bichinhos virtuais. A animação é bem divertida e também sensível ao mostrar os dilemas familiares enfrentados pela protagonista Mei. Ela faz de tudo para agradar sua mãe, tira excelente notas, passa mais tempo com a família do que com as amigas e um de seus maiores menos é desapontá-la. Perguntamos à Domee Shi sobre a importância de trazer outras culturas para a mídia, algo que temos visto nos últimos anos tanto na Disney quanto na Pixar. “É maravilhoso, uma incrível plataforma para mostrar ao mundo todo um vislumbre da vida dessa menina chinesa canadense, detalhes da sua casa, o que ela come, como é a relação dela com os pais. É absurdo e incrivelmente importante, eu acredito que é uma ótima forma de mostrar ao mundo que temos diferenças culturais, mas no fim do dia, temos os mesmos problemas”, contou ela durante o papo exclusivo. Por mais que ‘Red: Crescer É Uma Fera’ seja focado em uma garota de ascendência chinesa, é possível se relacionar com a história e os problemas enfrentados por ela. “Todos tivemos problemas quando crescemos, com nossos corpos, relacionamentos e aparência. E também tentando entender quem somos. Eu espero que quando as pessoas assistirem entendam um pouco da minha cultura, mas também notem as semelhanças e cheguem a conclusão que não somos tão diferentes no fim das contas”, completa Domee.
E ainda falando do teor cultural, a diretora contou sobre como as refeições são uma importante representação de amor na China. “Eu acho que em muitas culturas e, particularmente, na chinesa, a comida é a linguagem do amor. Seus pais não dizem ‘eu te amo, eles perguntam se você já comeu’, sabe? Eu senti que não daria para contar a história dessa menina e sua família sem dar o foco para a comida. Pois essa foi uma parte tão importante da minha vida quando estava crescendo e era a forma que meus pais transmitiam os sentimentos deles para mim”, explicou ela. “Isso é visto em ‘Bao’, quando a mãe está cozinhando para o filho, e também em ‘Red’, quando você vê o pai fazendo uma refeição gloriosa para sua família. Essa foi uma forma de introduzir o personagem, ele é quieto, mas é solidário, a rocha da família, mesmo que ele não fale ‘eu te amo’ verbalmente, a comida é sua forma de expressar o amor pela sua filha e esposa. Eu também achei que seria uma forma legal de mostrar que na cultura chinesa, os homens, tradicionalmente, são excelentes cozinheiros. Eles são conhecidos por isso e, quando eu era criança, meu pai cozinhava até mais que a minha mãe. Então, eu queria celebrar esse pequeno detalhe cultural”, completou.
Por que um panda vermelho?
No filme, Mei se torna um gigante panda vermelho quando suas emoções são afloradas e essa é uma alusão (muito criativa) à puberdade. Mas a pergunta que não quer calar: por que um panda vermelho?
“Eu sempre amei pandas vermelhos e não acho que eles recebam o amor que merecem da mídia”
“Ótima pergunta. Eu era muito apaixonada pela ideia de contar uma história de amadurecimento e eu queria muito enfrentar a puberdade em si. Mas então meu lado artístico entrava em um conflito sobre como desenhar e passar para a tela de uma forma que seja divertida, apelativa e ao mesmo tempo confusa e assustadora. Eu sempre amei pandas vermelhos e não acho que eles recebam o amor que merecem da mídia, são os pandas menos populares”, disse a diretora. “Achei que era uma boa oportunidade de trazer um dos meus animais favoritos para os holofotes. E tem muitas outras coisas legais que conversam com o tema, como o fato do panda ser vermelho, e na minha cabeça essa é a cor de uma emoção ligada a raiva, eles são chineses e a protagonista também, tem várias similaridades”. De fato, os pandas vermelhos são injustiçados, tem pessoas que nem sabe que eles existem. Outro motivo para a escolha do animal é justamente esse. “Escolhemos o panda vermelho justamente porque ele funcionaria como um espaço em branco para que a gente pudesse criar nossa própria mitologia e lenda. Eu acho que não existem histórias sobre eles, mas eles são da China, o que é muito legal. Dessa forma, nós conseguimos usar mais a nossa imaginação, e também nossa criatividade na hora de construir a história de fundo dos pandas e da família”, contou Domee.