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Yorgos Lanthimos volta ao cinismo com ‘Tipos de Gentileza’
‘Pobres Criaturas’ é conservador perto de ‘Tipos de Gentileza’, o novo filme do cineasta Yorgos Lanthimos
Mariane Morisawa
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17 de maio de 2024 18:05
Pobres Criaturas é conservador perto de Tipos de Gentileza, o novo filme do cineasta Yorgos Lanthimos estrelado por Emma Stone e Willem Dafoe e exibido em competição no 77º Festival de Cannes na noite desta sexta-feira, 17.
Verdade que Tipos de Gentileza tem menos cenas de sexo, mas é muito mais cortante do que o longa vencedor de quatro Oscars (atriz, design de produção, figurino e maquiagem e cabelo).
Tipos de Gentileza aproxima-se de obras como Dente Canino (2009), O Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017) – ou seja, a fase pré Tony McNamara, autor dos roteiros de A Favorita (2018) e Pobres Criaturas. Faz sentido: o roteirista de Tipos de Gentileza é Efthimis Filippou, o mesmo de todos esses outros filmes. Lanthimos e Filippou criaram uma antologia de três histórias interligadas, com os mesmos atores revezando-se nos papeis. Na primeira, Robert (Jesse Plemons) trabalha para Raymond (Willem Dafoe). Robert tem adoração por Raymond, que dá ao empregado e à sua mulher Sarah (Hong Chau) presentes inusitados ligados ao esporte. Emma Stone é, de novo, uma das protagonistas do novo Tipos de Gentileza (Crédito: 20th Century Studios) Na segunda, Plemons, um dos melhores atores norte-americanos da atualidade, faz Daniel, um policial cismado de que a Liz (Emma Stone) que retorna após semanas perdida no mar não é a sua mulher. Na terceira, Plemons e Emma Stone são Andrew e Emily, que procuram alguém com capacidade de ressuscitar pessoas. Os atores, especialmente Jesse Plemons, são um destaque do filme, encontrando o difícil tom proposto pelo filme. Em comum, as histórias falam de poder, controle e liberdade, daquele jeito ácido, incômodo, frio e cínico comum na obra da dupla Lanthimos e Filippou, que bebe muito da fonte grega, seja a mitologia ou a tragédia. É diferente de Pobres Criaturas, que acredita um pouco na capacidade do ser humano de se transformar por si e pelos outros. Tipos de Gentileza leva o comportamento humano ao extremo para provocar reações – inclusive com as relações sexuais que fogem do certinho. Aborrecido, não é. Há muitos momentos bem divertidos, inclusive. Mas quem prefere um cinema um pouco mais humanista pode não se conectar. O filme tem previsão de estreia para agosto no Brasil.
Mariane Morisawa é jornalista formada pela Universidade de São Paulo. Já trabalhou na Folha de S. Paulo, IstoÉ Gente, Marie Claire e hoje é freelancer e colabora com veículos como O Estado de S. Paulo, Elle e outros. Morou oito anos em Los Angeles e cobre o Festival de Cannes desde 2008.
