‘Um Lugar Silencioso: Parte II’ indica mais uma expansão de universo ‘Um Lugar Silencioso: Parte II’ indica mais uma expansão de universo

‘Um Lugar Silencioso: Parte II’ indica mais uma expansão de universo

Apesar de ser divertido, longa-metragem perde essência na obrigação de abrir espaço para franquia

Matheus Mans   |  
22 de julho de 2021 10:11
- Atualizado em 23 de julho de 2021 11:49

Qualquer um que assistir ao novo ‘Um Lugar Silencioso: Parte II’, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 22, vai se divertir. Afinal, o longa-metragem dirigido por John Krasinski (de ‘The Office’) é daquelas diversões escapistas, com uma pitada de tensão, no mundo apocalíptico dominado por monstros. 

E o desafio para a sequência não era simples. Krasinski, que surpreendeu no primeiro longa-metragem de 2018, precisaria encontrar uma maneira de continuar a saga da família Abbott e causar, se não surpresa, algum tipo de entretenimento que compensasse o retorno dessa história às telonas.

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No filme de 2018, Krasinski chamou a atenção pela trama simples, mas desesperadora (Crédito: Divulgação/Paramount Pictures)

Felizmente, encontramos a diversão. Afinal, agora, a situação da família está mais complicada. A mãe (Emily Blunt) precisa se virar como pode para escapar dos monstros movidos a som. Ao lado dela, há ainda a filha com deficiência auditiva (Millicent Simmonds), o filho (Noah Jupe) e o bebê.

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Algumas cenas são de tirar o fôlego, reafirmando como Krasinski é um diretor de potencial — ainda que recaia em alguns maneirismos. Uma cena de flashback, a única dos dois filmes até o momento, dá vontade de levantar da poltrona e ainda dá pistas da possível origem daquelas criaturas.

Expansão de ‘Um Lugar Silencioso’

No entanto, apesar dessa diversão, há algo maior por trás de ‘Um Lugar Silencioso: Parte II’: a urgência na expansão de um universo. Desde o sucesso do universo compartilhado da Marvel Studios, produtoras e estúdios correm atrás dessa possibilidade de usar histórias até o limite.

A Warner Bros. se atrapalhou com os heróis da DC Comics no caminho na tentativa de unir seus heróis, mas continua seguindo a ideia de compartilhar mundos. ‘Harry Potter’ renasceu, anos depois, para dar pontapé na franquia ‘Animais Fantásticos’ — inspirada, curiosamente, em um livro de 120 páginas de J.K. Rowling.

Isso sem falar de sagas como ‘Invocação do Mal’, que enche a história de fantasmas e criaturas sem serventia para gerar novas trilogias e afins. Até mesmo ‘John Wick’, uma franquia de filmes de ação com uma história bem pouco proeminente, vai ganhar uma série de origem para chamar de sua.

‘Um Lugar Silencioso: Parte II’ dá a impressão de ser uma ponta justamente para esse propósito. Afinal, Krasinski insere uma série de elementos que aumentam as possibilidades daquela história. Não fica só no núcleo familiar formado pela personagem de Emily Blunt e seus filhos.

Segundo o Deadline, o terceiro filme da saga será baseado em uma ideia de Krasinski teve, que deve explorar outros pontos do mundo pós-apocalíptico apresentado nos dois primeiros filmes. E é justamente isso que mostra o segundo longa, com a introdução de novas “sociedades” — com Djimon Hounsou.

Isso prejudica o filme?

Com isso, ‘Um Lugar Silencioso: Parte II’ acaba tendo duas camadas. Em uma delas, encontramos a história da família Abbott. É a mãe protegendo os filhos sozinha depois da morte do marido, o menino que precisa crescer neste ambiente apocalíptico, e a menina deficiente auditiva num cenário desfavorável.

Em outra camada, há essa preparação de terreno para futuras sequências, expansões de universos e, quem sabe, até alguma série — afinal, a Paramount, estúdio por trás da franquia, e a plataforma de streaming Paramount+ estão aí. O fato é que a saga, agora, pode ir para todos os lados: passado, futuro. Espaço. Além do mar.

Melhores momentos de ‘Um Lugar Silencioso: Parte II’ são os menos mirabolantes, com a família tentando sobreviver (Crédito: Divulgação/Paramount Pictures)

No entanto, será que ‘Um Lugar Silencioso’ não corre o risco de cair na mesmice que todas essas outras ficam brincando na beira do abismo? O primeiro filme se resolve bem, não precisaria de uma sequência. Agora, com esse crescimento além da conta, a coisa pode ser vitimada de vez.

E a diversão, no final das contas, está na proteção dentro do cofre, no menino que precisa abafar o choro da criança, no prego proeminente na madeira da escada, no ataque do monstro. Há essa essência, felizmente, nos momentos que a trama corre pela direção de Krasinski sem pretensão.

Fica a esperança, assim, que a saga (que aparentemente é inevitável que aconteça) mantenha o pé no chão. ‘Um Lugar Silencioso’ não é uma história espacial, não é uma trama complexa demais. É um filme de sobrevivência. E a história pode não sobreviver caso alce voos longos demais.

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