Muito além de ‘Titane’: 13 filmes de Cannes 2021 para ficar de olho

O Festival de Cannes 2021 acabou no último sábado, 16, e o saldo foi bastante positivo. Muitos filmes foram ovacionados – talvez devido ao tempo que pessoas ficaram longe do cinema por conta da pandemia, que também impediu que edição 2020 da premiação acontecesse.

A 74º edição de Cannes ficou marcada por ser o retorno ao cinema, depois de um ano complicadíssimo. E não só isso: foi a primeira vez que o júri contou com o presidente negro, no caso, Spike Lee – e o brasileiro Kleber Mendonça Filho estava entre os jurados.

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Este ano o festival contou com ‘Titane’, de Julia Ducournau, que levou o prêmio mais importante, a Palma de Ouro de melhor filme; ‘A Crônica Francesa‘, de Wes Anderson; o delicado documentário sobre Val Kimmer, ‘Val‘;a fé e o erotismo no polêmico ‘Benedetta‘, de Paul Verhoeven; e também o retorno de Sean Baker com ‘Red Rocket’.

Aqui, separamos essas e outras produções que chamaram a atenção da crítica, do público e da indústria durante o evento – e que chegam aos cinemas e às plataformas de streaming nos próximos meses.

Quais filmes se destacaram em Cannes 2021?

‘Titane’

Como já citamos, o grande premiado de Cannes 2021 foi ‘Titane‘, de Julia Ducournau, que voltou ao festival depois de ‘Raw‘ (2016). A vitória entrou para a história pois a francesa se tornou a segunda mulher a ganhar uma Palma de Ouro, sendo a primeira a conseguir tal feito sozinha. A outra vez com ‘O Piano’ (1993), de Jane Campion, que empatou com com ‘Adeus, Minha Concubina’, de Kaige Chen.

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Voltando ao longa de Ducournau, a produção já estava sendo elogiadíssima, agora então recebeu a honra que merecia.

‘Titane’, assim como ‘Raw’, é um filme ousado, onde em uma das cenas a protagonista Alexia (Agathe Rousselle) faz sexo com um Cadillac e – pasmem – engravida dele. Sem dúvida, é uma produção que desperta curiosidade. No Brasil, o longa terá seu lançamento pela plataforma de streaming MUBI. Ainda não há uma data de estreia.

‘A Hero’ e ‘Compartment No. 6’

Grande Prêmio do Júri (Grand Prix), segundo mais importante prêmio de Cannes, teve um empate: ‘A Hero’, de Asghar Farhadi, e a ‘Compartment No. 6’, de Juho Kuosmanen.

O filme de Farhadi já está sendo apontado como um possível indicado ao Oscar, nas categorias de melhor direção e roteiro. O realizador iraniano foi nomeado anteriormente pelo roteiro de ‘A Separação’ (2012) – longa que levou a estatueta de filme estrangeiro, categoria na qual o cineasta também foi premiado por ‘O Apartamento‘.

‘A Hero’ conta a história de Rahim, que está preciso deviado a uma dívida que não conseguiu pagar. Durante uma licença de dois dias, ele tenta convencer seu credor a retirar sua reclamação contra o pagamento de parte da quantia. Mas as coisas acabam não saindo como planejado.

O novo trabalho de Asghar Farhadi foi muito elogiado em Cannes e era um dos favoritos a Palma de Ouro.

Já ‘Compartment No. 6’, de Juho Kuosmanen, é um drama europeu baseado no romance homônimo de Rosa Liksom. A premissa do filme lembra a de ‘Antes do Amanhecer‘: em um trem até o círculo ártico, dois estranhos compartilham uma jornada que mudará sua perspectiva de vida.

Esse é o terceiro longa-metragem do realizador finlandês, conhecido pelo público de Cannes. Em 2016, ele foi o vencedor do Un Certain Regard por ‘O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki’ e, quando ainda era um estudante, levou o prêmio pela mostra Cinefondation com o curta ‘The Painting Sellers’.

‘Memoria’ e ‘Ahed’s Knee’

Outro empate foi no Prêmio do Júri, dividido entre ‘Memoria’, de Apichatpong Weerasethakul, e ‘Ahed’s Knee’, de Nadav Lapid. O filme do Weerasethakul também terá lançamento no Brasil pela MUBI, assim como ‘Titane’.

O trabalho do realizador tailandês – vencedor do prêmio do júri com ‘Mal dos Trópicos’ (2004) e a Palma de Ouro com ‘Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (2010)’ – gira em torno de Jessica (Tilda Swinton), uma mulher que simplesmente que não consegue dormir desde que se assustou com um barulho. Ela não sabe se foi um tiro, uma bomba ou sua imaginação.

Enquanto o filme do israelense, ‘Ahed’s Knee’, fala sobre um cineasta de Isreal que se joga em meio a duas batalhas condenadas ao fracasso: uma contra a morte da liberdade, outra contra a morte de uma mãe.

A produção foi considerada brilhante dos parte da crítica que assistiu em Cannes e a direção de Nadav Lapid é um espetáculo à parte. Ele já é conhecido no circuito internacional por ‘A Professora do Jardim de Infância’ (2014), que ganhou um remake norte-americano em 2019, e ‘Synonymes’ (2019), premiado em Berlim.

‘Annette’

Leos Carax teve a importante função de abrir o Festival de Cannes com ‘Annette’, e ficou com a estatueta de melhor diretor. O musical estrelado por Adam Driver e Marion Cotillard recebeu críticas positivas e pode ser um destaques da temporada de premiações em 2022.

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Esse é o primeiro filme em inglês de Carax, que retorna à Cannes nove anos depois de apresentar ‘Holy Motors’. O musical acompanha a vida do casal formado por Henry (Driver) e Ann (Cotillard) – ele é um comediante e ela, uma cantora famosa. Os dois passam por mudanças com o nascimento de sua primeira filha que dá título ao filme, Annette.

‘Unclenching the Fists’

O drama russo de Kira Kovalenko levou o prêmio principal da mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard). O longa, que traz uma mulher em busca de sua independência na pequena cidade russa de Ossétia do Norte, que é marcada por histórico de violência. ‘Unclenching the Fists’ é mais uma produção garantida pela MUBI, que, também, ainda não tem data de lançamento.

‘Benedetta’

O polêmico trabalho de Paul Verhoeven foi, sem dúvida, um dos maiores destaques de Cannes. ‘Benedetta’ conta a história, baseada em fatos, da freira Benedetta Carlini, que teve um comportamento dito de “obsessão diabólica” após se envolver com uma outra noviça e alegar ter visões com Jesus Cristo. O acontecimento, que se passou no século XVII, é tido como o romance lésbico mais antigo do Ocidente.

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‘Val’

Documentário do astro Val Kilmer é um retrato delicado sobre sua vida e as mudanças após a traqueostomia à qual foi submetido por conta de um câncer de garganta. A Amazon Prime Video tem os direitos de distribuição de ‘Val’, que tem estreia prevista, nos Estados Unidos, para agosto.

‘A Crônica Francesa’

O queridinho de Hollywood, Wes Anderson, voltou a impressionar a crítica com ‘A Crônica Francesa‘. O filme era um dos mais aguardados do ano e não deixou a desejar. Anderson pode não ter levado nenhum prêmio, mas continua com seu prestígio: ele foi ovacionado durante nove minutos após a exibição do longa.

O longa é descrito como uma “carta de amor” à profissão. Ambientado na redação de uma revista norte-americana – a inspiração foi na tradicional publicação The New Yorker.

‘Vortex’

Estrelado pelo ícone do cinema italiano, Dario Argento, e a francesa Françoise Lebrun, também muito famosa na França. ‘Vortex’ é o novo lançamento de Gaspar Noé. A história acompanha um casal de idosos com demência. Bem diferente do que costumamos ver nos filmes de Noé, a produção mostra a versatilidade do realizador e seu lado mais sensível.

‘Red Rocket’

Sean Baker está de volta depois de ‘Projeto Flórida‘. Em ‘Red Rocket’, o diretor mergulha na vida de um ex-ator pornô. O filme é basicamente um estudo antropológico sobre um homem, Mickey Saber, tentando reatar laços com a esposa, que acaba perdendo o foco quando conhece uma jovem mais nova.

‘Noche de Fuego’

‘Noche de Fuego’ (em inglês o título é ‘Prayers for the Stolen’) é baseado no livro Jennifer Clement e conta a história de três meninas tentando fugir da violência em uma cidade mexicana. A produção, dirigida por Tatiana Huezo, levou a Menção Especial na mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard).

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