Vangelis, vencedor do Oscar pela trilha de ‘Carruagens de Fogo’, morre aos 79 anos Vangelis, vencedor do Oscar pela trilha de ‘Carruagens de Fogo’, morre aos 79 anos

Vangelis, vencedor do Oscar pela trilha de ‘Carruagens de Fogo’, morre aos 79 anos

Compositor grego é a mente criativa por trás de trilhas sonoras históricas do cinema, como ‘Blade Runner’ e ‘Carruagens de Fogo’

Matheus Mans   |  
19 de maio de 2022 14:32
- Atualizado em 20 de maio de 2022 12:16

O compositor grego Vangelis, dono de um dos estilos mais autorais da história das trilhas sonoras, morreu nesta quinta-feira, 19, aos 79 anos. A informação foi divulgada pela agência grega de notícias ANA e confirmada pelos advogados do artistas que, por sua vez, não confirmaram qual foi a causa da morte do compositor grego.

Nascido Evángelos Odysséas Papathanassíu, Vangelis foi o responsável por duas trilhas que marcaram gerações, cada uma a sua maneira. Em ‘Blade Runner‘, os metais exagerados e o uso de sintetizadores ajudaram a criar a sensação de ambiente destruído, inóspito e, ainda assim, altamente tecnológico. Sem Vangelis, ‘Blade Runner’ não seria o mesmo.

No entanto, seu grande trabalho veio um ano antes, ainda em 1981, quando compôs a trilha sonora de ‘Carruagens de Fogo’. O tema grandioso, que elevou a força da história de um grupo de jovens em uma competição de maratona, se tornou um marco nos esportes. Até hoje, em corridas tradicionais como a São Silvestre, o tema é usado na premiação.

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Além disso, com ‘Carruagens de Fogo‘, Vangelis colocou seu nome na maior premiação do cinema. Em 1982, recebeu sua única indicação ao Oscar e venceu, batendo concorrentes como John Williams e sua trilha em ‘Os Caçadores da Arca Perdida’ ou, ainda, Randy Newman com a elogiada trilha sonora do dançante ‘Na Época do Ragtime’.

Quem foi Vangelis?

Nascido na cidade de Vólos, na Grécia, Vangelis começou cedo no mundo da composição: aos quatro anos, já fazia suas primeiras trilhas e canções. Autodidata, recusou aulas de piano, partindo para um estilo mais experimental de fazer música. Ainda estudou música clássica, pintura e direção na prestigiada Academia de Artes em Atenas.

Já no início dos anos 1960, formou o grupo Forminx (ou “Formynx”), se tornando muito popular na Grécia. Depois, seguindo o movimento de rebeldia que abalava a Europa em 1968, se mudou para Paris e formou a banda de rock progressivo Aphrodite’s Child, com canções de sucesso como ‘Rain and Tears’, ‘Marie Jolie’ e ‘It’s Five O’Clock’.

Nessa mistura de estilos, com o pop do Forminx e o experimental ousado da Aphrodite’s Child, Vangelis foi desenvolvendo sua linguagem para uma música cada vez mais autoral, começando sua carreira solo enfim em 1973.

Trabalhos no cinema

Apesar de ter feito alguns pequenos trabalhos nos anos 1960, a carreira de Vangelis decolou nos cinemas nos anos 1970 junto com sua carreira solo. Dois documentários do cineasta Frédéric Rossif abriram as portas para que o compositor grego pudesse experimentar e explorar linguagens musicais. Depois, ainda assinou em 1976 a composição da trilha de ‘O Jogo da Trapaça’, romance policial de Ivan Passer com Omar Sharif como o protagonista.

De Ridley Scott, ‘1492: A Conquista do Paraíso’ é outro grande trabalho de Vangelis (Crédito: Divulgação/Gaumont)

Esse seu trabalho foi a carta de apresentação que precisava para, em 1981, assumir a batuta de ‘Carruagens de Fogo’ e, logo em seguida, de ‘Blade Runner’. Além desses dois trabalhos, Vangelis assinou a trilha sonora de filmes como ‘Desaparecido: Um Grande Mistério’, de Costa-Gavras; ‘Rebelião em Alto Mar’, com Anthony Hopkins; ‘Lua de Fel’, de Roman Polanski; e ‘1492: A Conquista do Paraíso’, outro grande clássico do cineasta Ridley Scott.

Nos últimos anos, Vangelis se afastou da composição de filmes. Seu último trabalho foi o curta-metragem ‘090909’, de 2018, ainda não lançado. Antes disso, seu último grande trabalho foi ‘Alexandre’, de 2004, dirigido por Oliver Stone.

O fato é que Vangelis deixou sua marca na memória das pessoas como poucos. Não só criou boas trilhas, mas também criou músicas e sons que, hoje, fazem parte da história de pessoas — seja na lembrança de uma sessão de cinema ou, até mesmo, quando algum atleta atravessou a linha de chegada. Vangelis, dessa forma, fica para a eternidade.

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