15 filmes para celebrar o mês do orgulho LGBT

Empatia é a primeira coisa necessária para construir pontes. Essa é, pelo menos, a primeira lição deixada por 'Orgulho e Esperança', longa-metragem que se inspira na incrível história de uma organização de gays e lésbicas que apoiou famílias de mineiros em greve em 1984, na Grã-Bretanha. O filme arrebatou o Palma Queer no Festival de Cannes de 2014 e chama a atenção, principalmente, por conta de sua sensibilidade. Une heterossexuais e homossexuais, idosos e jovens, conservadores e progressistas numa única corrente, em um único sentido. Destaque, principalmente, para a atuação de Bill Nighy (‘Questão de Tempo’), no melhor papel de sua carreira, e George MacKay (que viria a fazer sucesso em ‘1917’). [-]

Produzido por Jason Blum (de filmes como ‘Corra!’ e ‘Whiplash’) e Ryan Murphy (‘American Horror Story’), o documentário ‘Secreto e Proibido’ não tem nada a ver com as principais produções da dupla. Longe do horror, o filme conta a história de amor entre duas mulheres, em um relacionamento desde 1947, que decidem desafiar tabus e romper com preconceitos que persistem até os dias de hoje, 70 anos depois. Assim como a ficção ‘Loving: Uma História de Amor’, há uma preocupação em mostrar o poder e a conexão entre as duas protagonistas do documentário, sem deixar que esses aspectos negativos -- ainda assim evidenciados -- tomem conta. É um filme para quem quer mergulhar numa bonita história de amor e, de quebra, refletir sobre injustiças na sociedade que perduram até os dias atuais. [-]

A mulher em que este filme se baseia, Marie de Régnier, tornou-se uma das escritoras mais influentes da França no início do século XX. E embora o gancho para 'Curiosa' seja o triângulo amoroso entre ela e os poetas Henri de Régnier e Pierre Louÿs, o filme vai muito além disso. Afinal, narra a emancipação de uma mulher que, no auge da Belle Époque, passou de objeto de desejo masculino a alguém que desafiava os preconceitos da burguesia francesa recatada de seu tempo, tomando posse de seu corpo e de sua sexualidade por meio de sua reafirmação artística. Portanto, apesar de ser um drama de época, é um filme relevante, em tempos de uma discussão feminista ampla e necessária. [-]

Dirigido pelo cineasta e ativista Ira Sachs, ‘O Amor é Estranho’ segue um casal de homens mais velhos que, com décadas de um relacionamento estável na memória, podem finalmente se casar após a legalização do casamento gay em Nova York. No entanto, isso leva a que um deles seja despedido injustificadamente de seu trabalho, forçando-os a deixar seu apartamento de luxo e morar na casa de outra pessoa. Destaque, principalmente, para John Lithgow (o Winston Churchill da série ‘The Crown’) e Alfred Molina (o dr. Octopus de ‘Homem-Aranha 2’), que encontraram o tom entre a sensibilidade e a solidão que surge a partir da situação dos personagens. Tocante e com boa mensagem. [-]

Um divisor de águas na história dos filmes LGBT, 'Perdidos na Noite' foi a primeira (e até agora única) produção com classificação indicativa máxima a ganhar o Oscar de Melhor Filme, marcando a ruptura entre filmes clássicos mais modestos de Hollywood com uma nova era a partir de 1969. O filme é estrelado por Jon Voight como prostituta, com representações gráficas da homossexualidade que foram revolucionárias para sua época. Vale ressaltar, porém, que algumas passagens não envelheceram bem, principalmente aquelas relacionadas às mulheres da trama. No entanto, ainda assim, é interessante como ponto de observação de uma época e de costumes diferentes dos de hoje em dia. [-]

Um filme que se tornou cult no meio independente justamente por ter sido adotado como uma bandeira do orgulho LGBT. 'The Rocky Horror Show' é um musical sobre um jovem casal que, perdido na estrada, acaba na mansão de um cientista louco, os levando em uma experiência para descobrir novas formas de prazer. É, em resumo, uma celebração da libertação sexual, numa produção arriscada em tempos de confrontos entre gerações e com uma luta pela diversidade sexual. Muito também por conta da sua produção marcante e inesquecível, indo das músicas ao figurino, além do elenco com uma memorável Susan Sarandon no início de carreira. Uma filme para ser visto e revisto sempre que possível. [-]

Elton John não é apenas um dos artistas abertamente gays mais conhecidos do mundo desde o final dos anos 80, mas também é um forte ativista na luta contra o HIV. ‘Rocketman', musical biográfico estrelado por Taron Egerton, conta a história de sua ascensão meteórica e a colisão com as drogas, em um processo de reconciliação com sua identidade sexual. Além, é claro, de celebrar as principais músicas do cantor e compositor, como as já clássicas ‘Tiny Dancer’, ‘Your Song’ e ‘I’m Still Standing’. Este é o primeiro filme de um dos grandes estúdios de Hollywood (no caso, a Paramount Pictures) que inclui uma cena de sexo entre dois homens. Também faturou o Oscar de Melhor Canção Original. [-]

Poucos cineastas entraram na história com a relevância que Pedro Almodóvar tem para a comunidade LGBT, com uma filmografia que retrata a fluidez da sexualidade com toda a amplitude de seu espectro. Em ‘Dor e Glória’, vencedor do Prêmio de Melhor Ator em Cannes 2019, o cineasta se vale da ficção para viajar por sua memória com extrema sensibilidade, inocência e desgosto, transmitindo perfeitamente a dor e a angústia da terceira idade, mas não antes de encher os olhos e o coração do público. Parte da seleção oficial do Festival de Cannes, onde ganhou o prêmio de melhor ator (Antonio Banderas). [-]

Com Cate Blanchett e Rooney Mara (que levou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes), 'Carol' foi um dos filmes com temática LGBT mais barulhentos dos Estados Unidos na década de 2010. Nomeado para seis Oscars, o romance lésbico mergulha na vida e nos desafios que existem entre um jovem trabalhadora e uma mulher mais velha presa em um casamento heterossexual de conveniência. Destaque, ainda, para a excelente reconstrução da Nova York dos anos 1950, seja nos detalhes de cena ou no preconceito, e para a atuação de Blanchett, trazendo toda a carga de flerte, romance e drama que o filme exige. [-]

Pode-se dizer que ‘Azul é a Cor mais Quente’ é um dos filmes mais polêmicos e provocativos dos últimos tempos. Polêmicos pois o diretor, Abdellatif Kechiche, foi acusado pelas protagonistas Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux de serem obrigadas a filmar cenas intensas de sexo ao longo de horas, sem proteção ou pausas. E provocativo pois o filme, vencedor da Palma de Ouro de Cannes em 2013, traz uma história fora dos padrões sobre um romance avassalador entre duas garotas. Indo além de méritos da direção de Kechiche, o filme acaba sendo das duas atrizes, que carregam todas as transformações e complexidades de suas personagens nas costas. É um filme intenso, com momentos fortes e explícitos, mas que acaba trazendo uma boa história de relações e descobertas. [-]

Ainda que a relação entre os personagens de Timothée Chalamet e Armie Hammer tenha sido problematizada pela diferença de idade e por uma possível questão de abuso de autoridade, ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ é um dos filmes de temática LGBT mais celebrados dos últimos tempos. Baseado no romance homônimo André Aciman, o longa traz uma forte sensibilidade sobre um jovem rapaz descobrindo sua sexualidade e se apaixonando por este homem mais velho, durante o verão dos anos 1980 na Itália. É um filme intenso, apaixonante e, principalmente, com uma forte carga emocional -- destaque, neste ponto, para o celebrado monólogo do pai, interpretado por Michael Stuhlbarg. [-]

Há três problemas frequentes no cinema LGBT: a sexualização exagerada de corpos, o foco excessivo em tragédias na vida dos integrantes dessa comunidade e, por fim, a branquitude predominante nessas histórias. Por isso, ‘Moonlight’ é feliz ao reverter vários desses estereótipos. Vencedor do Oscar de Melhor Filme 2017, o longa-metragem mergulha em três etapas da história de Quíron, um garoto afro-americano que vive à margem da sociedade de Miami e começa a se descobrir homossexual. No entanto, à medida que envelhece, passa a se reconciliar com sua identidade, mesmo com os obstáculos da vida. [-]

A violência cometida contra a comunidade trans se tornou tema frequente em filmes por conta da normalização de abusos cometidos ao redor do mundo. Em 'A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson', documentário exclusivo da Netflix, essas dores e abusos contra a comunidade trans vão além. Misturando uma trama de investigação com uma boa quantidade de arquivo, o filme mostra como mulheres transsexuais sofrem com instituições e entidades que, em tese, deveriam proteger e salvaguardar. Mas o preconceito acaba tomando conta e a resposta é canalizada para o ativismos e para os protestos. Além da sensibilidade do diretor Héctor Carré, vale destacar a modernidade da trama e como a história contada no filme continua atual e tocando mesmo tantos anos depois. [-]

Com um senso de humor elegante e divertido, este drama de comédia semi-autobiográfico é dirigido, escrito e estrelado (em um papel duplo) por Guillaume Gallienne. “Eu, Mamãe e os Meninos’ é sobre o processo de autodescoberta de seu protagonista na adolescência, enquanto lida com as expectativas da família e, em particular, o relacionamento íntimo que ele tem com a mãe. Sem dúvidas, muita gente irá se identificar, rir e se emocionar com a jornada do protagonista. Levou cinco prêmios César, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator. [-]

E não poderia faltar um representante brasileiro na lista. Vencedor de diversos prêmios e selecionado em festivais como Gramado, Havana e Rio, ‘Tatuagem’ provoca ao misturar assuntos inicialmente completamente diferentes – homossexualidade, exército, ditadura militar brasileira e teatro – em uma história de amor que rompe com conceitos pré-estabelecidos. Com um elenco afinado e bem dirigido, este é um daqueles filmes que nos leva em seus dramas e romances, além de ser uma temática importante nos dias atuais. [-]