54 filmes imperdíveis do Festival de Toronto

‘Roma’ é, simplesmente, a obra-prima do diretor mexicano Alfonso Cuarón, responsável pelo elogiadíssimo ‘Gravidade’. Vencedor do prestigioso Leão de Ouro no Festival de Veneza, o filme é a aposta da Netflix para levar o Globo de Ouro e o Oscar. A obra é um retrato nostálgico do México do passado (incluindo alguns elementos autobiográficos do diretor), oferecendo um olhar crítico da desigualdade e o machismo que, até hoje, afetam a sociedade mexicana (e a latino-americana, em geral). Uma joia de imensa beleza visual e narrativa que você não pode perder. [-]

Um filme de tribunal – que não abre mão de dramas familiares e das críticas à justiça. O diretor japonês Hirokazu Kore-Eda (de ‘Shoplifters’, pelo qual venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes) constrói um suspense intrigante e, como em seus outros filmes, dá enfoque aos problemas familiares. Uma boa história, que certamente vai agradar diversos públicos. [-]

O produtor brasileiro Rodrigo Teixeira se une novamente ao diretor Robert Eggers (que, juntos, foram os responsáveis pelo sucesso ‘A Bruxa’) para mergulhar novamente no mundo do terror – agora com uma bela fotografia em preto e branco. A história se passa em um lugar inóspito, um farol, e aposta em um elenco enxuto (com Willem Dafoe, de ‘No Portal da Eternidade’, e Robert Pattinson, de ‘Bom Comportamento’) para nos envolver com medos, receios e alucinações provocadas pelo isolamento. É um filme que requer paciência e um olhar afiado, mas, se você se deixar levar pela atmosfera, será recompensado. [-]

Um dos grandes filmes do Oscar 2017, que é, ao mesmo tempo, uma ode aos musicais de outrora e à Los Angeles. Esta é uma história sobre aspirações e sonhos, mas também sobre como a vida nos leva a caminhos diferentes daqueles que, lá atrás, nós traçamos. Com atuações irresistíveis - principalmente de Emma Stone - este é um longa-metragem com os mais diversos impactos. Você pode ficar feliz com a alegria de alguns momentos e com as cores, ou triste reconhecendo que as frustrações dos personagens podem ser, também, as suas. [-]

Um dos grandes filmes do Festival de Cannes de 2017, vencedor do Grand Prix e a obra que fez Pedro Almodóvar, o presidente do júri, chorar. Porém, ‘120 Batimentos por Minuto’ é mais do que isso. Trata-se de um grito de toda uma geração, que ficou frente a frente com o fantasma do HIV e da Aids e que também via o governo e as grandes indústrias farmacêuticas negarem ajuda – um lado não fazia campanhas de conscientização e sobre o uso da camisinha, enquanto o outro buscava lucrar milhões enquanto inúmeras pessoas morriam. O diretor Robin Campillo, no entanto, conta essa história com muita emoção e coração, com foco nos protagonistas interpretados pelo trio Nahuel Pérez Biscayart, Arnaud Valois e Adèle Haenel (de ‘Amor à Primeira Briga’). Uma história tocante, para abrir nossos olhos e nos mostrar a importância do amor, da alegria e da luta pelo que acreditamos. [-]

“O homem é bom, mas a sociedade o corrompe”, disse Rousseau. “O homem é o lobo do homem”, citou Hobbes. E a soma das duas teorias atende pelo nome de ‘Coringa’. Esqueça, aqui, o típico filme de super-herói. Não há ação desenfreada, nem mocinhos no longa-metragem dirigido por Todd Phillips (‘Se Beber, Não Case!’). O que existe é uma Gotham City suja, misógina e preconceituosa, na qual os cidadãos menos favorecidos lutam para viver e se rebelam contra os mais ricos – de certa forma, baseada na Nova York real do final dos anos 1970 e começo dos 1980. Não é por menos que ‘Taxi Driver’ é uma das maiores referências do filme: também é cria do sistema e do cinema daquela era. Nesse contexto, temos um estudo de personagem quase puro, em uma atuação impecável de Joaquin Phoenix (‘Ela’). Não se trata, porém, de glamourizar o vilão ou de fazer o público criar simpatia pelo assassino. Há críticas às pessoas (incluindo aos desajustados), à sociedade e à sua falta de olhar para o bem-estar de todos. Por tudo isso, a história é dura, impactante, chocante, formando uma quase perfeita combinação de cinema de arte com blockbuster baseado em HQ. [-]

De forma engraçada, divertida e leve, o filme aborda temas densos como dependência química e abuso - e usando um monstro gigante. Diferente de qualquer comédia dramática que você já viu, 'Colossal' traz uma Anne Hathaway surpreendente, numa trama criativa que transcende as barreiras do gênero. E com um belo número de boas surpresas. [-]

Uma história tocante sobre crescer, enfrentar o mundo, entender a si mesmo e ao próximo. Dividido em três partes, a história (que venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado) passa pela infância, adolescência e vida adulta de um jovem negro que nunca encontra a si mesmo. Com atuações extraordinárias de Mahershala Ali (que lhe garantiu o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante da Academia) e Shariff Earp. Não é por menos que ficou com o Oscar de Melhor Filme em 2017. [-]

Um foi o maior construtor de carros esportivos na história, intimamente ligado ao sucesso e aos tempos românticos automobilismo. O outro recebeu duas grandes heranças: o nome do maior industrial da história e a fábrica que ele criou - ainda que passando por uma grande crise. ‘Ford vs Ferrari’ é um filme que coloca esses dois nomes frente a frente, em uma história real (ainda que com suas liberdades poéticas). Mordido pelos desaforos de Enzo Ferrari, Henry Ford II determinou que fosse construído o carro que pudesse vencer a famosa Scuderia Ferrari em seus domínios: as 24 Horas de Le Mans. A versão cinematográfica deste desafio é dirigida por James Mangold (‘Logan’, ‘Johnny & June’), que faz um trabalho competente, criando tensão e drama até para quem sabe o desfecho da história. A reconstrução dos anos 1960, incluindo cenários, figurinos e, claro, carros, está impecável, assim como as sequências de corrida - que não trazem aquela sensação de computação gráfica, estando um nível acima de ‘Rush’ neste sentido. [-]

Divertidíssimo filme em forma de mockumentary, que retrata a vida de alguns vampiros na Nova Zelândia dos dias de hoje. Uma grata surpresa, que alçou Taika Waititi, até então com alguns papeis espaços nos EUA, ao posto de novo diretor queridinho da Marvel Studios. [-]

Baseado em uma história real, acompanhamos Lloyd Vogel (Matthew Rhys, de ‘The Post: A Guerra Secreta’), um jornalista investigativo, se aproximando de um conhecido apresentador de programas infantis dos Estados Unidos (interpretado por Tom Hanks) para elaborar uma reportagem sobre ele. O encontro entre o jovem jornalista e Fred Rogers, que a princípio parecia infrutífero, se revela muito mais profundo do que eles imaginariam. Rancor, perdão, paternidade, vida e morte são alguns dos temas que surgem dessa relação. Definitivamente, uma amizade entre gerações que tem muito a nos ensinar. Destaque para a interpretação de Hanks, que lhe valeu a primeira indicação ao Oscar em 19 anos (a última tinha sido com 'Náufrago', em 2001). [-]

Jean-Luc Godard é uma das mais importantes, fascinantes e peculiares figuras do cinema. Integrante do movimento Nouvelle Vague (“Nova Onda”, em português), o cineasta se tornou popular com seus filmes mais leves, mas se engajou na política ao final dos anos 1960 e mudou o seu olhar em relação à sétima arte e ao mundo. Neste filme, Michel Hazanavicius (vencedor do Oscar por ‘O Artista’) revisita esse momento de transição do diretor da velha guarda. Um dos méritos do longa – mas que não foi bem visto por parte da crítica, principalmente a americana – foi procurar humanizar Godard, agregando humor e usando o relacionamento dele com a atriz Anne Wiazemsky como base. ‘O Formidável’ tem apelo tanto para cinéfilos quanto aqueles que querem começar a conhecer um pouco mais sobre Jean-Luc e o cinema francês, ou mesmo para quem quer apenas se divertir com uma dramédia. [-]

Ulrich Seidl (‘Dog Days’) traz um relato cru – e, porque não dizer, cruel – da caça na Namíbia, África, que é tratada por muitos como um “caso de sucesso” para a proteção ambiental. O diretor acompanha um grupo de turistas endinheirados europeus que, sem nenhum pudor, mata animais (alguns até em risco de extinção). Com uma distância emocional, o documentário dá espaço para que eles coloquem as justificativas para os seus atos, inclusive as mais esdrúxulas. O contraditório, aqui, não está nos questionamentos feitos aos caçadores, mas sim ao expor os entrevistados ao julgamento de quem assiste ao filme. Há espaço, também, para que os turistas revelem seus pensamentos (e preconceitos) em relação ao povo africano. O resultado dessa mistura é um documentário duro e provocador, que funciona também como um interessante e doloroso registro de um microcosmo que possui um impacto gigantesco em um dos mais importantes ecossistemas da Terra. [-]

Baseado em uma história real. Don Shirley, pianista de sucesso - e negro -, resolveu viajar pelo sul dos Estados Unidos nos anos 1960, na época da segregação. Para o posto de segurança e motorista, Shirley escolheu o perfil mais improvável: o do preconceituoso Tony Lip. A partir daí começa uma viagem na qual Shirley e Tony vão aprendendo mais sobre o outro, o diferente, e também sobre a si mesmos. O diretor Peter Farrely (‘Quem Vai Ficar com Mary?’) traz um toque leve e humano que aproxima os personagens dos espectadores - o que é complementado pelas ótimas atuações de Mahershala Ali e Viggo Mortensen. Premiada com o Oscar de Melhor Filme, a produção não foi imune à polêmicas: os detratores apontam problemas como o fato da história ser contada pelo olhar do protagonista branco, com diretor e produtores brancos, sem dar espaço para o ponto de vista do negro. A família de Don Shirley também afirma que vários fatos da história e o relacionamento do músico com o Tony Lip teriam sido retratados de forma inverídica. Assista e tire suas próprias conclusões. [-]

Uma história como você nunca viu – na qual um americano se envolve na vida de uma mulher a milhares de quilômetros de distância, no norte da África, por meio de um hexapod (um tipo de robô) de uma companhia petrolífera. Ainda que de forma improvável e distante, ele consegue ser determinante nos acontecimentos dela, construindo uma espécie de “Romeu e Julieta” moderno. De certa forma, o longa é uma alegoria para a construção dos romances atuais, onde cada passo da nossa vida é registrado nas redes sociais – se tornando visíveis para paixões platônicas, “stalkers”, ex-namorados(as), etc. Por outro lado, existe toda a diferença cultural, o contexto das potências ocidentais explorando os recursos naturais de países estrangeiros (outra alegoria do filme, de certa forma). A história tem seus clichês, é claro, mas o objetivo é justamente usar esses clichês dentro de um cenário completamente diferente. [-]

Agatha Mary Clarissa Christie é a romancista mais bem-sucedida da história, com mais de 80 livros publicados. Por isso, não exista nada no suspense e no mistério que não tenha sido feito pela Dama do Crime. Em ‘Entre Facas e Segredos’, o diretor Rian Johnson (‘A Ponta de um Crime’) mergulha fundo nessas referências e usa muito bem os clichês do gênero para montar uma espécie de sátira cheia de humor ácido. O elenco é de peso, incluindo nomes como Daniel Craig (‘007: Operação Skyfall’), Chris Evans (‘Vingadores: Ultimato’), Ana de Armas (‘Blade Runner 2049’), Jamie Lee Curtis (‘True Lies’), Michael Shannon (‘Animais Noturnos’), Toni Collette (‘Pequena Miss Sunshine’), LaKeith Stanfield (‘Selma’), Christopher Plummer ('Todo Dinheiro do Mundo') e muitos mais. [-]

Um filme bom que recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator - pelo excelente trabalho de Denzel Washington. Do mesmo diretor de ‘O Abutre’, mergulhamos em um drama existencial e bem construído, que caminha ao lado de fortes atuações - ainda que o longa não tenha caído no gosto da crítica. [-]

Inspirado no livro de memórias de Peter Turner, Jamie Bell na produção, 'Estrelas de Cinema Nunca Morrem', que eterniza a vida da atriz Gloria Grahame, vivida por Annette Bening no filme. Ela está comovente em seu papel e funciona muito bem com Jamie Bell, que também está impecável. É um longa muito bonito - apesar de não fugir de alguns clichês de cinebiografias. Um drama sensível e altamente indicado aos amantes de romance. [-]

‘Ciganos da Ciambra’ é uma produção surpreendente, tanto pelo roteiro quanto pelo elenco. O protagonista Pio Amato dá um show de atuação e encanta qualquer um! Uma boa surpresa! O que é mais incrível, é que os personagens do filme são todos atores amadores, dando uma dose de realidade ainda maior ao filme. [-]

Um drama recheado de suspense e embalado pelas atuações memoráveis de Leandra Leal e Milhem Cortaz, 'O Lobo Atrás da Porta' é um dos mais aclamados exemplares recentes da alta qualidade do cinema brasileiro. Uma história contada de forma não linear sobre luxúria, infidelidade e vingança. Seleção no SXSW e prêmios de Melhor Longa e Melhor Atriz (para Leandra Leal) no festival do Rio de Janeiro, em 2013. [-]

‘Mudbound’ foi, certamente, um dos filmes menos comentados da temporada do Oscar 2018 – o que é um grande pecado. Trata-se de um filme duro que, em uma única tacada, lida com temas como o preconceito, o ódio, família, misoginia, guerra, luta de classes, as dificuldades dos veteranos voltarem à vida normal e por aí vai. Dessa forma, o longa nos joga dentro da transformação da cultura americana no pós-guerra enquanto nos faz pensar sobre temas absolutamente atuais. Um filme para assistir e, principalmente, refletir. [-]

O mundo é incrível ou terrível aos olhos de uma criança e é esse ponto de vista que acompanhamos em ‘Projeto Flórida’. Inclusive, as cores do filme parecem fazer referência ao imaginário infantil. A história se passa na Flórida, como entrega o título, e mostra uma dura realidade norte-americana que não estamos familiarizados. [-]

‘Lady Bird: A Hora de Voar’ trata de um assunto delicado, que é o relacionamento entre mãe e filha. Não só isso, mas também temas como amizade, sexualidade, amadurecimento, abordando todas as questões da adolescência. É uma história bonita, tocante e com uma pitada de humor. As atrizes Laurie Metcalf e Saoirse Ronan conseguem transmitir todo o sentimento de uma relação conturbada ao filme. Vale dizer que Greta Gerwig conseguiu muito reconhecimento, sendo indicada ao Oscar de Melhor Diretora com este que é apenas o segundo longa de sua carreira dela. [-]

A produção é baseada no livro 'Um Crime Delicado', de Sérgio Sant'Ann, explora o desejo, arte, fetiches e também atos de violência. Carregado de uma reflexão sobre como enxergamos a arte - e estamos vendo um filme, que também é uma expressão artística. Neste contexto, está inserido também todo o clima policial, afinal, não podemos esquecer que o nome da produção é ‘Crime Delicado’. [-]

Um road movie dramático que nos convida a pensar sobre os estereótipos de gênero da sociedade. Contando a história de um vaqueiro que sonha tornar-se estilista, subverte o clichê do 'machão nordestino' enquanto oferece um profundo estudo de personagem, potencializado pela atuação cativante e carismática de Juliano Cazarré. Grande vencedor do Festival do Rio de Janeiro em 2015, fez parte da seleção do Festival de Toronto. [-]

Um filme que se adequa aos moldes do cinema clássico - trazendo um tema mais polêmico e bem atual. Na trama, acompanhamos o julgamento entre um libanês e um refugiado palestino, ambos vivem em Beirute, capital e principal cidade do Líbano. Nesse contexto, dentro do Oriente Médio, somos apresentados a fortes questões religiosas, tradições e relações humanas. Além da temática, a montagem de ‘O Insulto’ é intrigante e cheio de tensão, sob o comando do diretor Ziad Doueiri - que pode ter poucos filmes no currículo, mas que já trabalhou como assistente de câmera em diversos filmes de Quentin Tarantino. [-]

Uma das melhores atuações da carreira de Margot Robbie, se não foi a melhor até hoje. Você consegue sentir todas as emoções da personagem na pele de Robbie, o mesmo acontece com Allison Janney, que ficou com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. É um filme, baseado em fatos reais, muito bem construído, que faz o estilo mocumentário. ‘Eu, Tonya’ é uma das poucas produções que não transforma a patinadora Tonya Harding em um monstro e busca mostrar o lado dela do escândalo olímpico dos anos 1990. [-]

O título do filme faz referência a província de Ilocos Norte, Filipinas, onde o filme se passa. Evidenciando na produção todas as mudanças atuais na região, uma história que envolve violência, medo, ódio e amor. Apesar do panorama político, ‘Norte, o Fim da História’ tem também um conceito espiritual. Não é um longa fácil, tem um ritmo lento e quase didático, mas vale muito a pena assistir! [-]

Este é um filme interessante, que funciona como um caminho para conhecermos mais da China e o atual processo de “ocidentalização” (ou “americanização”) pelo qual a cultura do país passa nos tempos atuais. Infelizmente, o longa sofre com falhas no roteiro, que não consegue explorar cada uma das ideias propostas na trama. De qualquer forma, isso não impediu que ‘As Montanhas se Separam’ fizesse parte da seleção oficial do prestigiado Festival de Cannes em 2015. [-]

As decisões que tomamos têm um impacto enorme em nossas vidas e, muitas vezes, não percebemos. 'Se Você Soubesse', primeiro longa da diretora e roteirista Joan Chemla, nos faz refletir sobre isso - principalmente com o personagem de Gael Garcia Bernal. A produção discute com delicadeza temas como exclusão social e os conflitos internos de qualquer ser humano. [-]

Um relato sentimental sobre o dia a dia, sobre como trabalhamos e deixamos nos levar pelo cotidiano enquanto nossos talentos, nossas emoções e nossos sonhos são colocados em segundo plano. Ainda assim, eles estão lá, são parte do que somos e estão nas pequenas coisas que fazemos. Mais um grande filme do diretor Jim Jarmusch (de 'Amantes Eternos') e com uma ótima atuação de Adam Driver (o Kylo Ren dos novos 'Star Wars'). [-]

Quarto remake do longa-metragem dos anos 1930 – e que já teve, nas versões anteriores, astros como Judy Garland e Barbra Streisand no papel principal. Desta vez a protagonista é Ally, vivida por Lady Gaga, uma garçonete que sonha com a vida de estrela até que um dia conhece Jackson Maine (Bradley Cooper), um famoso cantor. A partir daí, ‘Nasce Uma Estrela’ constrói, primeiro, uma história de superação, de busca pelo estrelato e de amor. Em um segundo momento, o longa traz a tensão do estrelato de Ally no relacionamento de ambos, nos envolvendo em um turbilhão de emoções. Trabalho primoroso de Gaga, que já tinha atuado em produções como ‘American Horror Story’. Cooper também está ótimo – principalmente quando analisamos que ele está produzindo, dirigindo, coestrelando e até cantando (bem). A trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é ótima e merece destaque a fotografia, assinada por Matthew Libatique (‘Cisne Negro’). [-]

Com muitas sátiras, o filme faz uma bela crítica a visão elitista da arte contemporânea, especialmente do ponto de vista europeu. Em certos momentos, contrasta as diferenças sociais, enquanto, em seu subtexto, mostra que todos somos, na realidade, animais. Vale dizer que este não é apenas um filme: pode ser até considerado um manifesto à arte atual e ao mundo do século XXI. O resultado é uma produção que é um deleite para quem gosta do cinema. É bem diferente dos longas que costumam ganhar o Palma de Ouro no Festival de Cannes, mostrando toda a genialidade e provocação do filme. [-]

‘Jojo Rabbit’ é, sem dúvida alguma, um dos mais surpreendentes filmes da temporada de premiações de 2019-2020. O diretor Taika Waititi (‘O Que Fazemos nas Sombras’ e ‘Thor: Ragnarok’) usa a mente infantil de uma criança para, com muito humor, apresentar os males do extremismo. Em prol de líderes que nunca vemos e por meio de lavagens cerebrais que preferimos não enxergar, lutamos guerras, repetimos preconceitos e pregamos ideais que pouco tem a ver com nós mesmos. Destaque para as atuações de Scarlett Johansson, Sam Rockwll e do próprio Waititi, mas o show é mesmo dos jovens Roman Griffin Davis e Thomasin McKenzie. Não é, definitivamente, uma história para todos os gostos e há mais drama e lágrimas do que os divertidos trailers deixam transparecer, mas certamente é um filme que precisa ser assistido – e que, infelizmente e assustadoramente, ecoa muita coisa do mundo de hoje. [-]

Uma história que poderia acontecer em qualquer grande cidade brasileira – mas que, neste caso, se passa nas ruas do Líbano. ‘Cafernaum’ (“Caos” em árabe) aborda a dura vida na periferia de Beirute, abordando questões como a pobreza, segregação e, principalmente, a negligência infantil, que é uma forma de abusa. Todo rodado com não-atores, o filme venceu o Prêmio do Júri do Festival de Cannes e foi indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro. [-]

Um filme sobre solidão e segredos, mesclando mistério e um drama intenso, incluindo um excelente trabalho da atriz Charlotte Rampling -- que interpreta uma personagem-título, completamente solitária e devastada. O final de ‘Hannah’ é um soco no estômago! [-]

O documentário acompanha o último ano do governo Obama, no qual a equipe do então presidente procurou deixar um legado duradouro. Com acesso sem precedentes aos bastidores, o filme traz uma análise principalmente das relações exteriores dos EUA. Indicado para aqueles que se interessam por política, relações internacionais ou que querem conhecer um pouco mais do trabalho de um presidente. Vale dizer que o longa não foge da maior polêmica de todas: a eleição do Donald Trump. [-]

Este é um filme biográfico sobre Tommy Wiseau, uma pessoa misteriosa que leva a atuação muito a sério e, em 2003, dirigiu, escreveu e atuou no filme 'The Room'. A produção, hoje considerado cult, tem a reputação de ser "a pior fita da história". Dirigido e estrelado por James Franco este é um longa no estilo "Hollywood on Hollywood" e é uma comédia madura sem zombar da figura de Tommy Wiseau. Altamente recomendado para os fãs da dupla James Franco e Seth Rogen. [-]

Claustrofóbico, completamente imersivo e não linear, sendo diferente dos filmes de guerra que estamos acostumados. Christopher Nolan, de ‘A Origem’, consegue agradar até mesmo quem não é fã do gênero com esse filme. ‘Dunkirk’ vale a pena ser assistido diversas vezes, tem muitos detalhes interessantes, além de uma montagem incrível. [-]

Pouca gente sabe, mas a Mulher-Maravilha, a heroína dos quadrinhos, foi criada por um psicólogo, chamado William Moulton Marston – que pretendia usar os quadrinhos com um “grande potencial educador” e que, com a personagem, buscava retratar uma mulher moderna, que não fosse submissa. Este filme relata essa trajetória de Marston e, principalmente, as mulheres que o inspiraram, resultando em uma história de amor madura ancorada nas boas atuações do trio de protagonistas (Luke Evans, Rebecca Hall e Bella Heathcote). Um filme para agradar fãs de quadrinhos, feministas ou para quem busca histórias de amor nada convencionais. [-]

Uma história narrada majoritariamente por mulheres, em um país onde a opinião feminina é irrelevante. O filme trata dos conflitos da Faixa de Gaza sobre a visão de diferentes personagens, que conseguem se unir em um momento de desespero. Esse é o primeiro longa-metragem dos irmãos palestinos Arab e Tarzan Nasser, e eles apostaram em um tema ousado que traz um debate importante para o mundo atual. [-]

Wladyslaw Strzeminski foi um dos pintores mais importantes da arte de vanguarda do século XX, que lutou contra o avanço da influência soviética na Polônia e pela liberdade da sua arte. ‘Afterimage’ conta esta história, compondo um retrato doloroso, mas ainda assim importante, apaixonado e com ótimas atuações. Destaque para a fotografia de Pawel Edelman, também responsável por ‘Ray’ e ‘O Pianista’. [-]

Trata-se de uma história real, a do remédio Mediator, que causou no mínimo 500 mortes na França, agora adaptada de forma moderna e primorosa pela diretora Emmanuelle Bercot. Nos tribunais o caso ainda não foi resolvido, mas ‘150 Miligramas’ traz um pouco de justiça para quem se empenhou em evitar novas mortes. [-]

Uma grande história, sobre crescimento, sobre música e sobre o rock, que nos leva a um dos grandes momentos da produção cultural americana – e do “sexo, drogas e rock’n’roll” no começo dos anos 1970. Apesar de ser inspirado na vida do próprio diretor, Cameron Crowe, o longa tem um apelo universal e momentos memoráveis em um roteiro redondo, que ganhou o Oscar e o Globo de Ouro. [-]

Um dos grandes filmes do cinema nacional, que faz um verdadeiro e visceral raio x da origem da violência, da marginalização e do tráfico de drogas, dando nome e uma vida para estatísticas ou casos que a maior parte da população apenas vê nos jornais. Além disso, o filme traz diversos "não-atores" e a preparação de elenco de Fátima Toledo, que trazem um resultado único para a obra. [-]

Linda fotografia, ótimas atuações. Porém, o que fisga mesmo em 'Cinco Graças' é a história: a condenação da sexualização por parte da sociedade, mas de uma forma que consegue ficar longe tanto da tragédia quanto do otimismo exagerado - tudo por meio de cinco carismáticas personagens. Indo das preocupações pessoais às da sociedade, o longa justifica os 24 prêmios internacionais que recebeu, além da indicação ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira no ano de 2016. [-]

A sociedade falhou, ao menos nos seus mecanismos para cuidar daqueles que precisam de assistência. É esse o olhar que o diretor Ken Loach traz, em uma crítica à falência do estado de bem-estar social britânico e ao chamado “programa de austeridade” do governo local nos últimos anos. Tudo isso empacotado em um relato bastante emocional, que nos faz traçar alguns paralelos com o Brasil. [-]

Em tempos de "fake news" e acusações sobre o papel da imprensa, 'Spotlight' traz o bom e velho jornalismo sendo colocado para funcionar - e revelando uma das mais sórdidas histórias da Igreja Católica. Um filme que é uma verdadeira aula de jornalismo para estudantes, profissionais e para todos aqueles que apenas acompanham os veículos de comunicação - mas que precisam julgar e avaliar as informações que estão consumindo. [-]

Uma história dura e indigesta, que nos relembra de forma ainda mais fatídica dos horrores da escravidão. Solomon Northup teve a oportunidade de, eventualmente, contar pelo que passou, mas existiram milhões que não conseguiram. '12 Anos de Escravidão' é, tecnicamente, um filme perfeito - merecendo os três Oscar que recebeu. No entanto, assista ao filme não por causa disso, mas por conta de todas as histórias que foram silenciadas e nunca poderão ser ouvidas. [-]

'Argo' consegue unir tensão de um fato importante da política internacional com humor e os bastidores da produção de cinema em Hollywood em uma época na qual a indústria ainda se recuperava de tempos sombrios. Um entretenimento perfeito para quem tem interesse nos anos 1970, em espionagem ou nos bastidores das produções cinematográficas. [-]

Uma atuação incrível de Colin Firth, mostrando os bastidores de um dos momentos mais tumultuados da coroa britânica - e que teve impacto direto na Segunda Guerra Mundial. Uma ótima pedida para quem quer encontrar um lado humano em grandes figuras da história, ou tem interesse por aquele período do século XX. [-]

Infelizmente, o contexto familiar tende muitas vezes a ser opressivo, pesado e claustrofóbico. Nos jugam por nossas escolhas, decisões, sentimentos e atitudes - em uma espiral de ressentimento que vai permeando toda a vida. Neste filme, Xavier Dolan visita esses sentimentos de forma quase teatral, com longos diálogos e ótimas interpretações. Se você está procurando fazer uma autoterapia e avaliar o seu próprio relacionamento com a família, aqui está um ótimo começo. [-]

Uma crítica ao machismo, preconceito e hipocrisia do Irã atual - e, por extensão, do mundo atual. O roteiro é fluído e redondo, ganhando ainda mais com as atuações de Taraneh Alidoosti e Shahab Hosseini. Uma obra para ter uma aula de cinema e para conhecer uma cultura que é, ao mesmo tempo, tão próxima e tão distante da nossa. [-]

Um filme tocante, sobre um pai que procura proteger o próprio filho dos horrores do mundo. Grande obra de Benigni, seja na direção, na atuação ou no roteiro, que merecidamente foi laureada com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, entre outros prêmios. [-]