Conhecendo o cinema ucraniano de Sergei Loznitsa

O Cerco a Leningrado (hoje, São Petersburgo) é um dos momentos mais marcantes e significativos da Segunda Guerra Mundial. Por cerca de 900 dias, soldados nazistas e do Eixo impuseram o seu bloqueio à cidade soviética, com o Exército Vermelho e os civis buscando resistir. Em ‘Bloqueio’, o ucraniano (nascido em Belarus ainda em tempos da URSS) Sergei Loznitsa traz uma rica pesquisa e restauração de imagens do dia a dia de Leningrado durante o cerco. Dessa forma, a guerra sai das páginas insípidas dos livros de história e, ainda que em preto e branco, ganha a cor do sangue daquelas pessoas comuns que não pediram pelo conflito, mas que fizeram de tudo para resistir a um bloqueio desumano.Para ver e refletir sobre a maior vítima de qualquer guerra: a vida e a dignidade humana. [-]

Quase 70 anos atrás, quando Josef Stalin morreu, toda a Rússia (União Soviética na época) parou, e por uma semana, lamentou sua morte. Milhares de pessoas prestaram homenagem, e seu funeral foi um evento de proporções enormes, que gerou comoção nacional. É no mínimo curioso que as imagens de um evento dessa magnitude, que foi retratado por centenas de câmeras de cinegrafistas presentes no acontecimento, tenham passado tanto tempo escondidas do conhecimento geral. Ainda hoje, pouco se sabe sobre a União Soviética, sem uma ótica enviesada por parcialidades, e esse documentário nos oferece um pouco mais sobre essa nação. Menos um documentário, e mais um documento de um momento histórico, ‘State Funeral’ é criado apenas com imagens de arquivo. Imersivo, com uma atmosfera pesarosa e introspectiva, nós acompanhamos a interminável procissão, os rostos de luto e o silêncio que se torna estrondoso, ‘State Funeral’ tem um valor histórico inestimável. [-]

O documentário totalmente composto por imagens de arquivo constrói uma narrativa política sobre o perigo do totalitarismo. O conteúdo de suas imagens são diversas filmagens de um dos famosos julgamentos de Moscou, processos praticamente encenados na União Soviética sob o comando de Stalin, onde um grupo de engenheiros e economistas de alto escalão são acusados de crimes que não cometeram. As gravações enfatizam o teatro criado, ressalta como o julgamento se tratava muito mais de um show de poder do que o exercício da lei. Intercalando com imagens de protestos, o documentário é um poderoso documento histórico, que proporciona perspectivas interessantes sobre os males do controle absoluto. [-]

Neste curta documental, o cineasta Sergei Loznitsa revisita (com imagens de arquivo brilhantemente escavadas) a glamurosa Ópera de Paris nos anos 1950 e 1960. De forma rica, ainda que breve, sentamos na plateia ao lado de nomes como Charles Chaplin, Marcel Achard, Brigitte Bardot, Grace Kelly e outros famosos, além de poderosos como o xá do irã Mohammad Reza Pahlavi e as rainhas Fabíolo da Bélgica e Elizabeth II do Reino Unido. Além das músicas e dos rituais da alta-sociedade, tudo isso forma um microcosmo político no qual é possível observar as conexões de grandes nomes da Guerra Fria com a noite parisiense. [-]

Em ‘Fábrica’, o cineasta Sergei Loznitsa se debruça sobre um dia de trabalho em uma fábrica russa em busca de um retrato extremamente cuidadoso e nunca antes visto. O resultado é um curta-metragem que encontra beleza visual em situações que, antes, pareciam normais e corriqueiras, enquanto mergulha o espectador em um debate visual sobre a industrialização na sociedade moderna, a alienação e os reflexos do vigor soviético na Rússia de sua época. [-]