Este é, sem dúvida, o filme sobre multiverso mais engenhoso e ambicioso do século 21 até agora, pela simples razão de que, além de seu frenesi visual incompreensível, há muito coração nele. ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo' é a história de Evelyn (Michelle Yeoh), uma mãe que, em meio a uma auditoria de sua lavanderia, um pedido de divórcio e uma filha frustrada, descobre que existe todo um multiverso com infinitas versões de si mesmos, que existe um ser que ameaça destruí-lo e que só ela pode detê-lo. Com isso, sua consciência deve viajar para outros universos para aprender as habilidades de seus "outros eus" . É uma premissa fértil para um banquete de ação maluca, mas é muito mais do que isso.
É preciso dizer: das aventuras cinematográficas multiversais do Homem-Aranha, sua primeira foi infinitamente melhor, com direção de arte verdadeiramente inspirada e original, e um arco narrativo bem estruturado para seu protagonista. Em 'Homem-Aranha: No Aranhaverso', o protagonista não é Peter Parker, mas sim Miles Morales, que adquire os poderes de uma aranha e deve assumir o papel do aracnídeo quando Parker é morto, na tentativa de parar uma máquina que abrirá os portões do multiverso. A partir daí, Miles deve trabalhar com outros heróis aranha (e outra versão de Peter Parker) para parar essa ameaça enquanto também cresce como defensor de Nova York.
É verdade que a ideia de um multiverso foi introduzida no Universo Cinematográfico da Marvel já em 'Avengers: Ultimato' - e espremida para o máximo de fanservice com 'Homem-Aranha: Sem Volta para Casa'. No entanto, é 'Doutor Estranho no Multiverso da Loucura', de Sam Raimi, que faz algo realmente engraçado com isso. Aqui, o Estranho do nosso universo deve defender America Chavez, uma jovem cujo poder de pular entre universos é cobiçado por ninguém menos que a Feiticeira Escarlate, que o quer para si. Claro que também há fanservice, além de muita loucura multiversal, mas Raimi consegue criar um arco narrativo interessante para Strange, com consequências divertidas para seus saltos entre universos.
Um apagão misterioso, um acidente de bicicleta e, de repente, Jack Malick acorda em um mundo que nunca conheceu os Beatles... 'Yesterday' é uma divertida comédia do diretor Danny Boyle sobre a possibilidade de levar a vida que queremos em um universo paralelo, a fim de descobrir o mel da fama... e seu preço.
Um clássico indie sobre multiversos é, sem dúvida, 'Donnie Darko'. Nele, um adolescente brilhante, mas perturbado (Jake Gyllenhaal) escapa de um acidente de avião bizarro por acaso, momento em que começa a ter visões estranhas de um coelho chamado Frank, que o avisa do fim do mundo. Mas estamos olhando para universos paralelos tangíveis aqui, ou isso é apenas Donnie perdendo a cabeça?
