Filmes

10 diretoras para ficar de olho no Festival de Veneza

Estamos na segunda e última semana do Festival Internacional de Veneza, que começou em 1º de setembro. O evento chega ao fim no próximo sábado, dia 11. Dentre as exibições já tivemos as aguardadas premières de ‘Duna’, sci-fi de Denis Villeneuve; ‘Spencer’, filme sobre a Princesa Diana estrelado por Kristen Stewart e dirigido pelo chileno Pablo Larraín; e também ‘Madres Paralelas’, de Pedro Almodóvar.

Além da expectativa, o que esses três longas-metragens têm em comum é que são dirigidos por homens. Tendo em vista isso, o Filmelier foi em busca de produções com mulheres no comando para ficar de olho na temporada italiana.

Porém, nos deparamos com uma grande seleção de filmes e a falta da representatividade feminina. Dos 21 títulos selecionados para o Festival de Veneza, apenas 5 são de realizadoras. Uma pena, já que no ano passado essa presença foi bem maior – dos 18 filmes da Seleção Oficial de 2020, oito eram de diretoras. Com o menor número, o percentual de representatividade caiu de 44% para 24% de um ano para o outro.

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Apesar disso, as mostras paralelas Venice Horizons e Horizons Extra trazem filmes com realizadoras mulheres. Com isso, selecionamos dez longas-metragens, todos com direção feminina – há apenas duas exceções, que são codirigidos por homens – e que terão o seu lançamento comercial, fora do âmbito dos festivais, nos próximos meses. Vale ressaltar que, tirando as duas produções da Netflix, o restante que destacamos do Festival de Veneza ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

Na disputa pelo Leão de Ouro:

1 – ‘The Power of the Dog’, de Jane Campion

A primeira mulher a ganhar uma Palma de Ouro em Cannes foi Jane Campion, com ‘O Piano’, em 1993. Este ano, temos ‘The Power of the Dog’, o novo filme da cineasta em produção com a Netflix, como um dos destaques do Festival de Veneza. O longa compete pelo Leão de Ouro de 2021 A história gira em torno dos irmãos Phil (Benedict Cumberbatch) e George (Jesse Plemons), ricos proprietários da maior fazenda de Montana. Enquanto o primeiro é brilhante, mas cruel, o segundo é a gentileza em pessoa. Quando George secretamente se casa com a viúva local Rose (Kirsten Dunst), o invejoso Phil faz tudo para atrapalhá-los. Veja o trailer:
O faroeste escrito e dirigido por Jane Campion chega à Netflix em 1º de dezembro e, antes, será lançado em cinemas selecionados nos Estados Unidos.

2 – ‘L’Evenement’, de Audrey Diwan

A romancista, roteirista e diretora francesa de origem libanesa Audrey Diwan comanda seu segundo filme ‘L’Evenement’ – que, em inglês, ficou com o título de ‘Happening’. Depois da estreia na direção com ‘Losing It’ (‘Mais vous êtes fous’), ela encara um novo drama, baseado no romance homônimo da escritora francesa Annie Ernaux. Diwan é conhecida por suas colaborações com o marido Cédric Jimenez – ela escreveu com ele o roteiro de ‘BAC Nord: Sob Pressão’ e ‘A Conexão Francesa’. Assista a um cena abaixo:
‘L’Evenement’ segue a história de Anne, uma jovem que decide fazer um aborto para terminar os estudos. Ambientada na França em 1963, a produção retrata uma sociedade que condena o desejo das mulheres e o sexo em geral.

3 – ‘A Filha Perdida’, de Maggie Gyllenhaal

A premiada atriz norte-americana Maggie Gyllenhaal encara seu primeiro trabalho como diretora de um longa-metragem em ‘A Filha Perdida’. O filme é a adaptação cinematográfica do livro homônimo da escritora italiana Elena Ferrante. O thriller psicológico gira em torno de Leda (Olivia Colman), uma mulher que precisará enfrentar os próprios traumas do passado quando desenvolve uma obsessão por Nina e Elena, mãe e filha que se destoam de sua família.
Olivia Colman em ‘A Filha Perdida’ (Crédito: Divulgação/Netflix)
A estreia de ‘A Filha Perdida’ na Netflix está programada para 31 de dezembro – após ficar em cartaz em cinemas selecionados dos EUA por duas semanas.

4 – ‘Land if Dreams’, de Shirin Neshat

A artista visual iraniana Shirin Neshat codirige com Shoja Azari a sátira política ‘Land of Dreams’. Na produção, acompanhamos a história de uma mulher iraniana em uma jornada de descoberta. Ela vive em um futuro distópico onde os Estados Unidos fecharam suas fronteiras.
Cena de ‘Land Of Dreams’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)
Shirin Neshat tem um nome importante no Oriente Médio: ela é vencedora do Leão de Prata, como melhor diretora, pelo drama ‘Women Without Men’ (Zanan-e bedun-e mardan).

5 – ‘Mona Lisa and the Blood Moon’, de Ana Lily Amirpour

Ana Lily Amirpour despertou o interesse da crítica e dos cinéfilos em ‘Garota Sombria Caminha pela Noite’, sua estreia nos longas-metragens. O filme passou por diversos festivais pelo mundo. Depois de ‘Amores Canibais’, ‘Mona Lisa and the Blood Moon’ é a terceira produção dela – e que surge na Seleção Oficial do Festival de Veneza.
Cena de ‘Mona Lisa and the Blood Moon’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)
Estrelado por Jeon Jong-seo, Kate Hudson, Craig Robinson, Evan Whitten e Ed Skrein, a história acompanha uma garota com poderes incomuns, que escapa de um asilo psiquiátrico e tenta sobreviver sozinha em Nova Orleans.

6 – ‘Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song’, de Dayna Goldfine

Quase todo mundo conhece a música ‘Hallelujah’, que já teve vários intérpretes e passou por muitas trilhas sonoras. No documentário ‘Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song’, temos a honra de conhecer mais sobre o autor dela, Leonard Cohen, que morreu em 2016.
Cohen em imagens de arquivo de ‘Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)
Através da canção, somos apresentados ao legado musical do músico canadense. A produção traz a dupla de diretores Dayna Goldfine e Daniel Geller, que tem um baita currículo. Juntos eles trabalharam em outros documentários, tanto sobre artes quanto crimes. ‘Isadora Duncan: Movement from the Soul’ (1989) e ‘The Galapagos Affair: Satan Came to Eden’ (2013).

Mostras paralelas:

7 – ‘The Peacock’s Paradise’, de Laura Bispuri

O primeiro filme da italiana Laura Bispuri, ‘Virgem Juramentada’, foi apresentado no Festival de Berlim e rodou o mundo, sendo premiado em Tribeca, São Francisco, Hong Kong, Cracóvia (Festival de Cinema da Polônia) e na Itália. Seu segundo trabalho, ‘Minha Filha’, também teve sua première em Berlim e ganhou prêmios na China e em Israel. O trabalho mais recente e quarto filme da carreira, ‘The Peacock’s Paradise’ (‘Il Paradiso Del Pavone’), estreou no Festival de Veneza domingo, dia 5, e é mais uma produção dela para ficar de olho. É o primeiro longa em língua inglesa da carreira de Bispuri e faz parte da Mostra Horizons. Veja o trailer abaixo:
Estrelado por Dominique Sanda, vencedora do prêmio de melhor atriz de Cannes, e por Alba Rohrwacher, que já foi premiada como melhor atriz em Veneza, o longa é um drama familiar. A história acompanha a família de Nena, que se reúne em sua casa de praia para comemorar seu aniversário. Todos estão lá, inclusive Paco, um pavão, que surpreendentemente se apaixona por uma pombinha pintada: um amor impossível que obrigará toda a família a reconhecer seus sentimentos.

8 – ‘Costa Brava, Lebanon’, de Mounia Akl

A diretora libanesa Mounia Akl faz a estreia nos longas-metragens com ‘Costa Brava, Lebanon’, que também faz parte da Mostra Horizons. A narrativa fala sobre a complexa relação de Beirute e o Líbano. Na trama, um casal decide deixar a poluição tóxica de sua cidade natal, Beirute, na esperança de construir uma existência utópica em uma casa imaculada nas montanhas. As complicações no país chegaram até a produção do filme quando Beirute, em 4 de agosto de 2020, foi devastada por uma das maiores explosões não nucleares já registradas. Isso deixou centenas de mortos e centenas de milhares de desabrigados.
‘Costa Brava, Lebanon’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)
“Nosso diretor de fotografia [Joe Saade] quase perdeu o olho, o escritório ficou totalmente destruído e saímos sabendo que toda a nossa cidade estava destruída”, conta Mounia à Variety. Dois meses depois, a equipe de filmagem decidiu seguir em frente e continuar o filme apesar da explosão, da pandemia e do colapso econômico do Líbano. “Sentimos que, criativamente, essa era uma missão que tínhamos”, diz Akl. “E, como diretora, estava evitando que o navio afundasse”. ‘Costa Brava, Lebanon’ é o novo trabalho de Mounia Akl depois do sucesso do aclamado curta ‘Submarine’. O filme fala sobre a crise de lixo do Líbano, em 2015, e a corrupção por trás dela. A diretora usou disso para mostrar diversos outros problemas do países.

9 – ‘My Night’, de Antoinette Boulat

Mais uma estreia na direção é ‘My Night’ (‘Ma Nuit’) marca a estreia da francesa Antoinette Boulat. O nome dela já é bem importante no meio: trata-se de uma relevante diretora de elenco, por trás de filmes com ‘A Crônica Francesa’, ‘Bergman Island’ e ‘Vidas Duplas’. Agora, ela dá os primeiros passos atrás da câmeras, comandando um filme. Boulat co-escreveu e dirigiu o que podemos chamar de um íntimo estudo sobre uma jovem andando pelas ruas, durante a noite, para lidar com a perda da irmã. “No início, a ideia era mesmo seguir uma jovem em Paris à noite”, contou o cineasta à Variety. ‘My Night’ elenca a Mostra Horizons Extra do Festival de Veneza. Assista a um trecho do filme abaixo:
“Com base nesse ponto, pensei, a personagem poderia se ver em luto porque o luto dá a você uma visão distorcida – você está em um mundo paralelo, está distanciado dos outros – e, ao mesmo tempo, oferece um tipo estranho de força. A dor dá a você uma pele mais dura e uma visão mais nítida”, explicou Boulat na entrevista.

10 – ‘Vera Dreams of the Sea’, de Kaltrina Krasniqi

Para fechar, temos mais um selecionado da Mostra Horizons do Festival de Veneza. ‘Vera Dreams of the Sea’ é a história de Vera, uma intérprete de linguagem de sinais de meia-idade, cuja vida foi interrompida pelo suicídio de seu marido. Ela precisa enfrentar a dura realidade de ir contra as profundas questões de gênero que as mulheres lidam na sociedade.
‘Vera Dreams of the Sea’ (Crédito: Divulgação/Venice Film Festival)
Este é o longa-metragem ficcional de estreia de Kaltrina Krasniqi, realizadora e pesquisadora do Kosovo. Ela já tinha trabalhados em documentários, séries de TV e curtas. Agora é aguardar mais alguns meses para que o público brasileiro possa conferir, seja nos cinemas ou no streaming, essas novidades que pintaram primeiro no Festival de Veneza de 2021!

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Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop, UOL e Revista Claudia escrevendo sobre beleza, moda, cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

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