“Quero naturalizar o fato que mulheres são corajosas”, diz diretora de ‘The Old Guard’

Um dos painéis da Comic-Con@Home deste sábado (25) foi sobre mulheres na direção. “Women Rocking Hollywood 2020” conversou com 5 cineastas: Nisha Ganatra, Lauren Wolkstein, Gina Prince-Bythewood, Zetna Fuentes e Alison Emilio. Todas falaram sobre suas visões e deixaram a importante mensagem: mulheres podem fazer de tudo.

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Uma das conversas mais interessantes foi com Gina Prince-Bythewood que ganhou muita visibilidade com seu recente trabalho, ‘The Old Guard’. Afinal, Prince-Bythewood foi a primeira mulher negra a dirigir um filme adaptado dos quadrinhos, com a Netflix bancando a produção.

Estrelado por duas mulheres, Charlize Theron e Kiki Layne, o filme de ação é um dos mais assistidos da plataforma. Outro marco da diretora foi aparecer nessa lista que nunca teve espaço para uma mulher negra antes.

“Me conectei com a história por se tratar de duas mulheres protagonistas, e uma delas é uma jovem negra, isso é algo que nunca tínhamos visto nesse gênero até ‘Pantera Negra’. Fiquei muito empolgada com isso”, contou Gina Prince-Bythewood.

Ela trabalhou com o criador da graphic novel Greg Rucka para adaptar ‘The Old Guard’. Rucka fez o roteiro e a diretora contou que ele deu muito espaço para ela construir a história e sempre ouviu suas ideias.

“É tão raro o criador de uma história em quadrinhos ter a oportunidade de fazer a adaptação de sua obra. Greg fez um trabalho tão bom com o roteiro. O que eu mais gosto, o que me deixou tão encantada, com seu cérebro e todo seu trabalho, especialmente em ‘The Old Guard’, é que ele cria personagens femininos tão únicos”, contou.

Gina Prince-Bythewood espera ter conseguido passar uma importante mensagem com seu filme e que se relacionou com a história. “Eu quero naturalizar o fato de que mulheres são corajosas e duronas, e que não precisamos ter passado por uma situação traumática para nos sentirmos assim. Nós apenas somos incríveis”, completou.

A diretora disse que fica incomodada com o estereótipo de que só homens gostam de longas de ação e que por conta disso, é raro ver mulheres no comando e estrelando filmes assim:

“Eu amo filmes de ação, eu vejo o tempo inteiro. Eu odeio essa ideia que tem em Hollywood de que nós não gostamos de filmes de ação ou não temos o desejo de fazer filmes assim. Então, eu fiquei muito empolgada com a oportunidade”.

Gina Prince-Bythewood achou importante usar menos dublês nas cenas de ação e conversou antes de começar a filmar com as protagonistas para ver como funcionaria essa dinâmica.

“Eu queria que elas estivessem na tela, eu sinto que as melhores cenas de ação são aquelas que tem uma história para contar e direcionam o personagem. Eu precisava ver o rosto delas, vê-las fazendo o trabalho, para ser capaz de contar essa história. Foi uma ótima colaboração com as duas, mas claro que tive uma equipe incrível de dublês também, para coreografar as cenas de luta”, contou.

A cineasta ainda revelou que chegou ouvir rumores de que diretoras costumavam ter problemas com equipes de dublês, mas isso não aconteceu com ela.

Outro coisa que foi relevante em suas construção de cenas de ação foi seu passado de atleta. “O fato de que fiz kickboxing por uns anos foi de grande ajuda. Eu tenho experiência com luta, sei o que funciona. Foi tudo bem divertido e também difícil para caramba”.

Prince-Bythewood relatou que a maior dificuldade desse tipo de sequência é a repetição, pois o mesmo trecho é filmadas diversas vezes até ficar tudo como o diretor quer. Ela explicou que cenas de ação não conseguem ser salvas na edição.

Se você ainda não viu ‘The Old Guard’, o filme está disponível na Netflix e aqui você pode ver como assistir.