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“Trabalhar com Wes é como embarcar em uma aventura”, diz diretor de fotografia de ‘A Crônica Francesa’
Em entrevista, Robert Yeoman dá detalhes de como o décimo filme de Wes Anderson foi filmado
“Uma carta de amor ao jornalismo”. Assim foi descrito ‘A Crônica Francesa’, o novo filme de Wes Anderson (‘O Grande Hotel Budapeste’) que está em cartaz nos cinemas brasileiros. Completamente condizente com seus trabalhos anteriores, o lançamento do cineasta mais uma vez se delicia com detalhes meticulosos e designs organizados milimetricamente.
Celebrando a glória dos conteúdos impressos, o filme é ambientado na redação de uma revista em Ennui, cidade francesa fictícia do século XX. Utilizando-se do formato de antologias, o longa-metragem se compromete a contar algumas histórias que saíram em A Crônica Francesa, a publicação em questão.
Ao som característico das máquinas tipográficas, a produção conta com um elenco ostensivo. Elisabeth Moss (‘The Handmaid’s Tale’), Frances McDormand (‘Nomadland’) e Tilda Swinton (‘A Voz Humana’): esses são apenas alguns dos rostos talentosos que ilustram e dão vida aos líricos tons pastéis de Anderson.
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“Cada uma das histórias tinha seu próprio sabor visual e eu estava animado sobre como traduzir isso para a tela”, contou Robert Yeoman, diretor de fotografia do longa. “Quando Wes me enviou o roteiro, ele já tinha a maior parte do elenco no lugar para que eu pudesse incluir os atores em seus papéis no filme, o que é muito útil para eu entender algumas das nuances da história.”.
Enquanto para alguns o filme mostra as limitações do diretor, para outros saborear a mente de Anderson é sempre um exercício perspicaz. Isso porque, como já visto em outras produções suas – como em ‘O Fantástico Sr. Raposo’ (longa-metragem inspirado no livro homônimo escrito pelo britânico Roald Dahl) -, o cineasta tem influência da literatura e tem afeição pelos significados sutis, nas entrelinhas. “Wes tem uma visão muito forte para cada um de seus filmes. Ele está aberto a ideias de sua equipe criativa, mas no final ele controla todos os aspectos da produção. Tudo é cuidadosamente elaborado na pré-produção para que, quando chegarmos às filmagens, todos já saibamos exatamente como elas serão e como planejamos realizá-las.”, explica Yeoman, que conhece o Anderson desde a produção de ‘Bottle Rocket’, filme de 1996.
‘A Crônica Francesa’ e o pensamento fora da caixa
Em ‘A Crônica Francesa’, a visão romântica da aura editorial é transmitida pela profundidade de campo e, sobretudo, pela luz. “É sempre um pouco complicado iluminar profundamente e fazer com que pareça natural. Os movimentos da câmera também costumam ser difíceis.”, explicou Yeoman. “A escolha da lente e o estilo de iluminação contribuem para capturar os detalhes.”, comenta o diretor de fotografia, dizendo que o ambiente de trabalho com toda a produção técnica é bem próximo. “A gente se reúne todas as noites. É uma atmosfera muito familiar. Às vezes, ele convida um pequeno grupo para assistir as sequências editadas”. Outro detalhe que chama a atenção além das cores pastéis da narrativa, são as cenas gravadas em preto e branco. Inclusive, segundo Yeoman, inicialmente eles tinham planejado gravar apenas uma das histórias dessa maneira em ‘A Crônica Francesa’. “Durante o período de preparação, filmamos muitos testes e tanto Wes quanto eu realmente amamos a aparência do filme em preto e branco. Ele decidiu ir mais nessa direção, às vezes misturando cores e preto e branco na mesma história.”, disse. E, mesmo que o formato antológico não seja exatamente apreciado por todos, Wes Anderson permanece fiel, preocupado e entusiasmado com seus ideais. Como Yeoman sabiamente afirma: “Trabalhar com Wes é como embarcar em uma aventura que muda sua vida”.