Todos temos um momento em que nos sentimos ‘A Pior Pessoa do Mundo’ Todos temos um momento em que nos sentimos ‘A Pior Pessoa do Mundo’

Todos temos um momento em que nos sentimos ‘A Pior Pessoa do Mundo’

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original, o filme mostra as dificuldades da vida adulta

23 de março de 2022 15:32
- Atualizado em 26 de julho de 2022 19:15

Alguns filmes tem um papel muito único em nossas vida, geralmente por conta da identificação que temos com algum personagem ou acontecimento da trama. ‘A Pior Pessoa do Mundo’, que estreia nesta quinta-feira (24) nos cinemas brasileiros, traz uma história bem relacionável para jovens adultos que ainda estão tentando se entender na vida.

O longa, dirigido por Joachim Trier, te faz mergulhar na história de Julie (Renate Reinsve, premiada no Festival de Cannes 2021 por sua atuação), uma mulher beirando os 30 anos que está em uma jornada de autodescoberta. E, se por acaso, você conseguir se enxergar na protagonista, sem dúvida vai se encantar com essa história.

O filme faz parte de uma trilogia do diretor ambientada em Olso, capital da Noruega, composta por ‘Começar de Novo’ (2006) e ‘Oslo, 31 de Agosto’ (2011) – longa de estreia de Renate Reinsve. Inclusive, todas produções citadas contam com a participação do ator Anders Danielsen Lie.

Renate Reinsve foi premiada no Festival de Cannes 2021 por sua atuação em A Pior Pessoa do Mundo (Crédito: Divulgação/Diamond)
Renate Reinsve foi premiada no Festival de Cannes 2021 por sua atuação em ‘A Pior Pessoa do Mundo’ (Crédito: Divulgação/Diamond)

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Trier, já conhecido no circuito de festivais internacionais, traz um drama que envolve diversos conflitos – de carreira, identidade e geracionais – com uma construção dramática, que flerta com uma comédia romântica. Indicado ao Oscar 2022 de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original, o filme mostra que não é preciso nenhuma trama megalomaníaca para tocar as pessoas. A vida real, naturalmente, consegue fazer isso.

Como qualquer jovem deixando os vinte e poucos anos – ou para qualquer um que já viveu essa fase -, é muito natural assistir à ‘A Pior Pessoa do Mundo’ e pensar “eu já passei por isso”. Julie não sabe qual carreira seguir, se realmente quer continuar com seu namorado de longa data, se pretende ter filhos ou se vai ou não deixar sua franja crescer. Parece um cenário banal, mas isso é ótimo pois conversa com o espectador.

Joachim Trier trouxe um ponto de vista feminino e conseguiu um resultado bem democrático, ainda que o roteiro do filme seja escrito por dois homens, ele e Eskil Vogt. Isso sempre foi (infelizmente) muito comum, afinal podemos citar grandes nomes como Ingmar Bergman, Jean-Luc Godard e Michelangelo Antonioni, todos conhecidos por boas tramas sobre mulheres.

Claro que essa informação pode causar um estranhamento. Será que a história seria melhor se tivesse sido escrita por uma roteirista mulher? Talvez sim, já que teria um desenvolvimento melhor nas questões que dizem respeito ao universo feminino. Trier acaba mostrando algumas nuances disso e os relacionamentos ganham um destaque maior, já que é um terreno com presença masculina.

Na trama, Julie vive uma eterna espiral de se sentir alheia as suas próprias vontades até que conhece alguém que resgata sua motivação de viver. Neste contexto, ela passa a viver um dilema: continuar com seu namorado ou se entregar a uma experiência nova?

Esse tipo de situação consegue ser bastante universal, afinal muitas vezes conhecemos as pessoas certas nos relacionamentos errados, ou na hora errada. Mas uma das maiores mensagens de ‘A Pior Pessoa do Mundo’ é sobre a necessidade humana em se sentir preenchido por outro alguém. Quando, na verdade, precisamos estar inteiros para deixar outra pessoa entrar em nossa vida.

Renate Reinsve e Anders Danielsen Lie em A Pior Pessoa do Mundo (Crédito: Divulgação/Diamond)
Renate Reinsve e Anders Danielsen Lie em ‘A Pior Pessoa do Mundo’ (Crédito: Divulgação/Diamond)

O cinema (entre outras mídias) fala muito da eterna busca por um amor e, nos últimos anos, as comédia românticas têm procurado outras narrativas. No fim das contas, esse comportamento acaba nos deixando em uma posição de coadjuvantes em nossas próprias vidas – algo citado no longa de Joachim Trier.

É muito fácil se perder em outras pessoas e esquecer das nossas motivações, ideais e identidade. É difícil tomar certas decisões, mas elas são necessárias – principalmente quando o foco da nossa vida começa a ser distorcido por quem deveria ser um personagem secundário.

Não só isso: no contexto geral, a trama de Joachim Trier consegue se conectar com todo jovem tentando desbravar o mundo adulto sem entender muito bem o que está fazendo. Há muita pressão, cobrança e pouco espaço para erros – se tratando de um ambiente certos privilégios, como no caso da protagonista.

‘A Pior Pessoa do Mundo’ é a dose de realidade que o cinema atual precisa. Muito bem dirigido por Trier e com atuações sensíveis, o longa traz uma narrativa sedutora que, certamente, tem tudo para fisgar o público.

Para saber mais sobre ‘A Pior Pessoa do Mundo’ – incluindo onde assistir ao filme -, clique aqui.

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