Em ‘AmarAção’, Eric Belhassen faz comédia romântica “de guerrilha” Em ‘AmarAção’, Eric Belhassen faz comédia romântica “de guerrilha”

Em ‘AmarAção’, Eric Belhassen faz comédia romântica “de guerrilha”

Longa-metragem, produzido com recursos próprios de Belhassen, conta a história de um homem enfeitiçado pela ex

Matheus Mans   |  
11 de junho de 2021 09:49
- Atualizado em 23 de junho de 2023 18:44

O termo “cinema de guerrilha” é o nome dado para produções que, geralmente, contam com pouco ou nenhum recurso para sua realização. É o filme feito na marra. Apesar de ser mais comum em documentários ou dramas introspectivos, o empresário e cineasta Eric Belhassen, dono da Boca a Boca, mostrou que o mesmo vale para as comédias românticas.

AmarAção’, que entrou em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira, 10 (e chega em breve ao streaming), é uma produção quase que totalmente comandada pelo franco-brasileiro. Afinal, ele dirigiu e roteirizou ao lado do irmão, Marc Belhassen, e também produziu, protagonizou e participou da montagem e da edição de som. Não há como dizer que o longa-metragem romântico não é filho de Eric.

Eric em cena de AmarAção
Eric é a alma de ‘AmarAção’, filme dirigido, produzido, protagonizado e roteirizado por ele (Crédito: Divulgação/Boca a Boca)

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“Quando a gente não tem muita grana, temos que fazer de tudo para funcionar. O que eu sabia fazer, eu fiz. O resto eu deleguei por não saber fazer”, diz Eric Belhassen, em entrevista ao Filmelier. “Mas é assim mesmo que funciona no cinema autoral. Você faz tudo que gosta de fazer. Eu tinha tempo, não tinha compromisso, não tinha patrocinador me cobrando”. 

História de ‘AmarAção’

O longa-metragem também tem muito de Eric na história. A trama acompanha a jornada de um homem (Belhassen) que ouve vozes. Mas nada de doença psicológica. O que ele tem é um feitiço, uma amarração, que a ex-companheira jogou sobre ele. Agora, ao lado do amigo (Caco Ciocler), tenta encontrar um jeito de tocar sua vida e desfazer o feitiço.

“Quando eu comecei a escrever o filme, eu, amigos e familiares estávamos com muitas perguntas sobre relacionamentos. Percebi que estávamos passando por uma mudança de casais que se separavam, mesmo quando existia amor, por causa de problemas materiais, ciúmes”, diz Eric. “Mas o amor estava ali. A magia do amor parece não ser forte o suficiente”.

A partir daí, e inspirado na história de sua avó paterna, que trabalhava como xamã para desfazer “amarrações”, Eric desenvolveu o filme. Gravou em 2014, mas chega só agora aos cinemas. “A ideia era ter lançado em 2019, mas a competição com filmes internacionais estava forte. Em 2020, veio a pandemia. Agora, vimos que mais pra frente não haveria mais chance para filmes nacionais pequenos. É a hora de lançar”, complementa.

Cinema de guerrilha

Eric, além de ser cineasta, ator, roteirista e produtor, também é empresário. O franco-brasileiro é dono da Boca a Boca, que produz, distribui e faz pesquisas de mercado de cinema — é, hoje, referência quando se fala em exibições-teste no Brasil. Assim, é evidente que a pandemia impactou seus negócios com salas de cinema fechadas e adiamento de estreias nacionais.

Ele acredita que o cinema de guerrilha deve ganhar importância no Brasil neste momento em que pouco dinheiro está sendo investido no setor. E isso, é claro, não é sinal de qualidade ruim ou tramas limitadas. Em ‘AmarAção’, Belhassen tem sequências filmadas em Paris, na França, e outras em Israel. Tem até cena do personagem no Muro das Lamentações. 

Clarisse Abujamra está no elenco de ‘AmarAção’ (Crédito: Divulgação/Boca a Boca Filmes)

“Levei o equipamento na mala, encontrei meu irmão na França, pegamos um técnico ou dois, e fomos filmando. Em Israel, só eu e meu irmão. Duas pessoas fazendo tudo. O que tinha que fazer, a gente fez”, conta. No final, até um rabino, que deu aula para Eric na infância, na França, entrou no filme. “Falei pro rabino que tinha que entrar no filme. É magia ou não é?”.

O que não é magia, sem dúvida, é a falta de atenção ao cinema no Brasil que Eric ressalta, quando falamos de cinema sem recursos — que não pode ser romantizado. “Já são três anos que estamos em uma situação de desdenho”, diz ele, indignado. “Qual a vantagem política de destruir nosso cinema? A gente perdeu o rumo. Estrangeiros amam o cinema brasileiro. Parece que só o governo brasileiro não gosta do cinema brasileiro”.

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