Brasileiros não entendem compra e aluguel de filmes online, aponta pesquisa
Os consumidores de filmes ainda não entenderam exatamente como funciona compra e aluguel em plataformas de video on demand, como iTunes, Google Play e NOW. É isso que aponta pesquisa realizada pela Sony Pictures Home Entertainment, que ouviu 750 brasileiros, de ambos sexos, em abril de 2020.
Segundo o estudo, 65% dos consumidores acreditam que precisam assinar alguma plataforma de streaming para fazer um aluguel ou a compra digital de um filme. O que não é verdade. Afinal, no modelo transacional (TVOD, na sigla em inglês), o espectador apenas consome títulos individualmente.
Ou seja: se a pessoa quiser assistir ao novo longa-metragem do Scooby-Doo, que foi lançado exclusivamente em plataformas nessas plataformas de aluguel ou compra, irá pagar apenas aquele valor daquele lançamento em específico. Filmes antigos e clássicos seguem o mesmo caminho. Não é preciso ser feita nenhuma assinatura.
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Além disso, 59% dos consumidores têm uma visão errônea de que é possível fazer a compra ou aluguel de um filme via Netflix, que é uma plataforma de streaming por assinatura que não possui esse modelo de comercialização. “O TVOD possui um alto potencial de alcance com espaço para crescer”, diz o vice-presidente sênior de distribuição e canais da Sony Pictures, Jefferson Pugsley. “O mercado precisa investir na uniformização da mensagem ao consumidor, comunicando os benefícios do aluguel e da compra digital”.
Campanha de conscientização
De olho nessa falsa percepção do consumidor, e com o crescimento da atenção direcionada ao consumo em TVOD durante a pandemia, a Sony vai começar a agir. Até dezembro, a companhia irá veicular vídeos publicitários afim de explicar ao consumidor sobre os benefícios do TVOD. Afinal, a empresa também tem feito investimentos de lançamentos direto no digital. Além de ter adiantado a estreia de filmes como ‘Bloodshot‘ e ‘O Grito‘, afetados por conta da pandemia, a Sony Pictures Home Entertainment também lançou ‘O Chalé‘ e ‘Tudo pela Arte‘ direto no TVOD. Há, inclusive, desconhecimento sobre o tempo que o filme fica disponível. Cerca de 81% dos consumidores não sabem que, se alugado, o título fica ali, disponível para assistir por 48 horas após o primeiro “play”. Nem que, se comprado, fica disponível por tempo indeterminado na biblioteca digital daquela pessoa, sem nenhum limite – continuando nessa biblioteca, inclusive, se ficar indisponível para novas transações de outros clientes. “Existe certo desconhecimento das vantagens de se alugar e comprar um filme que tenha acabado de sair dos cinemas ou que seja seu filme de catálogo preferido e você queira tê-lo sempre”, diz o executivo. “É uma oferta muito ampla, disponibilizados pelos maiores players da TV a cabo”.
Futuro da compra e aluguel
Para Ninho de Arruda, pesquisador de novas mídias em audiovisual, essa visão deverá começar ser transforada aos poucos. “Vimos anúncios de filmes muito esperados, como ‘Mulan’, indo pro TVOD”, diz. “As pessoas vão acabar entendendo que nem tudo é Netflix. Que há um mundo bem além”. No entanto, ele chama a atenção para a acessibilidade do modelo. “Alguns títulos estão sendo lançados com sabores muito salgados no Brasil, como foi o caso de ‘SCOOBY! O Filme’ e como parece ser ‘Mulan'”, diz o pesquisador. “As empresas precisam primeiro construir a cultura e depois cobrar isso”. Sem revelar números, Jefferson Pugsley, da Sony, afirma que os lançamentos em TVOD da Sony tiveram “uma excelente performance, sobretudo aqueles recém-saídos do cinema”. Além disso, ele acredita que os próximos meses devem ser animadores para público e o mercado no geral. “Estamos em fase de expansão”, diz. “Vemos uma tendência de aumento de base de consumidores, tanto para o aluguel como para a compra digital, bem como o aumento da frequência de transações, na medida em que os benefícios exclusivos da oferta ficarem mais claros ao consumidor”.
Matheus Mans
Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.