Crítica de ‘Agente Stone’: até que ponto a mesmice é confortável? Crítica de ‘Agente Stone’: até que ponto a mesmice é confortável?

Crítica de ‘Agente Stone’: até que ponto a mesmice é confortável?

Longa-metragem repete fórmulas sem tentar nenhum tipo de diferenciação do que o cinema de Hollywood vem produzindo

Matheus Mans   |  
11 de agosto de 2023 11:32

É interessante notar como há uma espécie de conformismo em Hollywood. Quando produtores não estão apostando em sequências mofadas, ou reboots e remakes tentando revitalizar sucessos do passado, apostam em filmes que seguem o bê-a-bá de tudo aquilo que já vimos antes. É a mesmice copiando a mesmice, tentando manter o público em um espaço confortável já conhecido. E é justamente isso que acontece no fraquíssimo Agente Stone, da Netflix.

Estreia nesta sexta-feira, 11 de agosto, o longa-metragem conta uma história que dá sono já na sinopse: uma agente (Gal Gadot, a tal Stone do título) de uma organização ultra-secreta é descoberta depois de passar um tempo como infiltrada no MI6, o serviço secreto oficial do Reino Unido. A partir daí, começa uma corrida contra o tempo para proteger essa agência especial e, acima disso, compreender melhor o cenário geopolítico ameaçando a organização.

Agente Stone poderia ser diferente

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Curiosamente, a direção do longa-metragem ficou sob responsabilidade de Tom Harper — o que poderia indicar um desejo de fazer algo minimamente diferente. Afinal, o cineasta é conhecido principalmente por dramas mais intimistas, como o bom As Loucuras de Rose e o empolgante The Aeronauts. Este último até possui alguns traços de ação e aventura, mas nada que chegue perto da trama de investigação, traição e correria que surge em Agente Stone.

Gal Gadot se entrega em Agente Stone, mas mesmo assim não traz brilho algum (Crédito: Netflix)

O fato é que nem dá para perceber qualquer tipo de traço de direção autoral neste novo filme original e exclusivo da Netflix. É um punhado de ideias genéricas sobre o que é fazer filmes de ação no século XXI (conspirações internacionais, hackers, inteligência artificial) embalado em um roteiro sem vida de Greg Rucka (The Old Guard, outro filme que se encaixa nisso aqui) e Allison Schroeder (que, curiosamente, roteirizou Frozen II e Estrelas Além do Tempo).

Com esses nomes em jogo, dá até para entender — mesmo que erroneamente — que houve uma tentativa de fazer algo diferente aqui, colocando uma roteirista e um diretor de fora do mercado de ação hollywoodiano. Mas algo aconteceu no meio do caminho (produtores, talvez, em busca de resultados mais favoráveis?) que acabou jogando a equipe para o mais do mesmo. O confortável, afinal, dá audiência, ainda que não seja um produto final agradável.

Li em algum lugar que o ponto positivo de Agente Stone é que ele faz um filme de ação sem cenas mirabolantes demais. Oras, quem disse isso não deve ter reparado em Gal Gadot voando na estratosfera, por exemplo.

Filme mais do mesmo

Em Agente Stone, do minuto inicial ao último frame do filme, tudo é batido. Desde a reviravolta que surge com 50 minutos de projeção, quando Gal Gadot é traída e se revela uma conspiração internacional (lembra até Alerta Vermelho, mas sem a graça constrangedora); passando pela trama envolvendo uma poderosa inteligência artificial que querem controlar (Missão: Impossível 7, é você?); e até chegar às decisões artísticas que parecem geradas por uma IA.

Agente Stone é um filme sem vida, sem brilho, sem criatividade. Gal Gadot até chama a atenção em algumas cenas que exigem mais da atriz, se saindo melhor do que mostrou em filmes como Velozes e Furiosos. Ainda assim, não é o bastante para qualquer diferencial na produção — algo que Tom Cruise consegue fazer na franquia de Missão: Impossível. Ainda tem a necessidade de fazer com que Jamie Dornan (de Cinquenta Tons de Cinza) atue. Não é fácil.

A busca por grandiosidade também é banal, cansativa: cenas de ação cheias de efeitos especiais (o que diferencia Missão: Impossível do resto, por exemplo), uma seriedade exaustiva (o contrário de Velozes e Furiosos) e uma gama inacreditável de cenários, indo de Portugal até Senegal, como se isso bastasse para fazer o filme crescer em força.

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Como dito, é confortável assistir a filmes que parecem familiares. É por isso que clichês existem e são usados largamente no cinema e na televisão: quando vemos personagens, tipos, subtramas e afins que conhecemos de outros tempos, ficamos mais abertos a aceitar aquela história e até a gostar do que estamos assistindo Mas, em algum momento, isso se torna chato, previsível, cansativo. Agente Stone mostra que estamos bem perto de chegar nisso.

Ainda quer assistir a Agente Stone? Então clique aqui para assistir ao longa-metragem na Netflix.

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