Crítica de 'Ahsoka', episódios 1 e 2: um começo promissor para a série de 'Star Wars'
A Força está presente no início de ‘Ahsoka’, que estabelece uma direção interessante para sua protagonista. Confira a crítica dos primeiros episódios.
Pode-se dizer que, desde sua criação em 2008 para o filme e série The Clone Wars, o personagem Ahsoka Tano é sinônimo de inovação e revitalização para a antiga franquia Star Wars. Sua existência não apenas expandiu a saga para novos públicos – é a primeira Jedi do sexo feminino propriamente desenvolvida – mas também ressignificou elementos de sua história e abriu novos horizontes.
É por isso que quem escreve recebeu com ceticismo as notícias de uma série dedicada à personagem. Era, afinal de contas, uma produção derivada de outra, The Mandalorian, uma série que foi afetada pela mais lamentável e decadente "marvelização" em sua temporada mais recente. O mesmo vale para Obi-Wan Kenobi, outro título que parece ter sido criado mais para explorar o personagem do que para levá-lo em direções interessantes ou coerentes.
Com isso em mente, a perspectiva de uma série sobre Ahsoka, um dos personagens mais amados pelos fãs e um dos mais bem estabelecidos antes da "administração Disney" (que adquiriu a Lucasfilm em 2012); era motivo razoável para temer. No entanto, posso dizer com um otimismo cauteloso que a série – que estreia no Disney+ em 22 de agosto – parece querer levar sua protagonista para um cenário fresco e interessante.
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De mestres e aprendizes
Assim como The Mandalorian, Ahsoka se passa alguns anos após a queda do Império Galáctico em O Retorno de Jedi. A história segue nossa protagonista (interpretada por Rosario Dawson), uma guerreira aliada à Nova República que investiga o "eco" de um possível herdeiro das forças remanescentes do Império.
Sua busca a leva a descobrir um mapa estelar que poderia conduzir a esse indivíduo misterioso. Ao mesmo tempo, ocorre a fuga repentina de uma prisioneira que ela havia entregado à República – Morgan Elsbeth (Diana Lee Inosanto), que também conhecemos em The Mandalorian.
Esse incidente, cometido por dois inimigos armados com sabres de luz, leva Ahsoka a buscar, relutantemente, ajuda de velhos aliados. Por um lado, temos a piloto e general Hera Syndulla (Mary Elizabeth Winstead), que propõe procurar Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo) para decifrar o mapa. Mas há um problema: há ressentimento entre elas, já que Sabine foi a aprendiz Padawan de Ahsoka, e ela a deixou sem concluir seu treinamento.
Embora não seja explorado em profundidade (pelo menos não ainda), os dois primeiros episódios de Ahsoka estabelecem a relação entre mestres e aprendizes como um de seus temas centrais. Na verdade, esse é um dos aspectos mais interessantes a serem explorados no personagem: claro, há aquele momento climático na série animada Star Wars Rebels, mas a relação de Ahsoka com Anakin Skywalker não é apenas uma questão inconclusa, mas também ecoa em seu vínculo com Sabine.
Isso, juntamente com a misteriosa dupla rival de mestre e aprendiz, Baylan Skoll (Ray Stevenson) e Shin Hati (Ivanna Sakhno), parece indicar que a série vai explorar as complexas relações entre guerreiros veteranos da Força e seus jovens Padawans.
E talvez vejamos uma resolução para os vínculos de Ahsoka tanto com seu mestre quanto com sua aprendiz, uma jornada que parece ser mais interessante do que a tentativa em Obi-Wan Kenobi.
Ahsoka é como Star Wars Rebels 2
A "marvelização" aguda e crônica que a Disney tem espalhado por Star Wars tende a resultar em ambições de interconexão narrativa, participações especiais e fanservice simples, tão gratuitos quanto injustificados. Dado o enraizamento em personagens tão estabelecidos, Ahsoka corria esse mesmo risco.
Pelo menos nesses dois primeiros episódios, não parece ser o caso, pois essas conexões ocorrem de forma orgânica. A série parece Star Wars Rebels 2... no bom sentido. Assim como Rogue One, a série animada é uma das produções da era Disney com a virtude de expandir o universo para histórias e personagens interessantes, afastados dos Skywalker.
Ahsoka retoma fios narrativos que ficaram inconclusivos por necessidade em Rebels (era preciso explicar a ausência de seus personagens na trilogia original). No entanto, isso abre espaço para criar incógnitas em torno dos personagens. O que aconteceu com eles nos curtos períodos de paz?
Portanto, embora haja momentos de fanservice, eles não parecem desnecessários. Claro, essa participação especial de Ezra Bridger (interpretado aqui por Eman Esfandi) apela à nostalgia de Rebels, mas também preenche a lacuna em relação a Sabine. A protagonista pode ser Rosario Dawson como Ahsoka, mas Natasha Liu Bordizzo faz um ótimo trabalho ao representar uma guerreira mandaloriana ainda jovem, fora de prática, que volta a se sentir insegura e insuficiente.
Claro que Ahsoka não está livre de alguns vícios que afetam a franquia. Existem recursos já repetitivos, como o droide cômico obrigatório (aqui chamado Huyang, com a voz de David Tennant), assim como uma trama construída em torno de uma série de macguffins.
E se algo está claro com The Mandalorian é que sempre há espaço suficiente para estragar as coisas. Esta temporada de Ahsoka ainda tem mais 6 episódios pela frente. Esperemos que estejam à altura.
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Confira nossas análises da série Ahsoka por episódio:
- Episódio 3: ‘Ahsoka’ diminui o ritmo com seu episódio 3
- Episódio 4: Meia temporada e pouco a dizer
- Episódio 5: Mais fan service do que substância
Lalo Ortega é um crítico mexicano de cinema. Já escreveu para publicações como EMPIRE em español, Cine PREMIERE, La Estatuilla e mais. Hoje, é editor-chefe do Filmelier.
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