Crítica de ‘Invasão Secreta’ (Ep. 1 e 2): Marvel entra no thriller de espionagem Crítica de ‘Invasão Secreta’ (Ep. 1 e 2): Marvel entra no thriller de espionagem

Crítica de ‘Invasão Secreta’ (Ep. 1 e 2): Marvel entra no thriller de espionagem

Com ‘Invasão Secreta’ (‘Secret Invasion’), a Marvel Studios entra de cabeça no thriller de espionagem, com vibes de ‘Os Invasores de Corpos’

Lalo Ortega   |  
14 de junho de 2023 13:00
- Atualizado em 21 de junho de 2023 20:42

“Imagine um mundo onde você não pode confiar na informação”, narra uma voz no início do primeiro episódio de Invasão Secreta, nova série do Universo Cinematográfico Marvel (MCU) que chega ao Disney+ em 21 de junho. “Os noticiários dizem uma coisa, os sites dizem outra. A sociedade começa a se despedaçar”.

Com uma sentença tão contundente, a série da Marvel Studios faz o que todo bom thriller político e de espionagem deveria fazer: mergulhar de cabeça em uma realidade contemporânea e espinhosa. No caso: a desinformação intencional para fins políticos, bélicos ou econômicos, seja para justificar insurreições em tempos eleitorais ou invasões militares.

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Até aqui, tematicamente, é uma surpresa vinda de um dos estúdios mais poderosos e menos arriscados de Hollywood, a julgar pelos dois episódios que a Disney enviou antecipadamente ao Filmelier. Pelo menos, a equipe criativa promete: Ali Selim (Hand of God) dirige, enquanto Kyle Bradstreet (Mr. Robot) atua como criador e produtor executivo.

A Marvel seguirá esses fios de subtexto político? Veremos se o estúdio não será dominado por sua característica brandura. Mas, por enquanto, a produtora oferece em Invasão Secreta um thriller de espionagem envolvente de uma maneira que não haviam feito antes.

Sobre o que é Invasão Secreta?

De acordo com a sinopse oficial da série:

“Nick Fury descobre uma invasão clandestina na Terra por uma facção de Skrulls metamorfos. Fury se une a seus aliados, incluindo Everett Ross, Maria Hill e o Skrull Talos, que estabeleceu sua vida na Terra. Juntos, eles embarcam em uma corrida contra o tempo para frustrar uma iminente invasão Skrull e salvar a humanidade.”

Os Skrulls voltam ao UCM como vilões em Invasão Secreta, da Marvel
Os Skrulls voltam ao MCU como vilões (Crédito: Marvel Studios)

Trata-se da adaptação audiovisual do bem-sucedido megaevento homônimo dos quadrinhos da Marvel, publicado entre 2008 e 2009, em que os alienígenas metamorfos Skrulls se infiltraram na sociedade humana ao assumirem as identidades de vários conhecidos super-heróis.

A série do Disney+ é muito menos ambiciosa em sua abordagem, mas se beneficia disso. Embora os eventos se desenrolem a partir do que foi visto em Capitã Marvel e na conclusão de Homem-Aranha: Longe de Casa, aqui não há grandes super-heróis com identidades substituídas. Apenas um punhado de agentes humanos enfrentando uma situação impossível, porém mais íntima (“Só podemos confiar nas pessoas que amamos. Mas e se essas pessoas não forem quem pensávamos que eram?”, lembra-nos o narrador no início). Os riscos são reais e palpáveis.

O que, para ser honesto, é extremamente refrescante para o MCU (ou UCM), uma franquia afligida por histórias tão complicadas e repetitivas sobre multiversos, variantes e realidades à beira do colapso. Invasão Secreta é pura intriga – pelo menos até agora – com um homem-chave no centro: Nick Fury (Samuel L. Jackson), em seu primeiro protagonismo tardio, mas muito necessário para a saga.

Episódios 1 e 2 de Invasão Secreta: Aliens vs. espiões

Há, como em todas as produções da Marvel, muito terreno para cobrir. Além da narrativa principal, geralmente há referências obrigatórias a outros filmes e séries do MCU, bem como a introdução de novos personagens com a promessa de que aparecerão em futuras entregas da franquia.

Felizmente, pelo menos nos dois primeiros episódios de Invasão Secreta, podemos dizer que esse não é o caso. Há algumas referências aos Vingadores aqui e ali, mas, no geral, a narrativa se concentra no desenvolvimento das múltiplas facções em conflito, com Nick Fury no centro.

Nick Fury retorna em Invasão Secreta (Secret Invasion), da Marvel e Disney+
A série explica o que Nick Fury fez em sua ausência (Crédito: Marvel Studios)

A última vez que vimos Fury no MCU foi em Homem-Aranha: Longe de Casa, onde eventualmente descobrimos que ele estava no espaço. Antes disso, em Capitã Marvel, sabíamos que as relações entre ele e os Skrulls eram amigáveis. O que aconteceu todos esses anos e como chegamos ao ponto em que uma facção dos Skrulls busca a aniquilação humana para tomar posse da Terra?

Mesmo que exagere no diálogo expositivo em alguns momentos, Invasão Secreta faz um bom trabalho explicando o que aconteceu nessas três décadas, reintroduzindo personagens antigos (como Talos, o líder Skrull interpretado por Ben Mendelsohn) e apresentando novos rostos. De particular interesse estão Olivia Colman (vencedora do Oscar por A Favorita) como uma agente de alto escalão do MI6 e Emilia Clarke (Game of Thrones) como uma Skrull com motivações conflitantes.

Por um lado – e pegando uma página do manual de Os Invasores de Corpos (livro de ficção científica adaptado para os cinemas em 1956 com Vampiros de Almas e em 1993 com Invasores de Corpos) e seu subtexto de paranoia da Guerra Fria –, a série consegue manter uma tensão constante porque ninguém, sem exceção, pode ser quem diz ser. Todos podem ser um Skrull e todos podem ser um agente duplo. Embora o MCU já tenha explorado o thriller de espionagem em filmes como Viúva Negra e Capitão América: O Soldado Invernal, aqui o espetáculo cede o protagonismo para a intriga política.

Emilia Clarke (Game of Thrones) em Invasão Secreta, da Marvel
Emilia Clarke é, até agora, uma das peças mais interessantes da trama (Crédito: Marvel Studios)

Por outro lado, ao colocar Fury como protagonista, Invasão Secreta permite desenvolvê-lo além do super agente durão que não está para brincadeiras. Temos aqui um homem combativo e calculista, mas velho e desiludido, um Jack Ryan em um ocaso de tédio que, no entanto, deve seguir em frente em um jogo delicado onde aliados podem de repente não ser mais aliados, e um erro pode desestabilizar as potências mundiais.

Em outras palavras: aqui, menos é mais. E, acima de tudo, Invasão Secreta acaba oferecendo uma variedade muito necessária a uma franquia que já está se tornando monótona, mais envolvida em tecer uma rede de referências do que em contar uma história coesa e apaixonante. Esperamos que, nos próximos episódios, a Marvel não tenha sucumbido à sua própria “marvelite”. Mas, por enquanto, promete.

O primeiro episódio de Invasão Secreta está disponível no Disney+, clique aqui para assistir.

Publicado originalmente na edição mexicana do Filmelier.

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