Crítica: ‘Belo Desastre’ faz o que ‘After’ deveria fazer ao não se levar a sério demais Crítica: ‘Belo Desastre’ faz o que ‘After’ deveria fazer ao não se levar a sério demais

Crítica: ‘Belo Desastre’ faz o que ‘After’ deveria fazer ao não se levar a sério demais

Filme consegue misturar romance e comédia de maneira acertada, tendo um resultado superior aos filmes de ‘After’

Matheus Mans   |  
18 de abril de 2023 10:00
- Atualizado em 29 de junho de 2023 15:28

Atualmente, ao se falar sobre franquias adolescentes de sucesso, esqueça coisas como Harry Potter, Jogos Vorazes e essas outras fantasias que eram unanimidade no passado entre os mais jovens. Hoje, uma das produções de maior sucesso entre adolescentes é, na verdade, uma história erótica: a franquia After. Apesar da empolgação juvenil, porém, os filmes não são bons. São histórias que se levam a sério demais, apesar do absurdo da situação, e não dão muito espaço pra criatividade. E é justamente por seguir um caminho bem diferente dessa rigidez que Belo Desastre, “irmão de After“, funciona. O longa-metragem de romance chegou aos cinemas brasileiros no dia 13 de abril. Agora, Belo Desastre está disponível nas plataformas digitais, confira onde assistir.

A sinopse de Belo Desastre

Dirigido por Roger Kumble (de Segundas Intenções e, curiosamente, também de After), o longa-metragem é o típico filme erótico adolescente: conta a história de Abby (Virginia Gardner), uma jovem misteriosa que sai da casa de seu pai, em Las Vegas, e vai fazer faculdade em Sacramento. Tudo vai bem nessa sua nova vida até que ela conhece Travis Maddox (Dylan Sprouse), bad boy conhecido por sua atividade como lutador amador e que conquista qualquer uma.

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Menos Abby. Mesmo sentindo atração pelo rapaz, a garota resiste. Não quer ser mais uma nas contas do menino mulherengo e não dá o braço a torcer. É aí que nasce o coração da história de Belo Desastre, que fala sobre essa perseguição de gato e rato entre os dois jovens adultos. Entre a atração e a repulsão, entre o amor e o ódio.

Cena de Belo Desastre
Dylan Sprouse e Virginia Gardner são os protagonistas de ‘Belo Desastre’ (Crédito: Diamond Films)

Apesar da bizarrice, Belo Desastre diverte

Não há como negar, e fechar os olhos, para o fato de que o filme conta com momentos bizarros e até mesmo constrangedores. Há uma sequência dos dois protagonistas, ainda resistentes, acordando na cama de manhã que é uma das coisas mais desesperadoras que já vi no cinema — queria entrar dentro da poltrona do cinema de tanta vergonha. Abby e Travis também são personagens artificiais, como paródias do que vemos em Clube da Luta e Quebrando a Banca. Parecem saídos de uma fanfic ruim (como é o caso de After), em que uma ideia banal inspira uma outra ideia banal e por aí vai. Uma montanha de situações sem qualquer criatividade, cheias de chavões.

No entanto, ao contrário do que acontece nos filmes de After, Belo Desastre não tenta, em momento algum, ser sério. Não quer dramas familiares profundos (e que doem a alma de tanta estranheza, no caso da franquia inspirada nos livros de Anna Todd). Quer pegação entre jovens bonitos e que, em última instância, causa emoção no público jovem que vai aos cinemas justamente para ver isso. E apesar da artificialidade das histórias, tanto de Abby quanto de Travis, não há problemas no andamento: fica mais divertido. Você não sente cansaço com a história, só diversão.

Afinal, veja só: do lado dos mais jovens, há espaço para encontrar esse erotismo juvenil, uma espécie de 50 Tons de Cinza sem todas aquelas questões que seriam problemáticas demais para colocar em um filme como esse. Do lado das pessoas que não são necessariamente o público desse filme, também há espaço para se divertir: você não fica passível aos absurdos contados aqui, mas ri junto do filme. Uma mudança e tanto de tom do que vemos em After.

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Absurdos, abusos e umas coisinhas mais em romance adolescente

Vale ressaltar, também, que absurdos cometidos no livro de Belo Desastre são arrumados — li o livro desavisado, há muitos e muitos anos anos, e lembro de ter ficado absolutamente chocado com o que estava lendo; a relação entre Travis e Abby era absolutamente problemática, pra dizer o mínimo. Em um artigo publicado no Medium, Rhaísa Borges destaca como o livro foge de qualquer noção da razoabilidade ao tratar um relacionamento abusivo com risos e flores.

Em Belo Desastre, escrito por Jamie McGuire, nós vemos a idealização de um “romance” conturbado que narra a história de um relacionamento entre o lutador Travis Maddox e a boa garota Abby Abernathy. O relacionamento de Travis e Abby é marcado por uma sequência de situações machistas e pelo ciúme doentio do garoto. O protagonista Travis é um indivíduo imensamente perturbado e com clara propensão à violência física.

Com isso, mais um ponto para o longa-metragem: é uma adaptação razoável. Obviamente, um público mais velho não deve se interessar pela história, cheia de furos, artifícios e lógicas que só fazem sentido na cabeça dos mais jovens.

Belo Desastre funciona como um filme que diverte, seja pelos personagens inesperados, pela história cheia de idas e vindas, pela bizarrice das cenas. Quem for aos cinemas esperando romances eróticos adolescentes, encontrará o que quer. Quem for querendo uma diversão bizarra, terá também. E fica a torcida para que nesse mercado ainda em franco crescimento, de romances eróticos adolescentes, tenha Belo Desastre como exemplo — e After do que não fazer.

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