Crítica: ‘Missão de Sobrevivência’ é filme ultrapassado sem história para contar Crítica: ‘Missão de Sobrevivência’ é filme ultrapassado sem história para contar

Crítica: ‘Missão de Sobrevivência’ é filme ultrapassado sem história para contar

Gerard Butler protagoniza o longa-metragem que traz estereótipos de árabes e uma trama que anda em círculos sem parar

Matheus Mans   |  
26 de julho de 2023 09:00

Confesso que causa até certo constrangimento assistir ao novo Missão de Sobrevivência, novo longa-metragem protagonizado por Gerard Butler e que estreia nesta quinta-feira, 27 de julho. Dirigido por Ric Roman Waugh, parceiro do astro em filmes como Invasão ao Serviço Secreto e Destruição Final, o filme é o mais politizado da dupla – e também o pior.

A história, que tenta colocar infinitas voltas no roteiro para parecer mais complexo do que é de fato, fala sobre um agente secreto da CIA (Butler) que está em território dominado por terroristas árabes. Ele até consegue cumprir sua primeira missão, mas logo sua identidade é revelada. E é aí, em tese, que começa a correria, na tentativa de fugir dos terroristas.

Missão de Sobrevivência, um daqueles filmes de Butler

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Waugh, que foi um dos grandes responsáveis por criar essa persona para Butler de ator de tiro, porrada e bomba, simples passa uma borracha nas questões políticas do Oriente Médio e pasteuriza todas as discussões que nascem a partir dos conflitos dali. É, basicamente, um filme de um lobo solitário, como se fosse um americano contra todos os árabes do mundo.

Gerard Butler é o homem que se confunde com a salvação do mundo em Missão de Sobrevivência (Crédito: Diamond Films)
Gerard Butler é o homem que se confunde com a salvação do mundo (Crédito: Diamond Films)

Missão de Sobrevivência só não é um filme sobre um homem só por conta de um personagem: Mo (Navid Negahban), um tradutor que é enviado para ajudar Butler nessa complicada missão. No entanto, qual a surpresa quando nos é revelado que, apesar de árabe, o personagem é hoje um cidadão americano? É como se todos os árabes fossem terroristas sanguinários – incluindo uma criancinha, em um diálogo que causa vergonha.

O cineasta, no alto de seus 55 anos, faz aquilo que felizmente ficou preso no controverso universo do cinema dos anos 1980: transforma a nacionalidade do inimigo na credencial de vilão. Não há qualquer tipo de complexidade na construção de quem são os vilões da história. É Gerard Butler (e um “árabe domesticado”, na visão do cineasta) contra o mundo.

Com isso, pode-se dizer que Missão de Sobrevivência é o filme mais politizado de Waugh – mesmo sem querer. Ele acaba fazendo uma declaração, um depoimento, sobre a guerra que os Estados Unidos travam contra os terroristas no Oriente Médio. É como se o norte-americano fosse o bastião da liberdade. É como uma releitura de Steven Seagal.

Um filme sem ter o que dizer ou pensar

Só que o grande problema é que, além desse discurso, o longa-metragem também não é bom. Enquanto outros filmes do cineasta contam com boas cenas de ação, principalmente Destruição Final: O Último Refúgio, esta nova aposta da dupla não tem qualquer sequência empolgante – a única cena interessante envolve um helicóptero e é muito mal dirigida.

Butler interpreta um agente da CIA que precisa fugir do Oriente Médio (Crédito: Diamond Films)

Há muitos elementos de filmes de espionagem aqui, com o personagem de Butler sendo perseguido por uma rede de agentes de vários países (Irã, Afeganistão e até Paquistão!), mas também sem mergulhar de fato nesse tipo de narrativa. Muito disso, também, por conta da falta de habilidade do roteiro, assinado pelo estreante Mitchell LaFortune, que cria uma teia de personagens, de várias nacionalidades e objetivos, mas não sabe como juntá-los.

Prova disso são os rumos de uma jornalista, sequestrada bem no início do filme, e que simplesmente some da história. Aparece só no final, pegando a audiência de surpresa.

Fica a sensação, quando os créditos sobem, que Ric Roman Waugh não tem nada pra contar. É um vazio, do começo ao fim, e que nem a presença magnética de Butler em cena funciona. É o pior filme desta safra do cinema de ação na carreira do ator, que não convence, nem empolga – superando até mesmo o fraquíssimo Alerta Máximo. Fica a sensação que Butler está se perdendo no personagem. E isso nunca é um bom sinal.

Missão de Sobrevivência estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 27. Clique aqui para comprar ingressos.

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