Crítica: ‘Sobrenatural: A Porta Vermelha’ não tem nada a dizer no quinto capítulo da franquia Crítica: ‘Sobrenatural: A Porta Vermelha’ não tem nada a dizer no quinto capítulo da franquia

Crítica: ‘Sobrenatural: A Porta Vermelha’ não tem nada a dizer no quinto capítulo da franquia

Astro Patrick Wilson dirige longa-metragem repleto de ausências, indo desde a direção até os assuntos abordados na história

Matheus Mans   |  
5 de julho de 2023 17:49

Poucas coisas são mais constrangedoras do que a falta de assunto. Você não sabe para onde olhar, nem o que fazer com as mãos. O silêncio incomoda. Você até tenta puxar um assunto aqui e acolá, mas nada funciona: a ausência toma conta junto com o constrangimento. É justamente essa a sensação que perpassa no novo Sobrenatural: A Porta Vermelha, quinto capítulo da franquia de terror que estreia nesta quinta-feira, 6.

Dirigido e protagonizado por Patrick Wilson (de Invocação do Mal), o longa-metragem tem tão pouco a dizer que é até difícil explicar sobre o que é a história. Inicialmente, acompanha Josh Lambert (Wilson) com a missão de levar seu filho Dalton (Ty Simpkins) até os aposentos da nova faculdade. Eles não se dão bem e, tal qual o filme, também não acham um assunto que os una. O silêncio reina e os dois não sabem por onde começar o papo.

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Mas é depois de deixar o garoto na nova casa e ir embora que Josh começa a ver que a vida longe de assombrações está longe de ser apenas um passado distante. Os dois, pai e filho, começam a ter visões assustadoras que distorcem a realidade. Josh está sozinho, sem saber por onde seguir, enquanto Dalton conta com a ajuda apenas da sua nova colega de quarto, Chris (Sinclair Daniel), que tenta compreender melhor o que está acontecendo.

Falta de assunto domina Sobrenatural: A Porta Vermelha

E é isso. Sobrenatural: A Porta Vermelha não tem muito o que dizer depois disso. Após quatro filmes que transitam entre o mediano e o bom, a franquia parece bater de frente contra uma parede da falta de assunto: qual assombração vão colocar na vida dos personagens após, basicamente, resolver essa história em Sobrenatural: Capítulo 2? Não é à toa que os dois filmes seguintes (A Origem e A Última Chave) buscaram novos caminhos. 

Dá para perceber que boa parte dos esforços do roteiro de Leigh Whannell (criador de Sobrenatural e Jogos Mortais) e Scott Teems (Halloween Kills) é de trazer até mesmo alguns elementos nostálgicos dentro da trama, mas isso é impossível. A jornada de Josh e Dalton aconteceu há cerca de 10 anos. Será que os estúdios estão tão desesperados por dinheiro a ponto de forçar uma certa nostalgia tão rapidamente? Parece ser inviável.

Patrick Wilson é o protagonista e o diretor do novo Sobrenatural: A Porta Vermelha
Patrick Wilson é o protagonista e o diretor do novo Sobrenatural: A Porta Vermelha (Crédito: Sony Pictures)

Além disso, a estreia de Patrick Wilson na direção não poderia ser mais atrapalhada: além de ter um péssimo material de base, em que o assunto termina antes de começar, há uma completa ausência de senso estético e de personalidade na forma em que dirige. São jumpscares gratuitos, que raramente fazem sentido dentro da história, e que está ali só para assustar – vide o baita susto que ele leva na máquina de radiografia, por exemplo. 

As coisas não se sustentam, a história não avança. Sobrenatural: A Porta Vermelha anda em círculos quase que eternamente. Com uma hora de filme, chega a bater um certo desespero: parece que não saímos do lugar, com a história congelada nas mesmas situações. De um lado, Dalton enfrentando seus medos e fantasmas do passado nas aulas de arte. Do outro, Josh tenta entender as alucinações que vive em visitas à médicos.

Nos 10 minutos finais, quando Wilson e o roteiro decidem correr para que a história tenha algo além da sinopse, o desastre fica ainda mais evidente. Com tão pouco assunto, o filme se aproxima de ser uma paródia de si próprio. Para que você, leitor, tenha uma ideia: um dos personagens enfrenta duramente demônios em uma cena e, logo em seguida, sai feliz de casa dizendo que volta pra jantar na sexta-feira. Parece que nada vivido ali foi real.

Isso sem falar de uma pegada quase religiosa, lembrando filmes espíritas brasileiros, em que antigos personagens voltam e sugerem a existência de uma vida após a morte.

Sobrenatural é para ganhar dinheiro

O fato é que, bom ou não, Sobrenatural: A Porta Vermelha talvez seja o único sucesso garantido do verão americano até agora – além de Barbie, é claro. O filme custou apenas US$ 10 milhões e é esperado que ele se pague no primeiro final de semana de estreia.

É algo que a Sony Pictures vem colhendo frutos financeiros com essa franquia, que começou sob os cuidados de James Wan (Invocação do Mal), desde 2010. O primeiro filme, que foi estrelado por Wilson, custou apenas US$ 1,5 milhão e faturou US$ 100 milhões. O segundo foi ainda melhor: custou US$ 5 milhões e faturou mais de US$ 160 milhões. O terceiro e o quarto filmes seguiram caminhos bem parecidos, lucrando acima do esperado.

É uma máquina de dinheiro. São produções de baixíssimo custo, mas que ainda contam com retorno de público. Não é um Indiana Jones e a Relíquia do Destino que precisa se aproximar da casa do bilhão para fazer lucro: é só atrair os fãs de terror que a produção já está paga. Por isso, não espere que a Sony Pictures termine a franquia com este filme.
Mesmo indo mal de crítica, a saga Sobrenatural já garantiu um novo filme, revelado em janeiro de 2022, com Jeremy Slater (The Umbrella Academy) escolhido para escrever e dirigir. O enredo ainda não foi revelado, mas o projeto está sendo desenvolvido e apoiado por James Wan como produtor com Mandy Moore e Kumail Nanjiani como atores principais.

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Sobrenatural: A Porta Vermelha estreia nesta quinta-feira, 6 de julho. Clique aqui para comprar ingressos.

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