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Crítica de ‘Jogos Mortais X’: filme diverte, apesar do exagero
‘Jogos Mortais’ já perdeu o ‘timing’ da piada, se tornando repetitivo; ainda assim, dá pra se perder na violência descabida da produção
Dez filmes, quase 20 anos. Essas são as marcas da franquia de Jogos Mortais, saga do cinema de terror que usa da violência pra chocar. Começou como um projeto pequeno e barato do então desconhecido James Wan e agora, com o lançamento de Jogos Mortais Xnesta quinta-feira, 28, o longa-metragem se aproxima da estafa – apesar de recuperar um pouco da graça perdida nos últimos anos, com o retorno triunfante de John Kramer.
Aliás, retorno às avessas. Isso é mal explicado, tanto no filme quanto no material de divulgação, mas o novo longa-metragem não é uma sequência direta de todos os filmes de Jogos Mortais, mas sim um encaixe. A história fica exatamente entre o primeiro e o segundo filmes, quando Kramer sofre com um câncer no cérebro e tem pouco tempo de vida. No entanto, como mostra o novo filme, a esperança é a última que morre – e Kramer, enquanto tem como hobby torturar pessoas com automutilação, pensa que pode viver mais.
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É a forma que os produtores da saga encontraram de fazer com que Tobin Bell, o intérprete do vilão, voltasse à cena sem precisar abraçar ideias mirabolantes e retornos póstumos – apesar de sua morte, ele continua presente nos filmes, com ideias que deixou engatilhadas.
Jogos MortaisX é bom?
Aqui, John Kramer volta como herói, não bem como vilão, que tenta se recuperar do câncer. A esperança é a Dra. Pederson (Synnøve Macody Lund), uma médica que promete um tratamento “mágico” que, unindo cirurgia e medição proibida, consegue livrar a pessoa do câncer. Kramer crê e, com isso, acaba caindo em um golpe. Pronto: um dos vilões mais aterrorizantes do cinema de horror tem uma nova motivação para se vingar, matando todos os envolvidos que prometeram a cura e, no fim, só tomaram o dinheiro dos moribundos.
Sendo um encaixe de dois filmes que aconteceram há quase 20 anos, Jogos Mortais X passa longe de ter aquelas reviravoltas finais enlouquecedoras que vimos em outros filmes. Além disso, já estamos “carecas de saber” como é o mecanismo de tortura e qual é o objetivo do protagonista, que se vinga daqueles que não valorizam a vida – algo um tanto quanto moralista, que acabou perdendo a força conforme os anos passaram. Envelheceu. Isso tudo, porém, não significa que o filme não tem graça: a história consegue retomar boa parte da diversão que se perdeu após a morte de Kramer, enquanto os produtores tentavam encontrar um novo caminho para a saga. As mortes continuam criativas, ainda que um pouco mais bestas do que em edições anteriores – a melhor é uma que não acontece de fato, com os olhos de um rapaz sendo sugados por um aspirador. No entanto, o filme admite que não tem muito por onde seguir e não quer reinventar a roda. É um capítulo de Kramer.
O significado do retorno de Jigsaw
O passado alivia a carga da franquia. É a diversão pela diversão. O roteiro, dirigido pelo fraco Kevin Greutert, de Jogos Mortais 6, até ensaia um debate filosófico em torno da moralidade dos atos de Kramer, assim como belisca um questionamento de como seria a reação do protagonista se ele fosse colocado no posto de torturado, não de torturador. Mas o filme não vai além. Parece ter medo de complicar a história para os verdadeiros fãs. Ou seja: Jogos Mortais X diverte e até empolga em alguns momentos, colocando Kramer em um papel mais ativo – coisa que não vemos há décadas. Só que, sem um objetivo claro para o longa-metragem, além da diversão em si, o filme acaba exagerando na dose. Desde o tempo de duração, o mais longo da franquia (quase duas horas), até algumas cenas mais chocantes e toscas, como o momento em que um intestino é usado como corda. Pois é. Jogos Mortais X pode até divertir e trazer um pouco de volta a essência do que deu tão certo na saga, apesar do tom heroico direcionado para John Kramer, alguém que deveria ser vilão. Mas é difícil não enxergar no longa-metragem um certo tom melancólico, como um ator que não sabe o momento de parar – é evidente que as coisas não estão dando certo, mas ainda insiste, gerando momentos constrangedores. Até quando a piada vai ter graça?