Crítica de ‘Jogos Mortais X’: filme diverte, apesar do exagero Crítica de ‘Jogos Mortais X’: filme diverte, apesar do exagero

Crítica de ‘Jogos Mortais X’: filme diverte, apesar do exagero

‘Jogos Mortais’ já perdeu o ‘timing’ da piada, se tornando repetitivo; ainda assim, dá pra se perder na violência descabida da produção

Matheus Mans   |  
28 de setembro de 2023 10:00
- Atualizado em 29 de setembro de 2023 21:36

Dez filmes, quase 20 anos. Essas são as marcas da franquia de Jogos Mortais, saga do cinema de terror que usa da violência pra chocar. Começou como um projeto pequeno e barato do então desconhecido James Wan e agora, com o lançamento de Jogos Mortais X nesta quinta-feira, 28, o longa-metragem se aproxima da estafa – apesar de recuperar um pouco da graça perdida nos últimos anos, com o retorno triunfante de John Kramer.

Aliás, retorno às avessas. Isso é mal explicado, tanto no filme quanto no material de divulgação, mas o novo longa-metragem não é uma sequência direta de todos os filmes de Jogos Mortais, mas sim um encaixe. A história fica exatamente entre o primeiro e o segundo filmes, quando Kramer sofre com um câncer no cérebro e tem pouco tempo de vida. No entanto, como mostra o novo filme, a esperança é a última que morre – e Kramer, enquanto tem como hobby torturar pessoas com automutilação, pensa que pode viver mais.

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É a forma que os produtores da saga encontraram de fazer com que Tobin Bell, o intérprete do vilão, voltasse à cena sem precisar abraçar ideias mirabolantes e retornos póstumos – apesar de sua morte, ele continua presente nos filmes, com ideias que deixou engatilhadas.

Jogos Mortais X é bom?

Aqui, John Kramer volta como herói, não bem como vilão, que tenta se recuperar do câncer. A esperança é a Dra. Pederson (Synnøve Macody Lund), uma médica que promete um tratamento “mágico” que, unindo cirurgia e medição proibida, consegue livrar a pessoa do câncer. Kramer crê e, com isso, acaba caindo em um golpe. Pronto: um dos vilões mais aterrorizantes do cinema de horror tem uma nova motivação para se vingar, matando todos os envolvidos que prometeram a cura e, no fim, só tomaram o dinheiro dos moribundos.

Jigsaw, e seu bonequinho montado em uma bicicleta, estão de volta (Crédito: Paris Filmes)

Sendo um encaixe de dois filmes que aconteceram há quase 20 anos, Jogos Mortais X passa longe de ter aquelas reviravoltas finais enlouquecedoras que vimos em outros filmes. Além disso, já estamos “carecas de saber” como é o mecanismo de tortura e qual é o objetivo do protagonista, que se vinga daqueles que não valorizam a vida – algo um tanto quanto moralista, que acabou perdendo a força conforme os anos passaram. Envelheceu.

Isso tudo, porém, não significa que o filme não tem graça: a história consegue retomar boa parte da diversão que se perdeu após a morte de Kramer, enquanto os produtores tentavam encontrar um novo caminho para a saga. As mortes continuam criativas, ainda que um pouco mais bestas do que em edições anteriores – a melhor é uma que não acontece de fato, com os olhos de um rapaz sendo sugados por um aspirador. No entanto, o filme admite que não tem muito por onde seguir e não quer reinventar a roda. É um capítulo de Kramer.

O significado do retorno de Jigsaw

O passado alivia a carga da franquia. É a diversão pela diversão. O roteiro, dirigido pelo fraco Kevin Greutert, de Jogos Mortais 6, até ensaia um debate filosófico em torno da moralidade dos atos de Kramer, assim como belisca um questionamento de como seria a reação do protagonista se ele fosse colocado no posto de torturado, não de torturador. Mas o filme não vai além. Parece ter medo de complicar a história para os verdadeiros fãs.

Cena de Jogos Mortais X
As mortes são, novamente, as protagonistas do novo Jogos Mortais (Crédito: Paris Filmes)

Ou seja: Jogos Mortais X diverte e até empolga em alguns momentos, colocando Kramer em um papel mais ativo – coisa que não vemos há décadas. Só que, sem um objetivo claro para o longa-metragem, além da diversão em si, o filme acaba exagerando na dose. Desde o tempo de duração, o mais longo da franquia (quase duas horas), até algumas cenas mais chocantes e toscas, como o momento em que um intestino é usado como corda. Pois é.

Jogos Mortais X pode até divertir e trazer um pouco de volta a essência do que deu tão certo na saga, apesar do tom heroico direcionado para John Kramer, alguém que deveria ser vilão. Mas é difícil não enxergar no longa-metragem um certo tom melancólico, como um ator que não sabe o momento de parar – é evidente que as coisas não estão dando certo, mas ainda insiste, gerando momentos constrangedores. Até quando a piada vai ter graça?

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