Como o visual de ‘Lightyear’ se tornou o maior acerto do filme da Pixar Como o visual de ‘Lightyear’ se tornou o maior acerto do filme da Pixar

Como o visual de ‘Lightyear’ se tornou o maior acerto do filme da Pixar

Fran Kalal e Jeremy Lasky, artistas que trabalharam no visual do filme e do personagem, falam sobre os desafios de transformar um brinquedo em uma saga espacial

Matheus Mans   |  
18 de junho de 2022 12:22
- Atualizado em 21 de junho de 2022 10:10

Ainda que o maior atrativo de ‘Lightyear‘ seja a sacada de contar a história por trás do brinquedo, não dá para fechar os olhos e ignorar o maior ponto positivo do longa-metragem: o visual. Da fotografia ao traje, passando pelo design de produção. Tudo ali funciona em uma harmonia de dar inveja em produções que fazem tudo isso no automático. Ainda que tenha muitos problemas, o filme que chegou aos cinemas na quinta-feira, 16, é um espetáculo inegável.

Tudo começou lá atrás, em ‘Toy Story’, porém. Conforme é contado no bom curta-metragem de bastidores ‘Ao Infinito e Além: Buzz e sua Jornada para ser Lightyear‘, Buzz teve vários visuais até chegar ao que é visto no filme de 1999 — contando com o próprio Angus MacLane, diretor de ‘Lightyear’, como um dos principais responsáveis pela animação do patrulheiro estelar. O visual de astronauta, as cores, os olhos, a pose de Buzz… Tudo foi pensado em detalhes.

Buzz Lightyear, trajes e tempo

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Agora, quando chega neste “filme de origem”, há uma clara intenção de trazer toda a essência do personagem captada lá atrás. Mas com algo mais: já que ‘Lightyear’ brinca com a passagem do tempo e coloca Buzz em uma espécie de cápsula que o transporta através das décadas, os profissionais de design do longa-metragem da Pixar colocaram toda sua criatividade à prova. Foi preciso fazer com que os trajes reflitam essa passagem de tempo.

'Lightyear': Buzz faz viagem emocionante em novo teaser
Parte do traje de Buzz, uma das preocupações da equipe do filme (Crédito: Divulgação/Disney)

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“Cada vez que Buzz retorna de um voo de teste, o Comando Estelar tem anos para planejar a próxima nave e se adequar para Buzz completar sua missão. Que mudanças na nave, traje e combustível de cada missão atingirão a hipervelocidade e levarão a tripulação para casa?”, explica a supervisora ​​de figurino, Fran Kalal, ao Filmelier. “Assim, o que é um traje espacial? O que isso faz? E como um design de traje espacial evoluiria ao longo do tempo?”.

Tentando responder essas perguntas, Fran conta que a equipe de design, figurino e simulação mergulhou de cabeça em uma quantidade insana de pesquisa. Fizeram uma viagem à NASA, onde se encontraram com um consultor de design de trajes espaciais para entender como acontece a evolução dos trajes de um astronauta — a inspiração de Buzz lá nos anos 1990. Além disso, analisaram materiais no museu Smithsonian e se inspiraram em outros filmes.

Como resultado, conseguiram ser fiéis ao que Buzz precisava em cada momento. “Um traje espacial de lançamento, por exemplo, é projetado para manter um humano vivo no espaço ou na água por tempo suficiente para uma operação de resgate. Eles são estruturados com camadas e mais camadas de fios de resfriamento, anéis de metal pesado, uma camada externa impermeável, medidores de utilidade e instrumentos. E todas essas camadas adicionam estrutura e mudam a maneira como o usuário pode se mover. Agora, o primeiro traje de lançamento e entrada do Buzz é o XL 01. Ele nos leva de volta aos primórdios da exploração espacial humana, com a função sobre a forma”, diz.

Lightyear
Buzz com seu traje inicial, o XL 01 (Crédito: Divulgação/Disney)

No final, ainda regendo todo o trabalho da equipe, há a necessidade de brincar com a emoção e a nostalgia do público, sempre referenciando o que foi visto em ‘Toy Story’. “Nós começamos todo esse processo olhando para o brinquedo”, conta Fran. “Nos perguntamos: quais são os elementos mais icônicos do Buzz? Tinham os ombros, os joelhos. Depois, olhamos para o Buzz como humano com proporções. Assim, nós pegamos peças desse brinquedo e fomos retrabalhando essas imagens, dando proporções. Você reconhece a silhueta do Buzz, mas como humano”.

Fotografia de ‘Lightyear’

O outro pilar de ‘Lightyear’ é a fotografia, comandada por Jeremy Lasky (‘Procurando Nemo’). Segundo ele, o filme se apoiou em três pilares: coesão, clareza e cinema. A coerência vem muito da criação espacial da história, respeitando a passagem do tempo, as mudanças dos personagens, as transformações dos ambientes em que eles estão inseridos. Já a clareza, que é uma das principais preocupações de Jeremy, nasce da complexidade de uma história sobre o tempo.

“‘Lightyear’ é um filme complexo, mas a narrativa deve ser sempre clara. Um público que assiste a um filme é constantemente bombardeado com informações, seja por meio de som ou visual. É vital construir as imagens que guiam o público através do filme, para que eles nunca fiquem confusos sobre o que está acontecendo na tela. Com a ênfase das formas gráficas sobre a forma, nossas tomadas mantêm uma clareza visual que ajuda a direcionar a atenção do público”, explica o diretor de fotografia, encarregado de colocar o público nesse complexo ambiente espacial.

Por fim, há a outra preocupação: que ‘Lightyear’ seja realmente cinematográfico. “Quando penso em filmes sendo cinematográficos, todos os que me vêm à mente têm imagens que ficaram na minha cabeça muito tempo depois que o filme acabou e eu saí do cinema”, diz Jeremy. “Assim, coletamos muitas, muitas imagens durante a pré-produção que ajudariam a inspirar o visual de ‘Lightyear’. Muitas, muitas, muitas imagens. E embora sejam de filmes e gêneros diferentes, cada um é notável por apresentar uma encenação ousada, clara e composições memoráveis”.

Isso tudo com um objetivo máximo: fazer com que ‘Lightyear’ seja um genuíno filme de animação espacial. “Era vital lembrar disso”, diz Jeremy Lasky, sobre os desafios do filme. “Cresci assistindo a muitos filmes de ficção científica e tenho um profundo amor por esse gênero e queria ter certeza de que aproveitamos tudo o que ele tem a oferecer”.

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