'O Amor Dá Voltas' reflete sobre as complicações de um triângulo amoroso
Será que o amor dá voltas? Neste filme, um homem se vê numa relação surpreendente com a ex-cunhada
André (Igor Angelkorte) é um médico que acaba de voltar para o Brasil após passar dois anos em trabalho voluntário na África. Quando desembarca no aeroporto, encontra sua namorada Beta (Juliana Didone). Espera aí, namorada? Nada disso: a personagem seguiu sua vida, casou e tem um filho. As correspondências que André trocava, na verdade, eram com Dani (Cleo), irmã de Beta. Esse triângulo amoroso é a trama de 'O Amor Dá Voltas', estreia desta quinta, 22.
Dirigido por Marcos Bernstein (‘Meu Pé de Laranja Lima’), este romance nacional flerta com a comédia de situações para falar sobre amores inesperados. Talvez até mesmo impróprios, inconsequentes. Afinal, tudo parte de uma premissa caótica: um protagonista, que precisará entender como ficou sua vida amorosa após passar dois anos se correspondendo e se apaixonando ainda mais por alguém que, antes de tudo isso, era apenas a sua cunhada.
"Em um primeiro momento, parece uma comédia romântica que você vai no cinema pra comer pipoca. Mas, quando você percebe, o filme já tem vários desdobramentos que surpreendem quem está assistindo. A princípio, você acha que a Beta está muito convicta com seu casamento, mas logo o coração fica desestabilizado. Ela percebe que não sabe de nada", explica Didone ao Filmelier. "Não são só duas mulheres apaixonadas pelo mesmo homem. São duas irmãs".
Ainda que seja uma comédia romântica, 'O Amor Dá Voltas' é mais uma reflexão sobre o que o ato de amar hoje em dia. Traz não só essas dissonâncias entre o interesse amoroso e o trabalho, como também busca compreender como o sentimento pode ser fluído. Em tempos de "catfish", quando pessoas se apaixonam por alguém que não existe, é curioso notar essa paixão movida e atrapalhada de um homem que se apaixonou por cartas que não eram da amada.
Lembra até mesmo um pouco de 'Lunchbox', filme indiano sobre um homem que se corresponde com uma mulher, que não conhece, por meio de marmitas. Aqui, porém, o complicador é que o protagonista conhece (e muito bem) essa personagem. "Não trabalho com um único gênero. Gosto de passear entre histórias", diz Marcos. "Por isso, acabei fazer essa comédia romântica que pode ser engraçada, mas que também tem muito drama, muita verdade".
Nascimento de 'O Amor Dá Voltas'
Marcos Bernstein conta que boa parte da ideia do filme nasceu quando estava fazendo pesquisas para um documentário na África. Ouviu uma música de Marvin Gaye e começou a pensar sobre as complicações que conversas amorosas por cartas poderiam causar -- ou até mesmo nascer a partir dessas mesmas confusões. "Fiquei com isso na cabeça, mas fui dirigir outros filmes e novelas", conta. "Até que, anos depois, resolvi voltar pra isso e dirigir o filme".
A partir disso, Marcos vai evoluindo a história até chegar nesse triângulo amoroso complicadíssimo, que deixaria Woody Allen, o rei dessas situações nos cinemas, encafifado. Como resolver? Esse triângulo, com essa especificidade, causa em mim um misto de emoções. É uma monta-russa de sentimentos", diz Igor. "E tudo isso funciona por conta do equilíbrio entre o coerente e incoerente. O que tem de luminoso, mas também de estranho, errático e contraditório".
Igor, aliás, arrisca dizer que André é, na verdade, um alter ego do diretor, já que protagonista se parece muito com Marcos. Será? "Nunca me meti em uma situação dessa", confessa o diretor, ao ser questionado pelo Filmelier. "Mas é legal brincar com o personagem, com o estilo, que parte de suas características. O André tem um lado meu. Mas não é um alter ego. É um pouco sobre isso: se espalhar em projetos que você faz enquanto tenta trazer mais verdade".
Nos bastidores
Por trás das câmeras, o elenco conta que a relação foi bem diferente do usual. Afinal, ainda antes da pandemia, eles gravaram 'O Amor Dá Voltas' em Arraial do Cabo -- longe da casa de todos eles. Dessa forma, acabaram convivendo no dia a dia, indo para além das gravações do filme e encontrando espaço para conversas depois do "corta" do diretor.
"Foi um filme que a gente ficou muito amalgamado, muito gostoso de trabalhar juntos", diz Igor. "Ficamos semanas em Arraial do Cabo e a gente não ia embora, simplesmente. A gente jantava juntos, conversava. Isso criou intimidade".
Cleo, por fim, conta que essa experiência toda contribuiu para ela achar o tom da personagem. " Foi muito gostoso. É uma personagem com muitas camadas. Adoro o jeito dela, o jeito que ela se comporta, as tentativas frustradas dela em resolver a questão. É uma personagem com muitos desejos. Ela quer muitas coisas e fica perdida", explica a atriz.
Jornalista especializado em cultura, gastronomia e tecnologia, cobrindo essas áreas desde 2015 em veículos como Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites. Já participou de júris de festivais e hoje é membro votante da On-line Film Critics Society. Hoje, é editor do Filmelier.
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