Filmes

Roteiristas e atores discutem representação LGBT+ em filmes e séries de terror

Um dos últimos painéis desta quinta-feira (23) na Comic-Con@Home foi sobre a representatividade LGBT+ na mídia – especificamente em filmes, podcast e séries de terror. A jornalista Jordan Crucchiola moderou o evento que serviu de termômetro para o documentário ‘Horror is Queer’, da Shudder – streaming de terror da rede de televisão norte-americana AMC.

O diretor do filme Sam Wineman, Don Mancini, criador da franquia do boneco assassino Chucky, Bryan Fuller, showrunner da série ‘Hannibal’, o ator não binário Lachlan Watson da série ‘O Mundo Sombrio de Sabrina’ e Nay Bevers do podcast ‘Attack of the Queerwolf’, que mergulha no gênero do terror, discutiram sobre o tema.

Lachlan Watson na série ‘O Mundo Sombrio de Sabrina’ (Foto: Reprodução/Netflix)

Por que o título ‘Horror is Queer’?

Em português a palavra queer significa esquisito, estranho e no inglês, se tornou um termo para designar pessoas da comunidade LGBT+. Dentro desse âmbito, queer se tornou algo positivo e desde então, tem sido usado sem conotações pejorativas.

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Partindo disso, os convidados do painel chegaram a conclusão de que o gênero do terror sempre foi queer, pois nunca deixou de ser algo estranho e desperta uma curiosidade. Ainda assim, existem estereótipos dentro desse meio que precisam ser quebrados. O diretor Sam Wineman explicou que o horror queer pode ser dividido de quatro formas diferentes: representação explícita, codificação queer (intencional ou não), propriedade queer (ou onde a comunidade queer se vê refletida) e apenas ter um criador queer. Mesmo contando uma história heterossexual, o criador queer continua mostrando sua arte e voz única dentro da comunidade LGBT+. Nos assuntos abordados, os convidados falaram sobre a importância da representatividade dentro do gênero.
Cena de ‘Brinquedo Assassino’ (Foto: Reprodução/MGM)
O criador da franquia ‘Brinquedo Assassino’, Don Mancini, revelou que não tinha intenção de fazer com que sua história fosse representativa. No entanto, isso acabou acontecendo de forma muito inconsciente. Ao criar o protagonista Andy Barclay, ele se inspirou em si mesmo. O garoto é solitário, com problemas com o pai e seu sonho é arrumar um amigo verdadeira. Mancini é gay e teve problemas com seu pai por conta disso. Sem perceber, ele passou o que sentia para sua história de terror. “Talvez tenha sido minha vingança pessoal colocar isso no filme, talvez seja meio autobiográfico”, completa o diretor.

A comunidade queer busca ganhar mais representatividade na mídia no gênero do terror

O ator Lachlan Watson trouxe sua visão não binária para o debate, ao citar que na hora de fazer a escolha de atores os diretores não deveriam se preocupar em fazer um personagem que se encaixe em um papel LGBT+. “Eu acho que esse rótulo de que atores e criadores queer só podem criar arte queer precisa ser desconstruído. Há muito mais que isso”. Ele também fala sobre o fato de muitas vezes personagens LGBT+ são colocados como vilões pelo simples fato de serem LGBT+. “Eu quero ver pessoas queer como vilões por outras razões, que não seja por ser uma pessoa queer. Gostaria que o mundo chegasse em a um ponto onde todos possam interpretar papéis complexos”, completou Lachlan Watson.
Elenco da série ‘Hannibal’ (Foto: Reprodução/Sony Pictures)
Já o showrunner e criador da série ‘Hannibal’, Bryan Fuller, quis brincar com a mente de seus fãs quando finalizou a criação de Will Graham e Hannibal Lector. A ideia inicial era que eles fossem dois homens heterossexuais se apaixonando, mas decidiu mudar isso para que os espectadores tirassem sua própria interpretação. A representação é importante e a ideia do documentário ‘Horror is Queer’ será mostrar o quão relevante tem sido a comunidade LGBT+ para histórias de terror. O documentário deve ser lançado na plataforma da Shudder ainda esse ano, nos Estados Unidos.

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Raíssa Basílio

Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop, UOL e Revista Claudia escrevendo sobre beleza, moda, cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.

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