Entre ‘Venom’ e ‘A Origem’, Tom Hardy se prova um ator completo Entre ‘Venom’ e ‘A Origem’, Tom Hardy se prova um ator completo

Entre ‘Venom’ e ‘A Origem’, Tom Hardy se prova um ator completo

Astro britânico não foge de papéis, mesmo os mais questionáveis, e mostra rara versatilidade em Hollywood

Matheus Mans   |  
6 de outubro de 2021 11:51

Bane, Venom, Mad Max. São vários os personagens marcantes do britânico Edward Thomas Hardy — ou, simplesmente, Tom Hardy. Versátil, passeando entre diversos gêneros, o astro conseguiu deixar um pouco da sua marca nos cinemas. Agora, ainda protagoniza ‘Venom: Tempo de Carnificina’, um dos filmes mais esperados – e que chega aos cinemas brasileiros amanhã, 7.

No entanto, sua jornada para chegar neste ponto da carreira não foi simples, tampouco fácil. Nascido no cosmopolita distrito de Hammersmith, em Londres, o filho único Tom Hardy começou sua vida já mergulhado no mundo das artes: a mãe era artista e pintora, enquanto o pai era escritor de comédia. É nesse ambiente que Hardy segue para a moda e o teatro.

Tom Hardy em A Origem
Tom Hardy em cena de ‘A Origem’, um de seus primeiros sucessos no cinema (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

Isso mesmo. Em 1998, apenas aos 21 anos, Hardy venceu o concorrido concurso britânico ‘The Big Breakfast’s Find Me a Supermodel’ e foi contratado pela agência de modelos Models One. Quase ao mesmo tempo, foi estudar no Drama Centre London ao lado de Michael Fassbender e tendo Anthony Hopkins como um de seus mentores por lá.

Tom Hardy, álcool e drogas

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Apesar desse início de carreira meteórico, com bons resultados tanto como modelo quanto como ator, Hardy passava por maus bocados na vida pessoal. Afinal, por volta dos 20 anos, o britânico começou a enfrentar um severo vício em álcool, cocaína e crack. Hardy hoje conta que está limpo do vício desde 2002, após uma dura batalha, mas lembra dos tempos difíceis.

“Eu era uma estatística suburbana vergonhosa”, disse ele, em 2015, à revista Essentials, quando foi questionado sobre esse período de sua vida. Sobre os conselhos que recebeu, complementou: “disseram claramente: ‘Se você for por esse caminho, Tom, você não voltará. É isso. É tudo que você precisa saber’. Tenho uma sorte do caramba de ainda estar aqui, para ser honesto.”

Na mesma entrevista, Hardy ainda se abriu sobre como era visto por colegas. Afinal, entre 1998 e 2002, ele começou a decolar. Participou da série ‘Irmãos de Guerra’ e, depois, fez sua estreia nos cinemas com ‘Falcão Negro em Perigo’, thriller de guerra de Ridley Scott. Depois, já em 2002, chamou a atenção na ficção científica ‘Jornada Nas Estrelas: Nêmesis’.

Hardy mostrou talento e habilidade em ‘Star Trek: Nêmesis’, interpretando um “clone” de Picard (Crédito: Divulgação/Paramount Pictures)

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Ele diz que, nessa época, as pessoas começaram a prestar atenção na sua dependência conforme começou a ganhar peso e a ser agressivo com as pessoas. “O problema com Hollywood é que querem que você seja algo, e então eles pensam que você é quem eles querem que você seja. Eu não sou um lutador. Eu sou um pequeno menino burguês de Londres”, disse.

Tom Hardy, estrela em ascensão

Após esse período nebuloso na vida de Hardy, a ascensão meteórica voltou a ser realidade em sua carreira, sendo premiado com o London Evening Standard Theatre Award de Melhor Ator em Ascensão pelas peças ‘Blood’ e ‘In Arabia We’d All Be Kings’. Foi a deixa para ser chamado para filmes para TV da BBC, como ‘Sweeney Todd’ — não o de Tim Burton e Johnny Depp.

Já no cinema, começou a fazer papéis pequenos, mas em filmes mais relevantes, como ‘Maria Antonieta’, de Sofia Coppola, e ‘Sucker Punch’.

A virada em sua vida veio mesmo em 2008. Após uma série de pequenos papéis no cinema, ganhou protagonismo com ‘Rock’n’Rolla: A Grande Roubada’, dirigido por Guy Ritchie, e, principalmente, com ‘Bronson’. Nesse filme do dinamarquês Nicolas Winding Refn, interpretou o prisioneiro Charles Bronson, que passou a maior parte da sua vida na prisão solitária.

Hardy ganhou massa muscular para interpretar um prisioneiro em ‘Bronson’ (Crédito: Divulgação/Vertigo Films)

Pronto, foi o sucesso absoluto. Dedicado ao papel e seis anos limpo, ele se entregou de corpo e alma ao personagem. Chegou até mesmo a construir uma relação com Bronson, após inúmeras visitas à cadeia para entender melhor sua personalidade, sua história e suas motivações. Elogiado pela crítica, arrebatou o British Independent Film Award de Melhor Ator.

Entre ‘A Origem’ e ‘Batman’

Depois disso, se provando enfim como um ator completo, Tom Hardy passou a entrar em produções de primeira linha de Hollywood. Sob o comando de Christopher Nolan, o ator britânico ganhou propulsão no longa-metragem ‘A Origem’ — um dos maiores sucessos do cineasta. Sob comando de Nolan, foi Bane em ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge’.

Entre um filme e outro, nesses dois anos que separam ‘A Origem’ da franquia ‘Batman’, Hardy ainda encarou outros papéis, independentes ou de menor propulsão, mostrando personalidade. Esteve no complexo ‘O Espião Que Sabia Demais’, foi boxeador em ‘Guerreiro’ e surpreendeu no drama de faroeste ‘Os Infratores’, ao lado de Shia LaBeouf e Guy Pearce.

Desde então, sua carreira tem se dividido exatamente assim, com filmes dramáticos e independentes dividindo seu tempo com grandes blockbusters. Antes de ‘Mad Max: Estrada da Fúria’, fez os provocativos ‘A Entrega’ e ‘Locke’. Entre ‘Venom’ e ‘Venom: Tempo de Carnificina’, se arriscou em ‘Capone’ — que foi, infelizmente, devassado pela crítica.

No futuro, os projetos mostram que Hardy busca manter essa versatilidade. Tem um filme sem título do universo de ‘Mad Max’, um novo longa do cineasta Gareth Evans (‘Operação Invasão’) e também encara o novo filme de Rupert Sanders, cineasta por trás dos desastrados ‘Branca de Neve e o Caçador’ e ‘A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell’.

Ou seja: Hardy é um ator que se arrisca. Topa projetos que tem tudo para ser uma furada, mas acabam dando certo — como ‘Venom’, que agradou no primeiro filme. Ousa, brinca, provoca. É um ator que não permanece na mesmice. Obviamente, não saberemos o que ele estará fazendo daqui alguns anos. Mas há uma certeza: dado sua história, não desistirá tão fácil.

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