Dreams (2024) é, junto com Sex (2024) e Love (2024), parte de uma trilogia do cineasta norueguês que, como sugerem os títulos, lida com as complexidades dos relacionamentos humanos, da sexualidade e das normas sociais. Neste filme, acompanhamos uma jovem mulher que, ao se apaixonar perdidamente pela sua professora de francês, decide anotar isso em seu diário para preservar a lembrança consigo. Mas sua vida dá uma reviravolta quando o assunto privado é descoberto por sua mãe e sua avó, que, inicialmente chocadas, ficam fascinadas pelas qualidades literárias de sua escrita. A partir daí, enquanto os personagens refletem sobre as implicações e consequências de publicar o material, o diretor traça uma história que reflete sobre o choque entre a realidade dos relacionamentos e os ideais românticos, com um equilíbrio entre humor, melancolia e um tom profundamente reflexivo que, além de se entrelaçar com os temas da trilogia, lembra o também norueguês A Pior Pessoa do Mundo (2021).
Síndrome da Apatia (2024) é um filme do cineasta grego Alexandros Avranas (Não Me Ame, 2017), estreado no Festival de Veneza de 2024. A trama segue uma família de quatro pessoas—os pais e suas duas filhas—refugiadas russas na Suécia, que esperam, um dia, ter sua solicitação de asilo aprovada e se tornar cidadãs suecas: aprendem o idioma, mandam as filhas para a escola e trabalham duro. No entanto, quando a solicitação é recusada, uma das meninas entra em um coma misterioso, causado pelo síndrome da resignação. Avranas constrói neste filme um drama familiar arrepiante, com pessoas encurraladas e enfrentando situações impossíveis que oscilam entre um humor absurdo e uma desesperança muito real, que fará refletir sobre as complicadas realidades de tantos refugiados ao redor do mundo.
A Luz (2025) é um filme do diretor alemão Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra, 1998), estreado no Festival Internacional de Cinema de Berlim de 2025. A trama segue uma família alemã cuja vida parece relativamente normal até que uma misteriosa imigrante síria, Farrah (Tala Al Deen), aparece em suas vidas como governanta. No entanto, sua presença mexe com muito mais coisas na rotina da família, desencadeando mudanças e desenterrando segredos que afetarão todos. Tykwer propõe uma história que reflete os desequilíbrios de poder – tanto na vida doméstica quanto entre os países – explorando o que a globalização pode fazer para desumanizar o indivíduo.
Emmanuelle (2024) é um filme francês dirigido por Audrey Diwan (O Acontecimento, 2021), que propõe uma releitura feminista do famoso romance erótico homônimo escrito por Emmanuelle Arsan, que por sua vez deu origem a uma vasta série cinematográfica. Esta versão segue uma Emmanuelle (Noémie Merlant, de Retrato de uma Jovem em Chamas) mais independente, aqui uma executiva de uma cadeia de hotéis de luxo enviada à sede de Hong Kong para descobrir as razões pelas quais o hotel reduziu suas receitas, e assim encontrar uma justificativa para demitir a gerente (Naomi Watts). No entanto, ela logo se vê obcecada por um cliente misterioso (Will Sharpe), enquanto começa a viver experiências sensuais no hotel. O filme de Diwan propõe reinterpretar um clássico erótico sob uma nova perspectiva mais progressista, somada a um estilo visual mais elegante, mas igualmente sensual.