Embora Sean Baker já tivesse dirigido quatro longas anteriormente, Tangerine foi sua porta de entrada para o reconhecimento mundial. E que entrada: com um orçamento de apenas 100 mil dólares (ínfimo para os padrões dos EUA), o filme foi gravado com iPhones 5S para reduzir custos. Essa abordagem condiz com sua premissa: um dia na vida de Sin-Dee Rella (Kitana Kiki Rodriguez), uma trabalhadora sexual trans que, ao sair da prisão, descobre que seu namorado e cafetão a traiu com uma mulher cisgênero. Com a ajuda de sua amiga (Mya Taylor), ela parte em busca de vingança, marcando o estilo único e as temáticas recorrentes do diretor.
Seu próximo projeto, Projeto Flórida, trouxe maior visibilidade ao diretor, contando com Willem Dafoe, que foi indicado ao Oscar por sua atuação. Ainda assim, Baker permaneceu fiel ao foco na marginalidade americana, desta vez contrastando a dureza da vida adulta com a inocência da infância. O filme narra a história de Moonee (Brooklynn Prince), uma menina travessa que vive com sua mãe Halley (Bria Vinaite) em um quarto de motel próximo à Disney World. Enquanto a criança vive suas aventuras, a mãe, sem dinheiro, recorre a métodos perigosos para sustentar ambas.
O sétimo filme de Baker, Red Rocket, foi selecionado para o Festival de Cannes em 2021 e trouxe uma nova perspectiva, agora masculina. A trama segue Mickey Saber (Simon Rex), um ex-ator pornô que, sem perspectivas, retorna à sua cidade natal no Texas, onde ninguém parece sentir sua falta.
Finalmente, Anora coroou Sean Baker com um dos maiores prêmios do cinema: a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2024. Protagonizado pela excepcional Mikey Madison, o filme acompanha outra trabalhadora sexual que acredita ter encontrado sua saída para uma nova vida quando o irresponsável filho de uma família de oligarcas russos se casa com ela. Porém, a realidade logo vem bater à porta de seu conto de fadas.