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Crítica: ‘A Teia’ é suspense que agrada fãs do gênero, mas sem ousadias

Roy (Russell Crowe) é um ex-detetive de homicídios que não lembra de quase nada — o próprio nome vem em flashes, não lembra quem é o colega e precisa colocar adesivos por toda a casa, lembrando até como usa uma torradeira. Quando A Teia começa, porém, uma nova esperança surge na vida do ex-policial: ele passa por um tratamento revolucionário para Alzheimer. E é aí que é chamado para reexaminar um brutal e misterioso caso de seu passado.

Estreia nos cinemas desta quinta-feira, 2, o longa-metragem faz uma velha brincadeira do cinema de suspense, fazendo essa mistura de memórias fragmentadas com uma investigação importante a ser revisitada. Algo que já vimos em Amnésia, de Nolan, e, mais recentemente, o fraquíssimo thriller de ficção científica Caminhos da Memória.
Personagem de Russell Crowe tenta colher os cacos da memória em A Teia (Crédito: Imagem Filmes)

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Ou seja: nada de realmente inovador. Aqui, o cineasta e roteirista Adam Cooper, que faz sua estreia na direção após assinar o roteiro de filmes como Assassin’s Creed e A Série Divergente: Convergente, segue o bê-à-bá mais básico do texto que inspira o filme, com o título de O Livro dos Espelhos. Para quem não conhece, esse livro de E. O. Chirovici não segue apenas as fracas memórias de Roy, mas também de outros envolvidos — o leitor tenta dar conta dessas versões. Aqui, Roy é o protagonista absoluto enquanto outros personagens envolvidos no tal crime (a morte de um professor universitário) apenas orbitam essa trama principal. Nada de muito novo, como poderia acontecer a partir da história.

A Teia, porém, acerta com o básico

Mas, por mais que falte coragem ao filme, fica evidente que talvez essa seja a melhor decisão para A Teia. Afinal, conforme os 110 minutos do longa-metragem vão avançando, Crowe (Gladiador) se mostra como o único ator em cena com algum comprometimento — ainda que esteja em marcha automática há tempos. Karen Gillan (Guardiões da Galáxia) está tenebrosa como uma das envolvidas. Sua atuação é mecânica, sem vida, apenas soltando frases à esmo. O resto do elenco não está tão ruim quanto a atriz da Marvel, mas também não brilham. Investir em um único personagem dessa história pode soar covardia para quem leu o livro, mas, enfim, se revela confortável e correta.
Crowe está bem, mas falta mais inventividade para o diretor Adam Cooper, de A Teia (Crédito: Imagem Filmes)
O que poderia, no fim das contas, é brincar mais com as idas e voltas da memória do personagem. No começo, Roy precisa andar com um papel no próprio bolso. Mas, aos poucos, ele parece se lembrar melhor de tudo que está acontecendo. Obviamente deve ser efeito do tal procedimento milagroso, mas falta ao diretor mais habilidade em mostrar como essa melhora esta acontecendo — fica algo muito jogado, sem grandes explicações ou entendimentos. No final das contas, A Teia, dentro de sua incapacidade de entregar um suspense que mexa com as estruturas do gênero, como o livro tenta fazer, acerta como um filme para fãs do gênero. Além desses ecos dos já citados Amnésia e Caminhos da Memória, o longa-metragem traz um clima de histórias de suspense do Supercine, aquele sessão de madrugada da TV Globo, como O Mistério da Libélula, 8mm: Oito Milímetros, Por um Triz e outros filmes similares. A conclusão de A Teia até surpreende, por mais que dê pra sacar como o filme se encaminha nos últimos 40 minutos, e pode deixar parte do público positivamente impactada. O fato é que, no final das contas, fica aquela sensação de que não é melhor filme de suspense da história — tampouco do ano. Mas é uma diversão sincera para passar o tempo.

A Teia estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 2 de maio.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

Escrito por
Matheus Mans

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