Diversa, intensa, premiada: relembre a carreira de Angelina Jolie Diversa, intensa, premiada: relembre a carreira de Angelina Jolie

Diversa, intensa, premiada: relembre a carreira de Angelina Jolie

Conhecida por uma carreira diversificada, com dramas, filmes familiares e thrillers, Angelina Jolie emplaca duas produções em cartaz no Brasil

Matheus Mans   |  
1 de junho de 2021 09:34
- Atualizado em 4 de junho de 2021 19:21

Angelina Jolie é um daqueles nomes que se confundem com o significado de talento, fama e sucesso em Hollywood. Afinal, a atriz conseguiu conquistar respeito no cinema norte-americano sempre mantendo posições firmes, enquanto também busca diversificar o seu trabalho nas telonas. Fez sucesso em suspenses (‘O Colecionador de Ossos’), dramas (‘Garota, Interrompida’), ação (‘O Procurado’) e até mesmo em franquias infanto-juvenis (‘Malévola’).

Agora, retornando de uma pausa na carreira de atriz desde 2015, Jolie começa a ressurgir nos cinemas com a mesma força, talento e sucesso. No Brasil, fica duplamente em cartaz a partir desta quinta-feira, 3. De um lado, o suspense de ação ‘Aqueles que me Desejam a Morte’, já nos cinemas, no qual interpreta uma bombeira salvando a vida de um garotinho. Do outro, está na fantasia ‘Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos’, que chega na quinta, como a mãe de Alice e de Peter Pan.

Angelina Jolie faz o papel da mãe de Alice e Peter Pan em ‘Alice e Peter’ (Crédito: Divulgação/Imagem Filmes)

Como cereja do bolo, a atriz americana está cada vez mais comentada por sua participação em ‘Eternos’, filme da Marvel Studios que promete dar uma sacudida no universo cinematográfico dos heróis. No longa-metragem, que ganhou seu primeiro trailer recentemente, Jolie interpreta Thena, uma heroína conhecida pela força, velocidade e resistência parte de uma raça de criaturas superiores — e sem maiores detalhes do papel que tem no longa.

Início de vida e carreira

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A conquista de Hollywood por parte de Angelina Jolie começou cedo. Bem cedo. Afinal, filha dos atores Jon Voight e Marcheline Bertrand, ela cresceu entre cenários, câmeras e claquetes. Segundo ela conta, a vontade de começar a atuar começou com sessões caseiras de cinema que tinha com a mãe. Depois, Voight levou Jolie para atuar ao seu lado no filme ‘Lookin’ to Get Out’, quando Angelina Jolie tinha apenas cinco anos de idade.

No entanto, a pequena acabou saindo de cena depois dessa experiência. Fez clipes e participou de curtas no começo dos anos 1990. Quando adolescente, matriculou-se no Lee Strasberg Theatre Institute, de Los Angeles, para estudar teatro. Enquanto isso, cursava o Ensino Médio em uma escola de Beverly Hills. Lá, sofreu bullying pela condição financeira mais limitada e por sua aparência — Jolie era magra, usava óculos e aparelho ortodôntico.

Depois, a vida de Jolie se tornou uma espécie de “borrão”, como descreve. Por conta do bullying que sofria, foi transferida para outra escola para concluir o Ensino Médio. Se transformou: adotou um visual punk rock, pintou o cabelo de roxo, vestia roupa preta e passou por experiências diferenciadas com o namorado. “Eu ainda estou lá no fundão e sempre serei apenas uma garota punk com tatuagens”, disse, em 2004, à Vogue.

Angelina Jolie em cena de ‘Garota, Interrompida’, na qual interpretou uma sociopata (Crédito: Divulgação/Columbia Pictures)

Nesse período, Jolie também enfrentou problemas de saúde — de ordem física e psicológica. Sentia-se deslocada e tinha dificuldade de se conectar emocionalmente com outras pessoas, causando ferimentos contra si própria. Ela também enfrentou insônia e transtorno alimentar, além de passar a se aproximar do consumo de drogas — até mesmo heroína. Chegou, ainda, a tentar suicídio, indo atrás de um assassino profissional.

Na carreira, o cinema voltou a aparecer com força aos 20 anos, quando a vida particular de Jolie ainda enfrentava percalços. Entre 1995 e 1996, apareceu em cinco filmes: nos thrillers ‘Hackers: Piratas de Computador’ e ‘Justiça Sob Suspeita’, no elogiado drama ‘Rebeldes’, no estranho romance ‘Mojave’ e na comédia romântica ‘Duas Famílias Em Pé De Guerra’. Todos filmes de baixo orçamento e bilheteria, mas que destacaram Jolie.

Sucesso de Angelina Jolie

A partir daí, por volta de 1998, a carreira de Angelina Jolie deslancha. Surpreendendo crítica e público, faturou Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV do Globo de Ouro no biográfico ‘George Wallace’. Depois, emplacou seu primeiro grande sucesso como a modelo Gia Carangi em ‘Gia’, no qual narra a destruição da vida e da carreira de Carangi como resultado de seu vício em heroína, seu declínio e morte por SIDA em 1980.

Já na vida particular, ela enfrentava problemas pessoais. Teve um casamento relâmpago com o britânico Jonny Lee Miller — com quem casou em uma cerimônia na qual usou uma camiseta branca com o nome do marido escrito com o próprio sangue — e teve dificuldade de sair de personagens. Chegou a declarar “aposentadoria” depois de seu papel em ‘Gia’, quando ficou conhecida por ser difícil de lidar nos bastidores.

Em ‘Gia’, a atriz entregou uma das atuações mais potentes de sua carreira (Crédito: Divulgação/HBO)

Mas desistiu de abandonar a atuação e retornou às produções em 1999, ano que se tornou um marco na carreira de Jolie. Ela engatou três grandes produções em sequência, ficando em evidência: ‘Alto Controle’, contracenando com John Cusack , Cate Blanchett e com o futuro marido Billy Bob Thornton; o suspense ‘O Colecionador de Ossos’, com Denzel Washington; e, enfim, o drama ‘Garota, Interrompida’, com Winona Ryder.

Como este papel, ganhou seu terceiro Globo de Ouro, seu segundo Screen Actors Guild, e seu primeiro Oscar — todos como Melhor Atriz Coadjuvante.

Neste ponto, não havia mais volta. Em uma época com muito preconceito e que Jolie ainda não se sentia bem de saúde, acabou se tornando uma espécie de “femme fatale” nos cinemas — aquela mulher sensual, sempre com destaque para sua aparência até em cenas que não exigem isso, e com bom desempenho em filmes de ação. Estrelou ‘60 Segundos’, entrou na franquia ‘Lara Croft: Tomb Raider’ até chegar em ‘Sr. e Sra. Smith’.

Ali, ela ganhou o status de estrela internacional ao lado do marido Brad Pitt, com quem engatou um romance logo após as gravações de ‘Sr. e Sra. Smith’. Passou a focar na diversidade de papéis: estrelou dramas potentes (‘O Bom Pastor’, de Robert de Niro; ‘O Preço da Coragem’ e ‘A Troca’, de Clint Eastwood), romance (‘O Turista’), dois filmes de ação (‘Salt’ e ‘O Procurado’) e, enfim, apostou nas crianças (‘Kung Fu Panda’, ‘Malévola’).

Jolie em ‘A Troca’, potente drama sobre maternidade de Clint Eastwood (Crédito: Divulgação/Warner Bros.)

Por fim, na vida pessoal, quase nada mais de escândalos como os da adolescência e do início de carreira. Jolie, ainda que tenha sido alvo de comentários sobre ser o pivô do divórcio de Pitt e Jennifer Aniston, além de ter uma relação ruim com o pai Jon Voight, se tornou sinônimo de glamour. Com Pitt, a família aumentou para seus filhos — depois de um adotado com Thornton — e Angelina Jolie virou embaixadora de projetos humanitários.

Desdobramentos da carreira

Já consagrada em Hollywood, Angelina Jolie deu um novo passo em 2011, quando foi para trás das câmeras dirigir ‘In the Land of Blood and Honey’, drama romântico entre um soldado sérvio e uma prisioneira bósnia durante a Guerra da Bósnia. Foi mais um sucesso na carreira, indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira. E ela, nomeada como cidadã honorária de Sarajevo por aumentar a consciência da guerra

Depois disso, ficou fora por três anos, quando voltou em ‘Malévola’, grande produção da Disney para o público infantojuvenil. Então, dirigiu um novo filme, o elogiado ‘Invencível’, sobre um ex-atleta olímpico que sobreviveu a um acidente aéreo durante a Segunda Guerra Mundial. Por fim, em 2015, dirigiu e roteirizou ‘À Beira Mar’, no qual dividiu o protagonismo ao lado do então marido Brad Pitt — pouco antes do inesperado divórcio com o astro.

A última incursão de Jolie por trás das telonas foi no elogiadíssimo drama biográfico ‘Primeiro, Mataram o Meu Pai’, uma cinebiografia sobre a escritora e ativista de direitos humanos Loung Ung. Foi bem aceito por público e crítica no lançamento global na Netflix, além de ter sido indicado ao Globo de Ouro e ao BAFTA de Melhor Filme em língua não inglesa. Não levou nenhum dos prêmios, mas consolidou Angelina Jolie como cineasta.

Angelina Jolie e a maternidade

Agora, depois de mais uma pausa da atriz norte-americana em 2017, ela retornou às telonas em 2019. De novo, aposta em diversidade: começou com a sequência ‘Malévola: Dona do Mal’, novamente no papel da vilã-protagonista; emprestou a voz para uma elefanta em ‘O Grande Ivan’; e, agora, chega nos cinemas brasileiros com esses dois filmes já em cartaz, ‘Aqueles Que Me Desejam a Morte’ e ‘Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos’.

Enquanto a diversidade se mantém na carreira de Jolie, percebe-se uma mudança nos personagens de Jolie. Não importa qual o gênero ou o tipo de público, a atriz de apenas 45 anos deixa o papel de “femme fatale” no passado para abraçar personagens maternais: seja a elefanta que precisa proteger a prole, a bombeira que protege um garotinho perdido ou, ainda, a mãe que cria, e dá asas à imaginação, para que Alice e Peter voem por aí.

Por um lado, há essa mudança na carreira de Jolie, que começou a se concentrar em papéis mais sóbrios e com menos ação. No entanto, há também o preconceito de Hollywood com mulheres mais velhas nas telas: conforme envelhecem, os papéis começam a ser de personagens mais maduros. É um movimento contrário ao que acontece com homens, como Tom Cruise, que parecem não envelhecer com os seus personagens. 

É algo que, sem dúvidas, precisa ser reconsiderado o quanto antes em Hollywood. Mas, enquanto isso, vale aproveitar o talento de Jolie nas telonas, não importa se em filmes de ação, comédia, suspense ou voltados para o público infantil. Forte, intensa, avessa à polêmicas, preocupada com a humanidade e com os rumos do planeta. Angelina Jolie, por maior que seja a força de sua imagem, não deixa de reverenciar sua origem.

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