‘As Agentes 355’: Conheça a história real que dá título ao filme ‘As Agentes 355’: Conheça a história real que dá título ao filme

‘As Agentes 355’: Conheça a história real que dá título ao filme

O filme presta uma homenagem à espiã 355, que teve um papel importante na Guerra de Independência dos Estados Unidos

21 de janeiro de 2022 14:32
- Atualizado em 25 de janeiro de 2022 12:10

Nesta semana, chegou aos cinemas brasileiros ‘As Agentes 355’, filme de ação que reúne Jessica Chastain, Penélope Cruz, Lupita Nyong’o, Diane Kruger e Bingbing Fan. De cinco nacionalidades – Alemanha, China, Colômbia, Estados Unidos e Inglaterra -, elas encaram uma missão para impedir uma ameaça invisível.

Na trama, quando uma arma ultrassecreta cai nas mãos de um grupo de mercenários que ameaçam o mundo, a agente da CIA Mace Brown (Jessica Chastain) tem que unir forças para uma missão mortal. Ela se junta a agente alemã Marie (Diane Kruger); a ex-membro do MI6 e especialista em computadores Khadijah (Lupita Nyong’o); a psicóloga Graciela (Penélope Cruz); e com a Lin Mi Sheng (Bingbing Fan), que está rastreando a arma.

Com direção de Simon Kinberg (‘X-Men: Fênix Negra‘), a história tem um ar de ‘Missão: Impossível’ misturada com produções de espionagem envolvendo mulheres.

Aliás, demorou um bom tempo para que personagens femininos ganhassem as telas como protagonistas de histórias do gênero. Que tal aproveitarmos o gancho para resgatar essas influências, assim como a história real que inspirou o novo longa-metragem?

‘As Agentes 355’ marca um novo momento dos filmes de ação (Crédito: Divulgação/Diamond)

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De Greta Garbo à Angelina Jolie

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Um dos primeiros filmes com espiãs foi ‘Mata Hari’ (1931), em que Greta Garbo dá vida à personagem-título, uma dançarina alemã que seduz homens no intuito de obter informações ultrassecreta durante a Primeira Guerra Mundial. Anos depois, em ‘Intriga Internacional’ (1959), temos Eva Marie Saint ajudando Cary Grant. No filme, o personagem dele é acusado de ser um espião.

De lá pra cá, é claro, tivemos muitas outras produções do tipo, como ‘As Panteras’, ‘Agente 86’, os filmes do James Bond, ‘Nikita’ (e seus remakes, incluindo pra TV) e séries como ‘Alias’. No entanto, foi só lá para 2010 que as mulheres, de fato, ganharam um tratamento mais sério nos cinemas, com o foco completamente nelas.

Tramas como ‘Salt’ (2010), ‘Jogo de Poder’ (2010), ‘Homem de Ferro 2’ (2010) – com a Viúva Negra de Scarlett Johansson -, ‘Missão: Impossível – Nação Secreta (2015)’, ‘Atômica’ (2017) e ‘Ava’ (2019) mostram esse outro tom.

É notável que papéis femininos ganharam destaque nos últimos anos e temos um número maior de filmes de espionagem com mulheres. ‘As Agentes 355’ é um desses exemplos – e não temos só uma mulher protagonizando, temos cinco.

Quem foi a Agente 355?

Eis que a história acaba conversando com a vida real. O título do novo filme é uma referência direta a uma espiã conhecida apenas pelo codinome 355. A identidade dela é o último mistério remanescente da Revolução Americana. Essa mulher da vida real desempenhou um papel central no Culper Spy Ring, grupo de espiões ativo durante a revolução.

A organização era liderado por George Washington, Benjamin Tallmadge, Robert Townsend e Abraham Woodhall. A principal função deles era fornecer informações sobre as atividades do britânicas. O Culper Ring conseguiu informações vitais sobre os movimentos das tropas britânicas para os generais americanos durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, conhecida também como Guerra Revolucionária. 

O codinome 355 fazia parte de um sistema desenvolvido pelos norte-americanos para manter todos os nomes e locais desses agentes em segredo. Neste caso, funcionou muito bem. Apesar do nome da tal espiã permanecer em segredo até hoje, o que ela fez nunca foi esquecido.

Lupita Nyong’o é a intérprete de Khadijah em ‘As Agentes 355’ (Crédito: Divulgação/Diamond)

Segundo o Women History Blog, com base nos dados do National Women’s History Museum, o grupo de espiões operou de 1778 a 1780 em uma intrincada rede que envolvia a cidade de Nova York, na época ocupada pelos britânicos, a Setauket, Long Island, alcançando também o norte de Connecticut e indo, no oeste, até a sede de George Washington em Newburgh, Nova York. A organização foi bastante eficaz na coleta de informações valiosas a partir de conversas descuidadas entre os britânicos e seus simpatizantes.

Utilizando uma variedade de truques, incluindo um tipo de tinta invisível desenvolvida pelo irmão do futuro chefe de justiça John Jay. O Culper Ring forneceu dados precisos aos líderes militares americanos, principalmente ao general Washington e seu assessor Alexander Hamilton (sim, do musical ‘Hamilton’).

A 355 teve um papel importante durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos

Segundo a história, a 355 foi a responsável por descobrir a traição de Benedict Arnold, um importante general durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos. Essa descoberta culminou na prisão e execução de Major John Andre, um oficial do Exército Britânico enforcado como espião.

A emboscada que levou Andre à cadeia desencadeou uma apreensão de suspeitos em território ocupado pelos britânicos. A agente 355, que estava grávida na época e tendo um envolvimento com um outro espião, Robert Townsend, foi presa e interrogada, mas se recusou a revelar qualquer informação.

De acordo com os relatos, ela foi mantida a bordo do famoso navio-prisão HMS Jersey, no porto de Nova York, onde as condições eram tão horríveis que a expectativa de vida era de apenas alguns meses. Mais tarde, 355 deu à luz a um menino, que supostamente morreu a bordo do navio.

Após o ocorridos, os relatórios do Culper Ring decaíram significativamente. Segundo com a correspondência da família, Townsend viveu seus dias deprimido, solteiro e bebendo muito. Como espionagem é um ramo que grande parte das coisas precisa ser mantida em segredo, não há muitas documentações dos agentes que atuaram no grupo.

No entanto, ainda há informações suficientes para comprovar que o Culper Spy Ring desempenhou um papel significativo durante um período sombrio na Guerra Revolucionária. O grupo marcou um dos golpes de inteligência mais importantes da história americana.

‘As Agentes 355’ faz uma homenagem à espiã

Jessica Chastain é Mace em ‘As Agentes 355’ (Crédito: Divulgação/Diamond)

Assim como a Jessica Chastain no filme, é comum mulheres que trabalham nos serviços de inteligência se referirem umas às outras como 355. Ainda assim, em ‘As Agentes 355’, não temos um aprofundamento maior sobre os feitos da espião do Culper Ring. O que se sabe é que, dentro do grupo, tinham outras espiãs como Sarah Townsend.

“O título é muito importante porque há tantas mulheres que trabalharam incansavelmente nos bastidores, independentemente da área, e que nunca foram reconhecidas”, chegou a comentar Chastain em comunicado à imprensa sobre o filme.

“Mesmo quando você procura nos livros, é muito raro encontrar histórias de mulheres e o que elas fizeram. Então, o filme As Agentes 355 tira o chapéu para todas as mulheres que não foram reconhecidas e amplia seus poderes, suas forças e suas realizações. É uma forma de dizer ‘obrigada’”, completa.

Talvez a espiã mereça um filme só dela, né? Fica a dica para Jessica Chastain, que além de estrelar é produtora do longa-metragem.

‘As Agentes 355’ está em cartaz nos cinemas brasileiros e clicando aqui você encontra mais informações, além do link para a compra de ingressos.

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