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Betty White, de ‘Super Gatas’ e ‘Mary Tyler Moore’, morre aos 99 anos

E 2021 se encerra levando mais um grande nome do entretenimento. Morreu nesta sexta-feira (31) a atriz Betty White, pioneira da televisão e grande nome da comédia. Ela tinha 99 anos. De acordo com o agente da estrela, que enviou um comunicado a veículos como Deadline e The Hollywood Reporter, Betty White morreu pacificamente enquanto dormia, na madrugada.

“Ainda que Betty quase tivesse 100 [anos], eu pensava que ela viveria para sempre”, disse Jeff Witjas em pronunciamento. “Eu vou sentir terrivelmente a fala dela, assim como o mundo animal que ela tanto amava. Eu não acho que Betty tinha medo de falecer porque ela sempre quis estar ao lado de seu marido mais amado, [o apresentador] Allen Ludden. Ela acreditava que estaria novamente com ele.”

O nome de Betty White se mistura com a história da própria TV norte-americana, pela qual venceu cinco prêmios Emmy e foi indicada quatro vezes ao Globo de Ouro. Em uma carreira extremamente longeva, a atriz interpretou a personagem Sue Ann Nivens na série ‘Mary Tyler Moore’ (‘The Mary Tyler Moore Show’, no original), já em meados dos anos 1970, e foi uma das protagonistas de ‘Super Gatas’ (‘The Golden Girls’) na década seguinte.

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No cinema, a atriz passou a ser mais requisitada a partir do final dos anos 1990, participando de filmes como ‘Toy Story 4’ (2019) e ‘A História de Nós Dois’ (1999).
Betty White em ‘Hot in Cleveland’, um sucesso recente na carreira da atriz (crédito: reprodução / CBS Television)

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A vida e obra de Betty White

Betty Marion White nasceu em Oak Park, Illinois, em 17 de janeiro de 1922. Filha única de um casal trabalhador, ela se mudou com os pais para a Califórnia ainda em 1923. Com o pai fabricando pequenos rádios caseiros para atravessarem a Grande Depressão, Betty se formou em uma escola pública de Beverly Hills em 1939. Foi nesse mesmo ano que Betty White começou a trabalhar na televisão, cantando em apresentações experimentais de uma estação de Los Angeles. Após uma pausa para ajudar no esforço da Segunda Guerra Mundial, a atriz se envolveria de vez com aquele ainda novo meio de comunicação – ainda que lhe dissessem que ela “não era fotogênica”. Após alguns pequenos papéis em séries no final da década de 1940 e de estrelar um programa de rádio próprio, Betty finalmente engrenou a carreira na (ainda) telinha. O primeiro papel como protagonista foi em ‘A Vida com Elizabeth’ (‘Life with Elizabeth’), acumulando também – pela primeira vez na história para uma mulher – as funções de criadora e produtora (Lucille Ball, vale dizer, não recebeu tais créditos por ‘I Love Lucy’). A produção só teve 65 episódios, mas a sua popularidade foi o empurrão que Betty White precisava para alcançar o estrelato. A partir de então, a atriz se tornou figura constante na televisão dos EUA.
Betty White foi uma das pioneiras da TV; aqui, em imagem de ‘A Vida com Elizabeth’ (crédito: divulgação / Guild Films)
Em 1962, White fez a sua estreia nos cinemas com o filme ‘Tempestade Sobre Washington’, onde interpreta a senadora Bessie Adams. Ainda que elogiada pela crítica, demoraria quase três décadas e meia para ela retornar à tela grande – com ‘Tempestade’, filme de desastre lançado em 1998 e que tem também Morgan Freeman, Christian Slater e Randy Quaid no elenco. Desde então, com a fama alcançada, Betty White passou a aparecer mais em filmes, incluindo trabalhos de voz original em ‘Lorax’ e ‘Toy Story 4’, além de ‘A História de Nós Dois’ (1999), ‘Pânico no Lago’ (1999), ‘A Casa Caiu’ (2003) e ‘A Proposta’ (2009).

Sucesso nos EUA e no Brasil

Porém, o lar de Betty White foi mesmo a televisão. Por lá, entre 1973 e 1977, esteve em ‘The Mary Tyler Moore Show’, série extremamente popular – inclusive no Brasil, onde era exibida pela TV Globo. Curiosamente, o papel não foi escrito para ela. Na realidade, os roteiristas definiram Sue Ann Nivens como “do jeito nojento e doce da Betty White” e o diretor de elenco resolveu abordar a própria. Deu certo: a atriz não só aceitou, como o que era para ser uma participação na quarta temporada se transformou em parte do elenco principal. Acabou vencendo dois prêmios Emmy, o mais importante da TV americana.
Mary Tyler Moore e Betty White juntas em ‘Mary Tyler Moore’ (crédito: divulgação / 20th Century Television)
Outro papel de grande destaque foi em ‘Super Gatas’, outra produção que foi bastante exibida na TV aberta brasileira. Gravada entre 1985 e 1992, a série trazia grandes nomes da televisão (Beatrice Arthur, Rue McClanahan e Estelle Getty, além de Betty White) como senhoras de idade dividindo uma casa em Miami. Foram, ao total, 180 episódios – e mais um Emmy na estante da atriz, além de quatro indicações ao Globo de Ouro. A estrela continuou muito ativa após o final da série, inclusive estrelando um spin-off de ‘Super Gatas’ chamado ‘The Golden Palace’. Ela também se tornou uma figura homenageada com participações especiais ou papéis recorrentes em diversas produções de sucesso, como ‘Os Simpsons’, ‘That 70’s Show’, ‘Boston Legal’, ‘Bones’ e diversas outras. Nesse período, recebeu mais um Emmy, dessa vez por uma participação no ‘Saturday Night Live’. Mais recentemente, entre 2010 e 2015, estrelou a série ‘Hot in Cleveland’ – pela qual foi mais uma vez indicada ao Emmy.
Beatrice Arthur, Rue McClanahan, Estelle Getty e Betty White em ‘Super Gatas’ (crédito: divulgação / Buena Vista Television)
Na vida pessoal, Betty White teve três casamentos. O primeiro marido, Dick Barker, conheceu ainda na época da Segunda Guerra Mundial e com o qual se mudou para uma fazenda de frangos no interior de Ohio. A união durou oito meses. Já o segundo foi o agente Lane Allen, do qual se separou cerca de um ano depois – o marido queria que ela desistisse da carreira de atriz para ser dona de casa. A terceira, e duradoura união, foi com o já citado ator e apresentador Allen Ludden, grande amor da vida da atriz e com quem se casou em 1963. Ludden morreu de câncer em 1981, e Betty White nunca mais se casou novamente. “Depois de que você teve o melhor, por que precisa do resto?” definiu a atriz em entrevista ao jornalista Larry King décadas depois. Talvez seja uma sensação de vazio parecida com a que estamos tendo agora, neste 31 de dezembro. Depois de Betty White, do que precisamos mais? Mas a nossa vida continua. Resta, então, relembrar e agradecer por esta longa carreira.

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Renan Martins Frade

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi por 11 anos editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix. Foi editor-chefe do Filmelier.

Escrito por
Renan Martins Frade

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