Diretoras mulheres representam apenas 12% dos 100 filmes mais rentáveis de 2021
Mais um ano chegou ao fim e com ele, o saldo de 2021. O Centro para o Estudo das Mulheres na Televisão publicou no mais recente Celluloid Ceiling Report os dados da participação feminina no cinema. Enquanto 2020 bateu recordes históricos para a inclusão nos filmes de maior bilheteria, o ano que passou deixou a desejar.
Apenas 12% das 100 produções de maior bilheteria de 2021 nos Estados Unidos foram dirigidos por mulheres, em vista dos 16% em 2020. Quando a lista aumenta para 250 longas, o percentual sobre para 17%, ante 18% em 2020. Ou seja, mais de 80% dos filmes foram comandados por homens, constata o estudo.
“As aparências enganam. Enquanto Chloé Zhao ganhou o Oscar no ano passado por dirigir ‘Nomadland’ e Jane Campion é a pioneira na corrida deste ano com ‘Ataque dos Cães’, a porcentagem de mulheres dirigindo filmes realmente diminuiu em 2021”, disse a fundadora e diretora executiva do Centro, Martha Lauzen. “Basear nossas percepções de como as mulheres estão se saindo usando apenas as que se destacaram pode nos levar a conclusões imprecisas sobre a situação do emprego feminino.”
Entre as principais funções nos bastidores, as mulheres ocuparam 21% dos empregos entre os 100 filmes principais (mesmo em 2020) e 25% entre os 250 principais, um pequeno aumento em relação aos 23% de 2020 – graças ao crescimento da proporção de produtoras (de 30% para 32%) e produtoras executivas (de 21% para 26%). Por outro lado, a proporção de escritoras (17%), editoras (22%) e cineastas (6%) permaneceu estável. A maioria, cerca de 61%, das produções de 2021 empregava não mais do que quatro mulheres nessas posições, enquanto 72% dos filmes tinham pelo menos 10 homens nos empregos. Apenas 8% tiveram esse número de mulheres trabalhando nesses papéis-chave. Como parte dessas funções eram administrados por equipes mistas, há outra maneira de ver a liderança feminina entre os 250 principais filmes de 2021: 82% deles não tinham diretoras, 72% não eram escritoras, 94% não eram cineastas e 73% não tinham editoras.
O Celluloid Ceiling Report foi criado pela Dra. Martha Lauzen, acadêmica e pesquisadora norte-americana na área de mulheres no cinema, no Centro para o Estudo das Mulheres na Televisão e no Cinema da San Diego State University. Esses relatórios foram compilados desde 1998 para rastrear estatísticas de emprego em Hollywood. O foco são as posições do criativo atrás da tela, também chamadas de posições acima da linha, incluindo: diretor, escritor, produtor, produtor executivo, editores e cineastas.
Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop, UOL e Revista Claudia escrevendo sobre beleza, moda, cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.