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Com pandemia, Netflix bate recorde de crescimento

Em meio à crise causada pela pandemia da covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus, o SARS-CoV-2), Reed Hastings tem motivos para sorrir. Tudo porque a companhia que ele fundou e da qual é CEO, a Netflix, bateu o recorde de crescimento de assinantes em um trimestre. De acordo com o informe aos investidores divulgado nesta terça (21), foram 15,77 milhões de novos membros entre janeiro e março. Agora, a plataforma tem 182,9 milhões de assinantes em todo o mundo.

Se fosse um país, todas estas pessoas formariam a 8ª maior população do mundo – logo atrás do Brasil e Nigéria.

A estimativa inicial da empresa era conquistar 7 milhões de novos membros. Com as pessoas em casa por causa das políticas de isolamento social, o resultado foi mais do que o dobro.

Sede da Netflix em Los Gatos, Califórnia (crédito: divulgação / Netflix)
“Nós estamos cientes de termos a sorte de ter um serviço que é ainda mais importante para as pessoas confinantes em casa, e que pode operar remotamente com o mínimo de disrupção em médio e curto prazos”, informou a empresa na carta aos acionistas. “Nosso crescimento foi temporariamente acelerado por causa do confinamento”.

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A empresa não divulga números por país, mas, na América Latina, o crescimento foi de 2,9 milhões de assinantes. Já a região com o aumento mais expressivo foi a EMEA (Europa, Oriente Médio e África), que trouxe 6,96 milhões de novos usuários pagantes. “Ao ajudar as pessoas a se conectar com histórias que elas amam, nós podemos prover conforto e um escape, além de um senso de comunidade, durante esta pandemia”, continuou a carta. Ainda assim, nem tudo são flores para a companhia sediada em Los Gatos, Califórnia. “[Esse resultado] é contrabalanceado com um dólar americano mais forte, diminuindo a nossa receita internacional”, explicou a empresa. Por isso, a receita ficou dentro do previsto inicial, ainda que com mais do que o dobro de novos assinantes do que estava planejado. Na América Latina e na região da Ásia-Pacífico, por exemplo, a empresa viu a receita em dólar por usuário cair ligeiramente. “O preço do nosso plano padrão no Brasil é de R$ 33, o que costumava ser US$ 8,50 no ano passado, mas agora é US$ 6,50, baseado na taxa de câmbio de abril de 2020, então tivemos um declínio de mais ou menos 25%, em dólares, na média do preço da assinatura no Brasil, o que diminui o impacto do forte crescimento de membros.”
Reed Hastings sorri cercado pelas estrelas das produções da Netflix (crédito: Daniel Muñoz e Gabriel Aponte / Netflix)
O fato de Hollywood ter parado de produzir, ainda como resultado da crise com a covid-19, impactou a empresa. “[…] parte dos gastos com conteúdo será atrasado, aumentando o nosso dinheiro em caixa, e alguns títulos serão atrasados, normalmente em um quarto.”

O futuro

O fim das restrições de isolamento social, no futuro, também devem afetar o número de assinantes, a empresa prevê. “Quando isso acontecer, o número de horas assistidas e o crescimento [de assinantes] devem declinar. Nossa previsão e orientação interna prevê 7,5 milhões de novos assinantes pagos no segundo trimestre. Dada a incerteza do tempo de confinamento, isso é quase um chute”, explica a Netflix na carta. “O número de membros no segundo trimestre pode ser bem menos ou bem mais do que isso, dependendo de muitos fatores, incluindo quando as pessoas vão retornar para as suas vidas sociais e quanto tempo vão tirar para ver TV depois do lockdown.” Por isso, as ações da Netflix registram uma ligeira queda de 0,84% na bolsa de Nova York no final desta terça, apesar da alta registrada mais cedo. Nada problemático: já prevendo o crescimento de assinantes, o mercado fez as ações da companhia subirem 20,42% nos últimos 30 dias – quando quase todas as empresas do mundo, incluindo as de entretenimento, contabilizaram resultados negativos. Pois é, Hastings pode continuar sorrindo.
Renan Martins Frade

Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi por 11 anos editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix. Foi editor-chefe do Filmelier.

Escrito por
Renan Martins Frade

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