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‘Como Virei Gângster’, da Netflix, é filme polonês banal e cansativo

Longo, cansativo, genérico, esquecível. São vários os adjetivos, quase nenhum deles positivo, que servem para falar de ‘Como Virei Gângster’, filme que já está disponível para ser assistido na Netflix. Produção polonesa, o longa-metragem é, em essência, exatamente o que o título sugere: a história de como um rapaz se tornou um importante gângster.

Dirigido por Maciej Kawulski (de ‘Underdog’), o longa-metragem se atrapalha em três pilares: a obviedade da trama, o visual batido e, acima de tudo, a dificuldade em compreender exatamente como lidar com uma história de gângsteres.

‘Como Virei Gângster’ e a palidez de uma história

Mas vamos por partes. Vamos começar pelo primeiro ponto: a jornada do gângster (Marcin Kowalczyk) não poderia ser mais pálida. O roteiro, assinado por Krzysztof Gureczny (do também fraquíssimo ‘Como Me Apaixonei Por um Gângster‘), nunca desafia o espectador, nunca busca mostrar como a história de um gângster pode ir além do óbvio.
Marcin Kowalczyk é o gângster que passa por uma jornada de transformação na máfia polonesa (Crédito: Netflix)

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A narração do próprio Kowalczyk ressalta sempre o óbvio e é praticamente ininterrupta. Ao invés de mostrar emoções do personagem com ações, tudo é resumido ao que o personagem narra. Muitas falas também são dispensáveis. Ele diz que os pais pensam que ele trabalha em uma oficina e, logo depois, o pai diz que ele precisa sair desse trabalho. Ou seja: não precisava ter a narração, a explicação. Quando o pai falar da tal oficina, o espectador que estiver prestando minimamente atenção na história vai saber que isso não é verdade — e, sozinho, pode entender o que está acontecendo ali, com o filho mentindo sobre sua “profissão” de gângster para o pai. Parece que falta uma edição. O visual também não poderia ser mais óbvio. Tomando de inspiração o estilo de Guy Ritchie (‘Snatch: Porcos e Diamantes’, ‘Aladdin‘), o diretor Maciej Kawulski tenta transformar tudo em um estilo de filme engraçadinho, despojado. Mas não funciona: tudo isso parece um mexidão de ideias que, sem vida, deixa tudo muito chato.

Falta de originalidade

O pior, porém, é a falta de originalidade em tudo isso. A sensação é de que Kawulski assistiu aos melhores filmes sobre gângsteres e máfia (‘Scarface‘, ‘Os Intocáveis‘, ‘Os Bons Companheiros‘, ‘Cassino’, ‘Os Infiltrados‘), colocou tudo o que entendeu sobre, colocou em um liquidificador e o resultado são essas mais de 2h de filmes que temos na Netflix. O problema disso, para além do tom genérico de ‘Como Virei Gângster’, é que Kawulski parece não ter compreendido tão bem como se dão essas histórias. O personagem principal, apesar de mafioso, é frequentemente tratado como se fosse um herói da vida real, salvando a Polônia de bandidos. Serve a pátria. Oras, ele não mata crianças e mulheres, né? Chega a ser irrisória essa tentativa de fazer com que nós, espectadores, compremos os desejos e ações do protagonista, que não cria vínculos sinceros com o público — ao contrário do capanga Walden (Tomasz Wlosok), o mais humano e verdadeiro da história. De resto, pouco se salva. E mais um filme esquecível chega na Netflix.

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Matheus Mans

Jornalista especializado em cultura e tecnologia, com seis anos de experiência. Já passou pelo Estadão, UOL, Yahoo e grandes sites, sempre falando de cinema, inovação e tecnologia. Hoje, é editor do Filmelier.

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Matheus Mans

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