Crítica: ‘Transformers – O Despertar das Feras’ resgata essência da franquia em aventura tamanho família Crítica: ‘Transformers – O Despertar das Feras’ resgata essência da franquia em aventura tamanho família

Crítica: ‘Transformers – O Despertar das Feras’ resgata essência da franquia em aventura tamanho família

Sem Michael Bay, novo filme de Transformers chega aos cinemas esta semana com enredo ambientado nos anos 90, viagem a Machu Pichu e dublagem de Douglas Silva

7 de junho de 2023 13:15
- Atualizado em 29 de junho de 2023 15:13

Desde o lançamento do primeiro filme da saga Transformers, em 2007, a franquia tem sido uma referência no gênero de ação e aventura. Ao longo dos anos, fomos apresentados a personagens cativantes, como Optimus Prime e Bumblebee, e o temido Megatron, que se tornaram verdadeiros ícones da cultura pop. E agora, em Transformers: O Despertar das Feras, somos levados a uma nova jornada que busca reviver a magia dos filmes anteriores – mas livre das cenas rasas e apelativas a la American Pie (desculpa, Megan Fox!) ou sequências insanas como em Velozes & Furiosos. Mas não se preocupe: ainda temos briga de robôs gigantes.

Transformers: O Despertar das Feras, ao contrário de alguns de seus antecessores, é uma aventura divertida, que equilibra desenvolvimento de personagens, emoção, referências à cultura pop e cenas de ação plausíveis – se vivêssemos, é claro, em um mundo em que alienígenas metálicos se “disfarçam” de carros, aviões, pássaros ou gorilas.

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Um novo rumo para a franquia Transformers nos cinemas

Universo Cinematográfico Expandido sem o comando de Michael Bay

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Uma das principais mudanças é a ausência do diretor Michael Bay, que permanece como produtor e foi substituído por Steven Caple Jr.. Este é o segundo a dirigir um filme em live-action de Transformers, após a saída de Bay. O primeiro foi Travis Knight, que comandou Bumblebee, de 2018, e trouxe a franquia de volta ao seu núcleo de emoção e humor que há muito tinham sido deixados de lado nos filmes recentes da saga.

Bumblebee levou a história de volta à década de 1980 e apresentou os designs clássicos de personagens do filme animado de 1986 para as telas. Já Transformers: O Despertar das Feras, um dos filmes de ação mais esperados do ano, é praticamente uma continuação direta – sem Hailee Steinfeld – pois segue a história em meados da década de 1990 com mais designs da animação, novos protagonistas humanos e a introdução de personagens da série animada dos anos 90, Beast Wars. O longa-metragem ainda traz alguns dos principais Autobots que Michael Bay usou e tecnicamente serve como uma prequela de seus filmes – e de quebra consegue “consertar” alguns danos colaterais.

Através da direção de Steven Caple Jr., conhecido por seu trabalho em Creed II, o filme traz uma abordagem refrescante para a franquia, afastando-se dos elementos sexistas e estereotipados presentes nos filmes anteriores de Michael Bay. Com um enredo genérico, é um filme que consegue entregar uma aventura genuína, sem abrir mão de seus personagens bem desenvolvidos.

Noah (Anthony Ramos) e Mirage em cena de Transformers: O Despertar das Feras
Relação entre Noah (Anthony Ramos) e Mirage é um dos destaques positivos de Transformers: O Despertar das Feras (Crédito: Paramount Pictures)

Qual é a história de Transformers: O Despertar das Feras?

Continuação de Bumblebee, Despertar das Feras faz uma jornada aos anos 90

Logo de início, Transformers: O Despertar das Feras nos leva de volta ao ano de 1994, uma jogada inteligente para se distanciar dos filmes anteriores que deixaram uma impressão negativa nos fãs da franquia. 

Na trama, Noah (Anthony Ramos) é um jovem astuto do Brooklyn, tentando um emprego para pagar as contas médicas de seu irmão menor, Kris (Dean Scott Vazquez). Do outro lado, conhecemos Elena (Dominique Fishback), uma talentosa pesquisadora de artefatos que almeja fazer uma descoberta – e ser levada a sério por sua chefe e pelos demais, em um mundo conservador e preconceituoso dos anos 90. Ambos são arrastados para o conflito entre Autobots, Maximals e Terrorcons, enquanto Optimus Prime e os Autobots enfrentam um novo inimigo terrível e mal-humorado chamado Scourge (voz de Peter Dinklage, no original). Ele está sob o comando do líder dos Terrorcons, o temível Unicron – também conhecido como Devorador de Planetas, no melhor estilo Ego de Guardiões da Galáxia Vol.2. Para salvar o mundo, eles precisam ir até o Peru encontrar um artefato – com direito a carona em um avião de carga cacareco, que é estranhamente carismático.

Novo filme de Transformers faz viagem nostálgica com referências pop

Como em todo filme da franquia, uma das grandes atrações de Transformers: O Despertar das Feras são as referências pop que permeiam toda a narrativa. O longa-metragem mergulha na cultura pop ao fazer referências a elementos icônicos dos anos 90, como King Kong, Super Mario, Sonic, Indiana Jones, Quero Ser Grande e Power Rangers. Isso acrescenta uma camada de nostalgia para os fãs mais antigos, enquanto também atrai um público mais jovem, que pode descobrir essas referências pela primeira vez.

Bumblebee, como de costume, expressa-se por meio de músicas e falas de filmes, trazendo um toque nostálgico para os fãs da saga. No entanto, vale destacar que, na versão dublada em português brasileiro, as referências de Bumblebee não são retiradas dos filmes originais, o que pode gerar uma desconexão para os espectadores acostumados com a versão original.

A interação entre os robôs também é leve e repleta de referências e brincadeiras, como o momento em que Optimus Prime brinca que vai proibir Bumblebee de ir a um Drive In — evento que Bee fez com Charlie (Hailee Steinfeld) em seu filme solo. Essas referências não só adicionam camadas de diversão ao filme, mas também estabelecem um vínculo com os fãs mais antigos, que cresceram com a saga Transformers.

O Despertar das Feras e o que faz o universo de Transformers bom

Cenas de ação e efeitos visuais do filme continuam incríveis

Transformers: O Despertar das Feras expande ainda mais o universo cinematográfico dos Transformers, trazendo elementos de outros filmes da saga e estabelecendo conexões com personagens e eventos anteriores. 

Afinal, um filme de Transformers ainda é um filme de Transformers! Em O Despertar das Feras, somos presenteados com um visual impressionante e efeitos especiais de tirar o fôlego. A equipe de produção fez um trabalho excepcional em trazer à vida os robôs Transformers, suas transformações e as batalhas épicas que ocorrem ao longo do filme. Nesse quesito, é uma experiência cinematográfica de alta qualidade que não fica para trás em relação aos outros filmes.

Além disso, o cineasta Steven Caple Jr. aborda as cenas de ação de forma mais equilibrada, evitando o excesso de cortes que prejudicaram as sequências de luta nos filmes anteriores. A cinematografia de Enrique Chediak mantém a câmera estável, permitindo que as animações dos robôs se destaquem e exibam uma coreografia de luta empolgante.

Transformers Maximals trazem um quê de senioridade à franquia

Encontro de Autobots e Maximals (da esq. para dir.): Optimus Primal, Cheetor, Wheeljack e Arcee
Encontro de Autobots e Maximals (da esq. para dir.): Optimus Primal, Cheetor, Wheeljack e Arcee

Como um contraste aos luxuosos veículos que costumamos ver entre os Autobots e Decepticons, os Maximals são Transformers que assumem formas de animais e ostentam pele, pelos e asas de aparência genuína. Eles são baseados em uma série de televisão animada que durou de 1996 a 1999. As feras robóticas incluem Optimus Primal (Ron Perlman), um gorila; Airazor (Michelle Yeoh), uma falcão peregrina; Rhinox (David Sobolov), obviamente um rinoceronte; e Cheetor (Tongayi Chirisa), uma onça.

E faz todo sentido que, para além da ambientação em Nova York, o filme viaje para outros locais, especialmente o Peru, incluindo a belíssima cidade histórica de Cusco e as ruínas de Machu Picchu. Ponto a favor!

A inclusão de outros elementos do universo Hasbro – marca responsável pelos brinquedos de Transformers, Power Rangers e G.I. Joe – também é notável, com um possível crossover misterioso (não saia depois dos créditos!), o que certamente impulsionará a venda de brinquedos relacionados. Essa estratégia, embora possa ser vista como uma jogada comercial, amplia as possibilidades narrativas e deixa os fãs ansiosos para descobrir como esses mundos se cruzarão.

Novo Transformers têm elenco de talentos e atuações marcantes

Franquia aposta em representatividade com Anthony Ramos e Dominique Fishback

A construção dos personagens de Transformers: O Despertar das Feras é bem desenvolvida, mas a cereja do bolo é a adição dos atores Anthony Ramos (Em um Bairro de Nova York, Hamilton) e Dominique Fishback (O Ódio que Você Semeia, Judas e o Messias Negro). Eles trazem representatividade para a franquia como protagonistas latino e negra, respectivamente, sem ser estereotipado.

Para tentar “aliviar a tensão”, o personagem de Ramos ainda tenta uma piada bem-humorada sobre racismo – ao perguntar porque o robô que mora no Peru tem um sotaque latino carregado. Enquanto alguns podem achar forçado, Noah adiciona uma camada de diversão e reflexão ao enredo. Ambos estão excelentes nos papéis, e é interessante ver a franquia apostando em protagonistas diversos – apesar de não termos um aprofundamento da história e motivações da personagem feminina, Elena. O jovem Dean Scott Vazquez – que trabalhou anteriormente com Anthony Ramos no filme Em um Bairro de Nova York – está brilhante no papel de Kris, irmão de Noah, e a relação de irmandade entre eles é um dos destaques positivos do filme.

As atuações – mesmo as dos robôs – são marcantes e conseguem capturar a essência dos personagens, tornando-os ainda mais cativantes.

Anthony Ramos como Noah e Dominique Fishback como Elena em cena de Transformers: O Despertar das Feras
Anthony Ramos e Dominique Fishback entram de cabeça na aventura e humor do filme (Crédito: Paramount Pictures)

Dublagem brasileira tira de letra a construção de personagens

Uma das características marcantes dos filmes da saga Transformers sempre foi a dublagem, afinal, permite que dubladores construam o jeito e o vocabulário de seus personagens robôs, sem precisar ficar totalmente preso ao ator da voz original. Na versão brasileira, temos o talentoso Guilherme Briggs novamente como Optimus Prime; além de Douglas Silva – o DG do BBB22 e de Cidade de Deus – como Mirage, e Fernanda Paes Leme no papel de Arcee. Douglas e Fernanda arrasam em seu primeiro trabalho de dublagem, que trazem vida aos robôs e garantem uma experiência envolvente.

Mirage, dublado por Douglas Silva no Brasil, é um dos melhores personagens

Destaque para a construção do personagem Mirage – um robô bem humorado que se transforma de Porsche e Lamborgini a caminhão de lixo – que tem a habilidade de se duplicar, como uma miragem. Dublado por Pete Davidson (Velozes e Furiosos 10, Guardiões da Galáxia Vol. 3) no original, o carrão também é uma das celebridades da versão brasileira, com roteiro bem adaptado e referências divertidas, como a gíria carioca “Uh Tererê” dos anos 90. Estalecas para o DG!

Dubladores estreantes em Transformers: O Despertar das Feras: Douglas Silva é Mirage e Fernanda Paes Leme é Arcee
Dubladores estreantes: Douglas Silva assume a dublagem de Mirage e Fernanda Paes Leme faz o papel de Arcee (Crédito: Paramount Pictures)

O Renascimento da Saga Transformers

Um futuro promissor

Após algumas decepções com os filmes anteriores, Transformers: O Despertar das Feras marca um renascimento para a saga. Com uma narrativa simples e direta, que se distancia dos eventos anteriores e mergulha na mitologia dos Transformers, o filme nos presenteia com uma trama envolvente, cheia de ação e emoção.

Enquanto é super interessante a introdução de novos personagens, como Mirage, Arcee e os Maximals, nos faz perguntar onde eles estavam durante os eventos dos filmes anteriores — que se passam no futuro em relação a Despertar das Feras — e levanta a especulação se a franquia vai ignorar os eventos do restante da saga e seguir por uma mesma linha do tempo que começaria em Bumblebee. Veremos.

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