‘I Wanna Dance with Somebody’ usa fórmulas para celebrar Whitney Houston ‘I Wanna Dance with Somebody’ usa fórmulas para celebrar Whitney Houston

‘I Wanna Dance with Somebody’ usa fórmulas para celebrar Whitney Houston

Apesar de história interessante e muito dramática, Whitney Houston não brilha na cinebiografia ‘I Wanna Dance with Somebody’

Matheus Mans   |  
11 de janeiro de 2023 18:40
- Atualizado em 13 de janeiro de 2023 16:54

Depois do sucesso e das premiações de ‘Bohemian Rhapsody‘, filme sobre a banda Queen, abriu-se um portal em Hollywood em que produções sobre bandas, cantores e músicos de sucesso ganham cinebiografias aos montes. Algumas funcionam mais, como ‘Rocketman‘ e ‘Elvis‘, enquanto outras decepcionam até mesmo aqueles fãs mais aguerridos (‘Respect‘, ‘Billie Holliday‘). E, infelizmente, I Wanna Dance with Somebody se encaixa no segundo grupo.

Dirigido pela cineasta Kasi Lemmons (‘Harriet‘, ‘A Vida e a História de Madam C.J. Walker’) e com estreia marcada no Brasil para esta quinta-feira, 12 de janeiro, o longa-metragem da Sony Pictures apresenta um objetivo narrativo direto ao ponto: falar da vida e carreira de Whitney Houston, uma das mais celebradas atrizes e cantoras do mundo.

Cena de I Wanna Dance with Somebody com Whitney Houston
Cena do Super Bowl deveria ser uma das mais emblemáticas do filme, mas não funciona (Crédito: Sony Pictures)

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A partir disso, sem dúvidas a cinebiografia poderia ser interessante, profunda, dramática, potente. Oras, o documentário de Kevin MacDonald é tudo isso apenas com entrevistas e imagens de arquivo. Tendo ao lado uma atriz talentosa (Naomi Ackie) e o poder da ficção, ‘I Wanna Dance with Somebody’ poderia ser muito melhor. Mas não é: o longa-metragem simplesmente não consegue encontrar seu tom, sua força e o que realmente se destaca em Whitney.

O problema de ‘I Wanna Dance with Somebody’: as fórmulas

Enquanto assistia ao longa-metragem sobre Whitney Houston, não conseguia parar de imaginar como foi o processo de escrita do filme, sob a responsabilidade de Anthony McCarten (‘A Teoria de Tudo’ e, claro, ‘Bohemian Rhapsody’). Ao invés de ‘I Wanna Dance with Somebody:’ ser fluído, ele é atravancado por uma série de temas que parecem ter sido listados pelo roteirista e que, aos poucos, foram ticados de uma longa lista a ser tratada nesta cinebiografia.

O vício em drogas, a relação conturbada com o pai, a sexualidade, os abusos do marido, a questão com o sucesso. Tudo isso vai surgindo de uma maneira quase cadenciada, um tema atrás do outro. O pior: eles não se sobrepõem para formar um quadro completo, mas um substitui o outro. Começa a falar do pai? Deixa as drogas de lado. Agora é o momento de falar sobre a sexualidade? Então o roteiro simplesmente esquece de tratar do marido de Whitney.

Isso deixa o filme não apenas artificial, como se fosse realmente uma longa lista ficcionalizada, como também se torna cansativo. Tudo é previsível. Com isso, o filme também perde algo de suma importância: sua profundidade dramática.

Whitney Houston?

Ainda que seja uma cantora querida, e que facilmente atrai a atenção do público, Whitney Houston se torna apenas sombra do que realmente é. Suas questões mais profundas, como o debate racial em torno de seu posicionamento como pessoa, cantora e figura pública, e até mesmo a questão com as drogas. Lemmons parece ter medo de tocar em assuntos mais espinhosos — lembra um pouco o que aconteceu em ‘Elis’, a cinebiografia da cantora brasileira.

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Quando as coisas começam a acontecer, lá pelo final, o filme ganha um ar ainda mais estranho. Parece tudo absurdamente repentino. Nem mesmo a boa atuação de Naomi Ackie como Whitney Houston salva o filme de cair dentro de si próprio: a atriz tem dificuldade em entender a própria Whitney e, em cena, tem alguns momentos que mais parece estar imitando a cantora do que realmente interpretando. Enfim: vira uma bola de neve.

‘I Wanna Dance with Somebody’ até tem algumas cenas musicais mais interessantes e que devem fazer o público se empolgar. Mas não é o bastante — afinal, ao invés disso, dá para ouvir um CD ou assistir a gravação de algum show de Whitney. A tentativa final de emular o que deu certo em ‘Bohemian Rhapsody’, com a mesma estrutura de conclusão, é a pá de cal. E o filme, apesar de recheado de boas intenções, se torna uma amarga decepção. Whitney merecia mais.

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