Conheça a origem e a história do Oscar
A premiação surgiu como uma simples confraternização entre os integrantes da Academia - e, com o tempo, a estatueta do Academy Awards se transformou em um objeto de desejo em todo o mundo
Uma festa reunindo a nata do cinema mundial, com rostos famosos e vestidos caríssimos, além de produtores e executivos multimilionários - todos desfilando em um tapete vermelho para serem assistidos por cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Esse é o Oscar. Agora, você sabe como tudo isso começou? Essa é uma trajetória que se confunde com a própria história cinema.
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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (que é conhecida pela sigla AMPAS) foi fundada em 11 de maio de 1927, há quase 94 anos. A primeira ideia sobre a criação da instituição partiu de Louis B. Mayer, o dono do M em MGM.
A intenção dele era melhorar a imagem geral da indústria, que ainda era bem recente - os primeiros estúdios foram criados em Nova York entre final do século XIX e o comecinho do século XX, e se mudaram para Hollywood por volta dos anos 1910.
Dessa forma, 36 grandes nomes de Hollywood foram chamados para compor a AMPAS e estiveram presentes no jantar que marcou a fundação da organização - e hoje são considerados seus membros-fundadores. É uma lista de nomes que, além de Mayer, inclui o casal de atores Douglas Fairbanks e Mary Pickford; o diretor Cecil B. DeMille; e os produtores Sid Grauman, Harry Warner e Jack Warner - estes últimos são dois dos quatro Warner Brothers. Fairbanks foi eleito o primeiro presidente, enquanto Thomas Edison, o patenteador da câmera de cinema, foi escolhido como o primeiro membro-honorário.
A Academia começou
com 36 membros.
Hoje são 10,5 mil.
Desde o começo, a Academia tinha como o objetivo fomentar a pesquisa e o desenvolvimento do cinema enquanto arte e ciência, além de, naqueles primórdios, mediar eventuais questões trabalhistas (algo que, depois, seria assumido pelos sindicatos).
Ainda que já se falasse sobre banquetes anuais entre os membros, nada era dito sobre uma premiação. Porém, pouco depois, Mayer teve a nova ideia: criar uma premiação que unisse as, então, cinco seções da Academia (atores, diretores, produtores, técnicos e roteiristas) para uma celebração.
A primeira entrega do Academy Awards (“Prêmios da Academia”, em referência ao nome da organização) aconteceu em 16 de maio de 1929, no Hollywood Roosevelt Hotel (onde ficava a sede da AMPAS) - ainda que a lista de vencedores tivesse sido divulgada três meses antes. Os ingressos para a festa custavam US$ 5 (US$ 76,90 em valores atuais, ou cerca de R$ 440). A plateia foi de 270 pessoas, e Douglas Fairbanks entregou os prêmios das 12 categorias em 15 minutos. Não houve transmissão pelo rádio, nem pela TV (a televisão comercial nos EUA começaria apenas em 1941).
O primeiro a receber o Academy Award de Melhor filme foi ‘Asas’ (‘Wings’, no original).
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Já no segundo ano, em 1930, a premiação ganhou ares mais parecidos com os de hoje. Ainda que fossem apenas sete categorias, os vencedores não foram indicados previamente, e a cerimônia foi transmitida ao vivo via rádio. Por outro lado, não houve nenhum indicado oficial, apenas o anúncio dos vencedores.
O segundo Academy Award também representou a primeira vez, ao menos notoriamente, que um indicado fez lobby para levar a estatueta. Mary Pickford, esposa de Fairbanks, organizou um jantar com os eleitores da premiação - o que pode ou não ter ajudado a atriz a ser premiada pela atuação em ‘Coquete’.
Hoje, campanhas especiais para o Oscar são feitas por todos os estúdios.
Com o tempo o número de categorias foi aumentando, a festa foi crescendo e chamando cada vez mais a atenção da indústria. A primeira vez que a cerimônia foi transmitida na TV americana foi em 1953. No Brasil, a primeira exibição ao vivo aconteceu em 1970, na extinta TV Tupi.
De onde vem a estatueta?
Desde a primeira edição, um dos objetos mais icônicos do Academy Awards é, claro, a estatueta. Chamada oficialmente de “Academy Award of Merit”, algo como “Prêmio de Mérito da Academia”, foi criada pelo escultor George Stanley a partir de um esboço feito pelo diretor de arte da MGM, Cedric Gibbons - com base, dizem, na silhueta do ator mexicano Emilio "El Indio" Fernández. Originalmente de bronze, elas já foram feitas de diversos materiais desde então - desde gesso (durante a Segunda Guerra Mundial) a estanho folheado a ouro.
Independente da inspiração e do material, a estatueta traz um cavaleiro em Art Deco com uma espada sobre um rolo de filme com cinco furos, cada um representando uma das cinco seções originais da Academia.
Para quem assiste, as maiores diferenças desde 1929 foi que a estatueta cresceu um pouco (chegando aos 34,3 cm) e ganhou uma base maior. O peso atual é de 3,856 kg.
De onde veio o nome “Oscar”?
A origem do apelido “Oscar” - hoje oficializado e registrado - para os Prêmios da Academia é bastante controversa.
Uma das justificativas é creditada a atriz Bette Davis, que foi presidente da AMPAS em 1941 e apelidou a estatueta careca da premiação por lembrá-la de seu primeiro marido, o músico Harmon Oscar Nelson.
Outras fontes afirmam que os próprios funcionários da Academia tinham apelidado o pequeno prêmio de Oscar muito antes, e que o nome era citado em discursos e na cobertura da imprensa já em meados dos anos 1930. De acordo com essa corrente, a alcunha veio de Margaret Herrick, diretora-executiva da AMPAS, que teria afirmado que a estatueta a lembrava de um “tio Oscar”.
Uma terceira corrente defende que o batismo foi feito pelo jornalista Sidney Skolsky, que usou o termo em uma coluna em 1934.
Independente da origem, o apelido da estatueta se tornou mais conhecido do que o seu nome original - e, com o tempo, passou a identificar toda a premiação.
Quem é o dono da estatueta?
Pode parecer um contra-senso, mas quem vence o Oscar não pode, necessariamente, fazer o que quiser com a estatueta. Desde 1951 é proibido que os vencedores vendam o prêmio sem antes oferecê-lo por US$ 1 à Academia. A intenção é evitar que a figura se transforme em um objeto de desejo entre colecionadores e alcance valores estratosféricos em leilões.
Ainda assim, alguns Oscars, pré-51, eventualmente surgem no mercado - um exemplo é aquele que Orson Welles recebeu em 1942 por ‘Cidadão Kane’, que foi vendido a um colecionador privado em 2011 por US$ 861 mil (US$ 1 milhão em valores atuais, ou mais de R$ 5,15 milhões).
A Academia nem mesmo licencia a imagem do prêmio. As estatuetas de plástico vendidas nas lojas de souvenir em Hollywood, por exemplo, são diferentes o suficiente para não renderem processos para fabricantes e lojistas.
Ou seja, se um dia você quiser colocar um Oscar na sua estante, terá que fazer por merecê-lo.
Artigos da série:
– O que é a Academia e quem vota no Oscar?
– Como começou o Oscar?
– Como são escolhidos os indicados e vencedores do Oscar?
– Como é por dentro do Dolby Theatre, a casa do Oscar?
– As verdades (nada) secretas do Oscar
Matéria originalmente publicada em 15 de janeiro de 2020 e atualizada em 12 de janeiro de 2024.
Jornalista especializado em cinema, TV, streaming e entretenimento. Foi anteriormente editor do Judão e escreveu para veículos como UOL, Superinteressante e Mundo dos Super-Heróis. Também trabalhou com a comunicação corporativa da Netflix.
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