Rolland Emmerich: o pesadelo da crítica que é amado pelo público Rolland Emmerich: o pesadelo da crítica que é amado pelo público

Rolland Emmerich: o pesadelo da crítica que é amado pelo público

‘Moonfall: Ameaça Lunar’, novo filme do cineasta alemão, reforça maneirismo do cineasta e deve novamente colocar crítica especializada contra o público

Matheus Mans   |  
3 de fevereiro de 2022 15:01
- Atualizado em 4 de fevereiro de 2022 16:29

Confesso que, quando subiram os créditos de ‘Moonfall: Ameaça Lunar‘ na exibição realizada para a imprensa, não sabia o que pensar. Deu um nó. Afinal, é bem claro que o novo filme de Rolland Emmerich, que estreia dos cinemas nesta quinta-feira, 4, tem problemas evidentes. Histórias que sobram, visual rebuscado e por aí vai. Mas, cá entre nós: gostei do filme. Não desgrudei os olhos da tela.

Afinal, a história é saborosa. Conta a jornada de dois astronautas (Halle Berry e Patrick Wilson) que, ao lado de um teórico da conspiração (John Bradley), se tornam a tábua da salvação da humanidade para salvar a Terra de uma catástrofe. Alienígenas, desastre naturais, frio de matar? Tudo isso, nada disso? É, na verdade, a Lua caindo do céu.

Patrick Wilson é um astronauta rebelde que precisa lidar com a ameaça lunar (Crédito: Divulgação/Diamond)

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Sem muita explicação, o satélite natural da Terra sai de órbita e começa a se aproximar cada vez mais. Ninguém, nem mesmo a NASA, entende o que está acontecendo. É aí que esse trio entra em ação. Paralelamente, o roteiro de Spenser Cohen (‘Extinção’), Harald Kloser (‘2012’) e do próprio Emmerich foca em mais personagens secundários.

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Tem o filho do personagem de Wilson, interpretado por Charlie Plummer, além de outros familiares que precisam correr contra o tempo enquanto a gravidade na Terra é alterada. Tem ainda o ex-marido da personagem de Berry, que é do alto escalão militar, que tenta encontrar saídas alternativas enquanto os astronautas lutam no espaço.

É o típico cinema de Rolland Emmerich. Várias coisas acontecendo, personagens em excesso, efeitos especiais grandiosos, americanos salvando o dia. Parece, aliás, uma mistura de seus outros filmes, como ‘2012‘, ‘Independence Day‘ e ‘O Dia Depois de Amanhã’. É a hecatombe máxima do diretor: aliens, terror espacial e catástrofes naturais.

Rolland Emmerich, entre cruz e a espada

Dito isso, fica aqui minha confusão: não desgrudei os olhos da tela nem por um único minuto. Torci, me espantei, achei algumas narrativas absurdas, me revoltei. Também torci desesperadamente para que Patrick Wilson e Halle Berry salvassem o dia logo, de uma vez por todas. Já bastam as ameaças inevitáveis e infinitas das variantes de coronavírus.

Só que, ao mesmo tempo, fica aquela sensação de que é cinema pasteurizado ao máximo. Emmerich, no final das contas, nem se esforçou em novas maneiras de destruir o planeta. Parece que em tempos de covid-19, é até confortável e nostálgico ver aqueles dilemas dos anos 1990. Essa dicotomia, aliás, não é algo que só me atormenta.

É só ver a página do cineasta no Rotten Tomatoes, plataforma que agrega críticas especializadas e do público. ‘Midway‘, filme de guerra de Emmerich, tem aprovação de apenas 42% da crítica, enquanto salta para 92% na nota do público. ‘Stonewall’? 9% da crítica e 84% do público. ‘Independence Day’ é o único mais próximo: 68% contra 75%.

É uma clara falta de sintonia que persegue a filmografia de Emmerich. De um lado, a crítica especializada fica presa nessas coisas mais técnicas e nos problemas costumeiros do cineasta, como a grandiosidade exagerada dos americanos, efeitos exageros e por aí vai. O público, enquanto isso, apenas desliga a cabeça, curte o momento e vai.

Redenção de Emmerich?

Não, ‘Moonfall: Ameaça Lunar’ não é o filme que vai unir crítica e público em uníssono. Muito pelo contrário: o longa-metragem deve apenas reforçar essa distância de pensamentos. Crítica vai bater o pé e apontar para o absurdo de algumas histórias e, com razão, para a questão de colocar um teórico da conspiração como um herói da humanidade.

Mas o público não quer saber de nada disso. Quer se divertir, ainda mais em tempos tão bicudos quanto os nossos. Por isso, acredito que este novo longa-metragem de Emmerich seja talvez uma oportunidade de pensarmos: tudo bem, a crítica pode continuar sendo farol para apontar o que assistir no mar de lançamentos de cinema e streaming.

Só que já passou da hora da crítica especializada entender que, por vezes, não dá para encarar ‘Moonfall: Ameaça Lunar’ com o rigor que são avaliados os filmes de Oscar. A crítica também precisa sentir, entender, compreender. Viver, enfim. Por isso, digo sem medo de errar: vá assistir a Emmerich sem medo de ser feliz, com um balde de pipoca ao lado. E bastante manteiga.

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