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“É um filme sobre desconexão”, explica Lô Politi sobre ‘Sol’
Filme acompanha um homem que está passando um tempo com a filha quando precisa se reencontrar com o pai
Depois de falar sobre um amor delirante em ‘Jonas’ e sobre a rotina do Palácio da Alvorada no documentário ‘Alvorada‘, dirigido em conjunto com Anna Muylaert, a cineasta Lô Politi agora se volta para a família — mesmo que disfuncional e cheia de problemas — no interessante ‘Sol‘. O drama estreou nos cinemas nesta quinta-feira, 8.
A trama é simples: Téo (Rômulo Braga), que está passando um tempo com sua filha, fruto de um casamento já acabado, começa a receber ligações inesperadas. Logo descobrimos que são pessoas tentando falar com ele sobre o estado de saúde de Theodoro (Everaldo Pontes), pai com quem Téo há muito e muito tempo não conversa.
A partir daí, Politi cria um “road movie” em que esses personagens vão avançando no espaço e tentando, de alguma forma, romper barreiras emocionais. “A ideia do filme veio da imagem de um avô com o um bebê. Comecei a pensar nisso, no elo entre os dois, aí fui criando a história na minha cabeça, sobre abandono e desconexão”, diz a diretora.
Politi, com bastante sensibilidade, vai amplificando sensações e emoções a partir dessa história de encontros e desencontros. “É um filme que parece ser sobre abandono, mas você depois descobre que é sobre desconexão. O que conduz a história é a história dele com o pai, mas aos poucos descobrimos que a história verdadeira é com a filha”, diz. Com isso, ‘Sol’ vai se construindo todo no “não dito”. No silêncio, no vazio, na falta de um gesto, de um sorriso. É a história de um homem sensível que, cercado de acontecimentos intensos ao seu redor, não sabe como colocar a emoção na realidade. “É um filme sobre uma pessoa em busca de conexão com seus próprios sentimentos”, explica Lô.
‘Sol’ e o sentimento masculino
Interessante notar como Lô Politi sabe falar profundamente sobre as emoções masculinas. Ela compreende com exatidão como um homem se relaciona, se compreende, conversa. “Nos dois primeiros filmes que fiz, falei sobre dois personagens masculinos observados e compreendidos pela ótica feminina”, explica a cineasta ao Filmelier. Segundo ela, há um padrão de comportamento entre os homens — ainda que não seja interessante colocar as pessoas em caixas. É um desafio? É difícil falar sobre esse padrão masculino? “Sim, é difícil, mas acho ainda mais difícil falar sobre personagens mulheres”, diz a diretora de ‘Sol’. “Afinal, é algo muito mais próximo. Como o homem tem mais dificuldade de acessar conflitos internos, a minha dificuldade em acessar isso ajudou na construção geral do filme”.