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'Tarsilinha' "leva para as crianças o legado da artista mais importante Brasil", dizem diretores
Em entrevista, os diretores Celia Catunda e Kiko Mistrorigo explicam como o filme animado se inspira na obra de Tarsila do Amaral para não repetir as fórmulas internacionais
Raíssa Basílio | 19/03/2022 às 14:27 - Atualizado em: 22/03/2022 às 16:46
A animação brasileira ‘Tarsilinha’ chegou aos cinemas brasileiros nesta semana. Dos mesmo criadores de ‘Peixonauta’ e ‘O Show da Luna’, Celia Catunda e Kiko Mistrorigo, o filme nos leva em uma aventura através das obras de Tarsila do Amaral. Em entrevista, os diretores revelaram o quanto a animação é uma celebração da arte e da cultura brasileiras.
Aliás, coincidentemente, a Semana de Arte Moderna de 1922 completa 100 anos agora em 2022, então não tinha época mais certeira para esse lançamento.
- Leia mais: ‘Red: Crescer é uma Fera’ mostra que crescer é universal: “Não somos tão diferentes”, diz diretora
“A animação veio de um pedido da própria família da Tarsila do Amaral para que a gente criasse uma personagem, a Tarsilinha e falasse desse universo da artista plástica para as crianças. Foi então que começou o desafio de como a gente faria, se seria a história da Tarsila e acabamos optando por esse outro caminho, não falar tanto da artista em si, mas sim das obras, que é o grande legado dela”, explicou Celia Catunda ao perguntamos sobre de onde surgiu a ideia de 'Tarsilinha'.

Por meio de uma extensa pesquisa, a dupla decidiu quais eram os trabalhos mais significativos de Tarsila, principalmente da fase Pau Brasil e Antopofagia, para montar a história.
“Era um trabalho com bastante responsabilidade, fazer um filme que leva para as crianças o legado da artista mais importante Brasil, ou a mais famosa. Foi uma honra muito grande para nós”, contou Kiko Mistrorigo.
"Quando a gente mostrou à Tarsila do Amaral, que é sobrinha neta da Tarsila, ela chorou e falou ‘acho que minha tia ia amar’. Esse foi o melhor elogio e eu acredito realmente que se a Tarsila estivesse viva e participasse da produção do filme, ela iria se divertir imensamente e eu acho que dentro dessa visão da antropofagia, eu acho que discurso seria que temos sim que fazer algo novo, pois não dá para produzir animação no Brasil repetindo formatos internacionais", completou a diretora.
O filme é uma homenagem à arte brasileira
A animação é dividida em dois mundos e por conta disso, os criadores usaram dois estilos: o 2D e o 3D - pensado para as obras de Tarsila. No universo artístico vemos diversos quadros conhecidos, como 'A Feira', 'A Lua', 'A Gare' e outras. Até mesmo os personagens da história vieram das telas.
“Os personagens já estavam nas obras da Tarsila, dentro dessa busca dos modernistas em valorizar o brasileiro. Tem um quadro que é o ponto de partida dessa narrativa que é ‘A Cuca’, nesta obra você vê a Cuca, o Sapo Cururu, a Lagarta e o Tatu Pássaro. Eles estão todos lá em uma paisagem tropical", disse a diretora.
"A primeira vez que vimos o quadro, assimilamos que já tínhamos os personagens. Durante a pesquisa encontramos o Saci, ele estava desenhado na contracapa de uma exposição da Tarsila, Bicho Barrigudo era uma figurino de teatro e aí fomos compondo esse universo. O que nos chamou atenção foi justamente a originalidade desses personagens”, completou ela.

Falando justamente de autenticidade, Celia Catunda pontuou o que tem achando das animações internacionais. Há uns anos, tanto a Pixar quanto a Disney tem feito personagens bem parecidos entre si, até mesmo quando são seres fantásticos.
“O mundo das animações 3D internacionais eu sinto muito desgaste de formas visuais muito repetitivas, personagens muito parecidos, tanto animais quanto as pessoas. Fazer a transposição dos desenhos da Tarsila para o universo de animação 3D foi uma oportunidade de criarmos coisas mais interessantes e originais. Eu acho que é isso que estamos trazendo para as crianças.”
Nesse sentido, começamos a ver uma mudança em 'Divertida Mente', 'Soul', 'Luca' e um no mais recente lançamento da Pixar, 'Red: Crescer é uma Fera'.
Kiko Mistrorigo concordou e completou: “A concorrência internacional é terrível, os orçamentos são muito mais altos e a distribuição também. Eles ocupam a grande parte das salas. Então estamos enfrentando isso com a cultura brasileira".
"Eu acho super importante
a gente ter esse papel cultural
de fazer um cinema para crianças"
Ele, inclusive, acha que há espaço para os dois tipos de produções. Afinal, as crianças brasileiras precisam de filmes sobre a nossa cultura, não dá para ficarmos importando tudo.
"Mas eu acho que para as crianças e os pais é muito legal que o ‘Tarsilinha’ possa conviver com os outros filmes. Com isso, essas crianças vão se entender e se sentir parte desse mundo. Eu acho super importante a gente ter esse papel cultural de fazer um cinema para crianças. Certamente estamos criando cidadãos melhores que nós”.
Com vozes de Marisa Orth e Marcelo Tas, e trilha sonora de Zezinho Mutarelli e Zeca Baleiro, a animação está em cartaz nos cinemas brasileiros.
Ficou interessado em 'Tarsilinha'? Clique aqui para encontrar mais informações do filme, incluindo o trailer e onde assistir.
Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.
Jornalista de cultura e entretenimento. Já passou pelo Papelpop e UOL, escrevendo sobre cinema, música e TV, e também trabalhou com produção na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Foi redatora do Filmelier.
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